Centro de Estudos do Icict apresenta nova proposta de atuação para promoção de eventos técnico-científicos

por
Cristiane d'Avila
,
24/09/2014

Nos dias 30/9 e 1º/10, o Centro de Estudos do Icict (CEIcict) promoverá os primeiros encontros de 2014. Com eventos realizados em 2012, quando foi lançado, e 2013, o centro passou por mudanças estruturais e retoma agora as atividades sob nova coordenação, pautado por um comitê assessor e com proposta diferenciada de atuação. Distante do modelo no qual, em geral, três palestrantes falam para uma plateia de pesquisadores e alunos de pós-graduação, o novo CEIcict aposta na inovação. Para isso, foram idealizados três tipos de eventos, que acontecerão ao longo do ano, buscando integrar pesquisa, ensino e serviços.

O primeiro evento, uma sequência de seminários sobre comunicação, informação e planejamento estratégico, já indica que o CEIcict atuará na interlocução destas três áreas.  O pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde Marcel Pedroso, novo coordenador do CEIcict, em entrevista ao site do Icict, fala sobre a nova fase e a estratégia de atuação que a coordenação e o comitê assessor vão imprimir ao Centro de Estudos do Icict.

O CEIcict foi iniciado em 2012, passou por mudanças e está sendo retomado agora em 2014 sob sua coordenação. Quais as linhas de atuação do centro nessa nova fase?

Marcel Pedroso: O diretor do Icict, Umberto Trigueiros, e o vice-diretor de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Josué Laguardia, me convidaram para assumir o centro com a missão de incentivar a integração entre as áreas do instituto, para que fosse um facilitador de eventos técnico-científicos que promovessem esse diálogo entre setores. Pensei logo que não queria um modelo replicador dos centros de estudos tradicionais, com três palestrantes. Então convidei o Paulo Abílio, do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT/Icict), para ser o coordenador adjunto e começarmos a pensar em uma estratégia de atuação. Primeiro resgatamos a ideia do comitê assessor com representantes dos diversos setores do Icict, pelo qual passam as decisões do centro de estudos, a fim de captar as ideias de todas as áreas, incentivando o sentimento de pertencimento. Depois pensamos em diferentes tipos de eventos que fossem inovadores e que contribuíssem para o alcance da missão do centro.

Quais seriam esses tipos de eventos? 

Marcel Pedroso: São três tipos ou formatos de eventos. Os seminários, que vão acontecer semestralmente, em formato talk-show sobre temas de interesse e alinhados com a missão do Icict. O Hackathon, uma maratona de desenvolvimento de aplicativos e softwares bastante demandados pelo Icict, pois sabemos que o nosso Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (CTIC/Icict) não tem “pernas”, e não acredito ser sua missão principal, para atender todas as necessidades do instituto em tempo oportuno, nem profissionais para desenvolver softwares em várias tecnologias e linguagens diferentes. A proposta é que o primeiro Hackathon tenha duas modalidades, uma para games e outra para aplicativos móveis. Por fim o TEDx Icict, com palestras inspiradoras de profissionais do Icict, da Fiocruz e de fora, mas que atuem em áreas afins à missão do Icict, no formato consagrado pelo TED.

O Icict está em um momento de organização de uma oficina de planejamento estratégico, de prospecção.  Como esse modelo do centro de estudos poderá se articular com essa visão de futuro?

Marcel Pedroso: Acho que o centro pode influenciar de duas formas. Primeiro, facilitando a realização de eventos técnicos-científicos que promovam o pensamento estratégico de médio e longo prazos, com temas de interesse para o Icict, mas não apenas do nosso cotidiano de trabalho. Por isso precisamos de pautas geradas pelo comitê assessor, pois elas vão direcionar o centro para as demandas do instituto. Uma prova disso é que foi unanimidade discutir acesso aberto no primeiro seminário, tema em debate tanto na Fiocruz com fora da Fundação, e precisamos nos posicionar sobre isso política, mas também operacionalmente, com o fortalecimento do Arca, o Repositório Institucional da Fiocruz. Uma outra estratégia é dar apoio a eventos de planejamento, priorizando temas que são desafiadores e importantes para o futuro do Icict. Integramos assim ensino, pesquisa e serviços.

Essa interlocução com o serviço também se revela em seu projeto recentemente contemplado pelo Programa de Indução à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PIPDT/Icict)?

Marcel Pedroso: Sim, decidi pesquisar Big Data em Saúde e, para isso, convidei o coordenador do CTIC, Jorge Nundes, pois creio que os projetos de pesquisa que envolvem componentes de TI tendem a ter mais sucesso quando nascem integrados.

Pode falar mais sobre isso?

Marcel Pedroso: A estratégia Big Data envolve um gigantesco volume de dados em formatos diferenciados rodando em alta velocidade de processamento distribuído em máquinas remotas ou locais. Trabalha-se com análises de informações em bancos de dados estruturados (tabelas e bancos de dados mais tradicionais) e não estruturados (Twitter, Whatsapp, Facebook, Waze). De início, já conseguimos recursos e enviaremos em outubro um profissional do CTIC, Lucas Carraro, para um curso de formação para administradores do Cluster Hadoop, em São Paulo, na Cloudera, que é uma das principais instituições de fomento ao uso desse ecossistema de softwares originados de projeto open source, cujos principais componentes podem ser baixados gratuitamente. No Brasil, somente 30 pessoas têm essa certificação. O Cluster Hadoop é um conjunto de máquinas com capacidade de processamento robusta e softwares do ecossistema Big Data integrados. Já submetemos uma versão desse projeto à Faperj para a compra dessa máquina.

O que o Cluster Hadoop proporciona?

Marcel Pedroso: Com a estratégia Big Data em Saúde “rodando” nesses equipamentos, os pesquisadores, discentes e docentes do Icict terão acesso qualificado a um banco de dados gigantesco, organizado e disponível a qualquer momento, com dados do Datasus, IBGE, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), enfim, com informações estruturadas de interesse para a saúde. Terão acesso também a informações não estruturadas do Facebook, Twitter, Waze, Whatsapp, podendo cruzar essas informações e procurar padrões (data mining) e construir modelos preditivos sobre diversos temas.

Será o primeiro projeto de Big Data do Icict?

Marcel Pedroso: Sim, é um projeto piloto de Big Data do Icict. A ideia é que os pesquisadores consumam esse banco de dados e que possamos capacitar infraestrutura tecnológica e suporte em TI para essa nova abordagem de banco de dados. Hoje geramos na sociedade muita informação, e se não a tratarmos com estratégia de Big Data não é possível capturar e processar esse volume com a velocidade e as ferramentas necessárias. A informação perde valor. Por isso, um dos objetivos desse projeto PIPDT é a formação de uma equipe de referência nessas três áreas, o cientista de dados, o administrador de TI e os e desenvolvedores de novas ferramentas desse ecossistema. Isso tudo é muito novo e inovador, temos que capacitar as pessoas.

Quem usa esse ecossistema no Brasil hoje?

Marcel Pedroso: Muitas empresas usam. Os sites de compra, o Booking, o Netflix, a Amazon, o Google e suas ferramentas Google Flu, o Google Trends são exemplos clássicos de aplicações da estratégia Big Data. Podemos utilizá-la aqui para monitoramento da dengue, de desastres naturais, esperamos avançar no cruzamento de informações armazenadas em diversas bases de dados estruturados (Receita Federal, Cadastro Único, INSS, Datasus) e não estruturados (redes sociais, buscadores, etc.) para subsidiar o planejamento da rede de atenção à saúde, monitoramento e avaliação em tempo real de serviços, programas e políticas de saúde, entre outras pesquisas. Vamos poder cruzar, por exemplo, informação de um banco de dados sobre nebulização, informação do Inpe sobre material particulado na atmosfera e ver se as pessoas estão falando no Twitter ou Facebook sobre sintomas associados a poluição como tosse, falta de ar, etc. Na área da saúde no Brasil ainda não conheço nenhuma iniciativa consistente em Big Data, exceto processamento distribuído em pesquisa genômica e a modelagem matemática da dengue com o pessoal da Rede Modelagem Dengue.

Arquivos para download

Programação do Centro de Estudos do Icict 2014 - Seminários

Nos dias 30/9 e 1º/10, o Centro de Estudos do Icict (CEIcict) realizará os primeiros encontros de 2014

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Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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