Dissertações abordam jovens vivendo com HIV/Aids, meio ambiente e e-GOV

por
Graça Portela
,
26/03/2015

Segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS de 2014, do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, o número de jovens infectados conforme dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação)/MS, de 2002 a 2014, na faixa etária de 15 a 19 anos, foi de 8.199 jovens, contra 6.327 jovens entre 1980 e 2001. Já na faixa de 10 a 14 anos, entre 1980 e 2001, foram 762 jovens, já entre 2002 e 2014, saltou para 2.210 notificações. Os números podem não refletir o cotidiano real do Brasil, mas mostram que o HIV/AIDS já é uma dura realidade para a população jovem em todo o país.

A partir desta constatação, o aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), Vinícius Maurício de Lima defenderá na próxima terça-feira, 31/03, a dissertação “No Pedaço dos Jovens Vivendo com HIV e Aids, Vínculos e Sexualidade: uma etnografia em uma policlínica do Município do Rio de Janeiro”, no qual analisa discursos sobre sexualidade e práticas sexuais de jovens vivendo com HIV e Aids em uma policlínica da rede pública de saúde do município do Rio de Janeiro, o primeiro ambulatório local a realizar o atendimento de HIV/Aids.

Para desenvolver a sua pesquisa, Vinícius Lima realizou uma etnografia de julho de 2013 a dezembro de 2014, utilizando para a coleta de dados as técnicas de observação participante de atendimentos individuais e de ações coletivas da policlínica, entrevistas com jovens vivendo com HIV e Aids e profissionais, e análise de documentos da policlínica. Uma das observações de Vinícius é que o vínculo entre profissionais e pacientes se estabelecia em diferentes locais, como consultórios médicos, grupos de recepção e rodas de conversa, pelos quais transitavam os jovens e circulavam discursos relacionados à prevenção, à medicação e ao desejo dos jovens, que “permitiam compreender suas sexualidades e práticas sexuais”. Em sua conclusão, Vinícius destaca que “os jovens tinham diferentes sentidos de prevenção, de acordo com as práticas e os parceiros sexuais, e nos quais interferiam o uso da medicação e o desejo”.

A orientação é da pesquisadora e professora do PPGICS, Adriana Kelly. Na banca, estarão presentes os pesquisadores e professores Adriana Aguiar (PPGICS/Icict) e Maria Elvira Díaz Benitez, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS)/Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como suplentes, Janine Cardoso, do PPGICS, e Simone Souza Monteiro, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). A defesa será realizada às 10 horas, na sala 215 do Prédio da Expansão do Campus da Fiocruz.

A segunda defesa de dissertação do dia será a de Camille Costa Moraes, intitulada “Saúde, Meio Ambiente e Governo Eletrônico: análise dos websites oficiais voltados para as informações sobre desastres naturais no Estado do Rio de Janeiro”, orientada pelo pesquisador e professor do PPGICS, Carlos Saldanha.

As chuvas que atingiram o estado no Rio de Janeiro em 2010 e 2011 e causaram desabamentos no Morro do Bumba, em Niterói, e na região serrana do estado fluminense, mataram centenas de pessoas e desabrigaram milhares de outras, causando também graves prejuízos materiais e ambientais. A importância de serem elaboradas políticas públicas a partir de dados consistentes que possam ajudar na prevenção desses eventos extremos é fundamental, inclusive com o acesso dos cidadãos a informação disponibilizada para que possam elaborar estratégias de defesa para este tipo de desastre.

A pesquisa de Camille Moraes faz um levantamento da produção de conhecimento referente ao tema, buscando identificar o que vem sendo disponibilizado ao público pelos sites governamentais, “ao mesmo tempo em que verifica a participação da comunidade acadêmica na questão dos desastres naturais”, conforme cita em seu trabalho. Para isso, a aluna pesquisou nos websites oficiais do estado do Rio de Janeiro e de seus 92 municípios. A partir daí, em sua análise, avaliou a facilidade e clareza do acesso à informação, se o governo eletrônico – ou e-GOV – é aplicado e se as interfaces foram elaboradas para facilitar o acesso às informações. Camille também categorizou às informações encontradas, com o objetivo de “indicar os órgãos oficiais aos quais os cidadãos podem recorrer para verificar a validade de tais informações”.

Em sua análise, apesar de observar que houve um aumento na participação da comunidade científica na formulação dos dados, ela pondera que, “por parte dos governos, ainda não é satisfatório o aproveitamento do conhecimento produzido nas instituições de ensino e pesquisa”, a partir da observação e análise do baixo número de informações sobre desastres veiculadas na internet pelo poder público.

Camille Moraes conclui seu estudo destacando “a necessidade de um trabalho articulado entre as esferas de governo, além da abordagem transdisciplinar tanto para o acesso à informação eficaz quanto para a problemática dos desastres”. Sua defesa será realizada na sala 215, do Prédio da Expansão do Campus, às 13h, também na terça-feira, 31/03.

Na banca, estarão presentes Rosany Bochner (PPGICS/Icict) e Rodrigo Machado Vilani (Planejamento Regional e Gestão de Cidades, da Universidade Cândido Mendes (UCAM), que serão titulares, e como suplentes Paulo Borges (PPGICS/Icict) e Rosane Manhães Prado, dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS) e em Meio Ambiente (PPGMA) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O Prédio da Expansão do Campus, onde serão realizadas as defesas, fica na Av. Brasil, 4.036, Manguinhos. Outras informações podem ser obtidas junto à Gestão Acadêmica do Icict, pelos telefones 3882-9033, 3882-9063 e 3882-9037, ou pelo e-mail gestaoacademica@icict.fiocruz.br

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