Prêmio Jovem Pesquisador da rBLH: estratégia nutricional do Brasil cria vínculos de cooperação nacionais e internacionais

por
Cristiane d'Avila
,
18/03/2015

Os bancos de leite humano integram a política de saúde pública brasileira desde 1985. A partir de então, os resultados positivos alcançados com o aprimoramento da atenção à gestante e a recém-nascidos internados em unidades neonatais – com a consequente redução da mortalidade infantil no país – chamaram a atenção da comunidade internacional para a estratégia nutricional praticada pelo Brasil. O interesse global pelo tema ganhou força em 2001, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), coordenada pela Fiocruz, como uma das ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990.

No âmbito internacional, o reconhecimento das Agências das Nações Unidas de que a cooperação técnica internacional em Bancos de Leite Humano praticada pela Fiocruz em uma ação integrada com a Agência Brasileira de Cooperação - ABC é um exemplo de êxito na cooperação sul-sul, levou o agrônomo Alejandro Rabuffetti a assumir a horizontalidade desta cooperação como pressuposto de sua pesquisa de mestrado, defendida em agosto de 2014, no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública (PPGSP/Ensp/Fiocruz).

Coordenador Técnico da Secretaria Executiva do Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (IberBLH), localizada no Icict, Alejandro investigou a construção dos vínculos entre os participantes da cooperação técnica internacional em BLH e as possíveis relações de nexo entre os vínculos construídos e os resultados alcançados. Para isso, estudou as cooperações bilaterais entre Brasil e Argentina, Bolívia, Costa Rica, Cabo Verde e Espanha com base em projetos de cooperação bilateral, relatórios de missões técnicas, artigos científicos e demais documentos públicos veiculados pela internet, utilizados como fonte primária.

Foto: Facebook Alejandro Rabuffetti

“Os resultados revelaram que os vínculos são construídos em dois movimentos. O primeiro, entre a contraparte técnica brasileira e a referência indicada pelo Ministério da Saúde de cada um dos países cooperantes. No segundo movimento, esses vínculos são desdobrados dentro do país para outros atores que, por sua vez, constroem vínculos com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Essa reverberação dentro do país mostrou-se determinante para continuar com o processo de construção dos vínculos”, explica Alejandro.

Segundo o pesquisador, outro elemento que incidiu no processo de implantação e implementação dos BLHs foi a liderança de diferentes atores exercida nesse processo. A formalização da Cooperação Técnica Internacional, traduzida em um projeto, foi decisiva no estabelecimento do vínculo ‘Cooperar’ em função da disponibilidade de recursos para execução das atividades planejadas. Ainda, o estudo gerou a oportunidade de diferenciar os termos ‘Cooperar’ e ‘Colaborar’, usualmente utilizados como sinônimos no contexto da cooperação internacional.

“A colaboração foi caracterizada pela reciprocidade entre as partes, na qual o apoio ocorreu de forma pontual ou esporádica, mas resultando em contribuições legitimas. A cooperação, por sua vez, ocorreu de forma estruturada e consequente, na qual a relação entre as partes foi acordada e explicitada em um planejamento comum, contemplando recursos e atividades, passo indispensável para que a associação entre as partes alcance o compartilhamento de objetivos e projetos”, complementa.

Alejandro Rabuffetti não concorrerá ao 1º Prêmio Jovem Pesquisador da Rede de Bancos de Leite Humano, por estar graduado há mais de dez anos, mas sua investigação pode inspirar outros jovens a pesquisarem sobre doação de leite humano e amamentação em uma das três linhas de investigação do prêmio: “Processamento, controle de qualidade e utilização do leite humano”; “Assistência em amamentação na rBLH”; “Comunicação e informação na rBLH”.

O 1º Prêmio Jovem Pesquisador da Rede de Bancos de Leite Humano está com inscrições abertas de 1º de novembro de 2014 a 30 de março de 2015. Se você é estudante universitário ou tem até dez anos de graduação em qualquer área do conhecimento, consulte o regulamento completo e inscreva seu trabalho em www.premiorblh.icict.fiocruz.br

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