Seca em São Paulo pode deflagrar surtos de doenças na população

por
Graça Portela
,
09/10/2014

As últimas notícias sobre o racionamento de água no estado do São Paulo apontam que no dia 8/10, 35 municípios paulistas haviam decretado racionamento de água, medida que já atinge 3,8 milhões de pessoas. Enquanto a Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo nega que esteja havendo racionamento, pesquisadores do Observatório Nacional de Clima e Saúde, do Icict, preocupam-se com a qualidade da água vinda dos chamados “volumes mortos”, que está sendo bombeada para as torneiras dos paulistas, e sobre como a população está armazenando a água.

O coordenador do Observatório e chefe do Laboratório de Informação e Saúde (Lis/Icict), Christovam Barcellos, teme sobre os riscos desse desastre climático – uma seca muito prolongada – sobre a saúde da população.

Christovam Barcellos participou na última quarta-feira (8/10) do seminário “Mudanças climáticas e desastres no Brasil - desafios para a segurança humana e a saúde coletiva”, do Centro de Estudos Miguel Murat, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), com a pesquisadora Norma Valencio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Sob o ponto de vista do Observatório Clima e Saúde, o que representa a falta de água que está assolando São Paulo?

São Paulo e boa parte da região Sudeste está passando por um grande período de seca, que vem se arrastando por alguns meses. Tivemos um verão atípico, com poucas chuvas, que não foram suficientes para repor as águas dos reservatórios. A metrópole de São Paulo tem, no momento, menos reservas de água do que seria necessário para garantir o abastecimento de qualidade para todos os moradores. Apesar dos indícios desta seca, a cidade não estava preparada para uma crise de água.

Que efeitos essa falta de água, que está atingindo quase todos os grandes mananciais do estado de SP, pode acarretar à saúde da população?

Num momento de crise de água e interrupção do abastecimento, as pessoas procuram soluções alternativas. Procuram água em poços desativados, reservam água em recipientes improvisados, compram galões de água de qualidade duvidosa, entre outros improvisos. Por outro lado, a companhia de saneamento tem dificuldades cada vez maiores no tratamento adequado da água da reserva técnica ('volume morto') dos reservatórios, que é mais turva e mais contaminada, Todas estas alternativas podem ter consequências negativas para a saúde.

Que riscos a população está correndo?

É muito importante neste momento monitorar a qualidade da água que está sendo consumida pela população, não só a água distribuída pela Sabesp, mas também destas outras fontes improvisadas, como os galões e poços. Também é necessário reforçar o sistema de vigilância epidemiológica para detectar surtos de doenças como a hepatite A, diarreias e dengue para poder atuar nas condições de risco.

O que a população deve fazer?

A população pode ajudar relatando problemas de abastecimento, garrafões suspeitos com água turva e com mal cheiro e surtos de doenças na sua vizinhança. Além disso, deve ajudar a poupar água, usando para as necessidades essenciais de higiene e consumo. 

Foto: Graça Portela / Ascom / Icict

 

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Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

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