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A ESPIRAL DO SILÊNCIO
A Espiral do Silêncio, conceito da Comunicação Social criado na década de 1970 por Elisabeth Noelle-Neumann, cientista política alemã, explica como dinâmicas sociais moldam a expressão de opiniões. Dois construtos psicológicos são centrais: a ameaça e o medo do isolamento. Esses fatores levam indivíduos a silenciar suas opiniões para evitar rejeição. Grupos de referência influenciam o público anônimo, e, como dito, um indivíduo numa multidão sente um poder invencível, cedendo a instintos que, isolado, refrearia.
A manipulação da opinião é fundamental. Noelle-Neumann aponta que a manipulação é um jogo de aparências, onde o público parece decidir, mas o poder está em pequenos círculos. O medo do isolamento faz indivíduos monitorarem o ambiente social, pois o esforço de observar é menor que o custo de perder a aceitação, sendo rejeitado ou isolado. Isso gera autocensura, especialmente em minorias, criando a espiral do silêncio que reforça opiniões majoritárias.
O conformismo assegura a coesão grupal. Grupos tentam reintegrar “desviantes”, mas podem excluí-los. Noelle-Neumann e Peterson (2004) comparam isso aos “pelourinhos” públicos, onde a opinião pública julga sem defesa. Essa dinâmica cria um clima de opinião falso, alimentado por evasão e aversão ao isolamento, gerando ignorância pluralista, quando indivíduos presumem erradamente que suas opiniões são minoritárias. A desindividualização é evidente nas praxes organizacionais, que inferiorizam alguns e os igualam, descaracterizando-os. Essas práticas criam conformismo e suprimem a crítica. O ostracismo social, intencional, reforça climas de silêncio, desencorajando dissidências.
Nas organizações, estruturas hierárquicas e práticas gerenciais criam climas de silêncio, onde expressar ideias parece perigoso. Medos de retaliação ou estagnação na carreira levam a retenção de sugestões. Morrison e Milliken (2003) alertam que isso prejudica decisões e causa insatisfação. Grupos intensificam o silêncio, sentindo-se invulneráveis e estereotipando opositores. Janis (1972) descreve a autocensura e a ilusão de unanimidade, como no Paradoxo de Abilene, onde se aceita um falso consenso. O experimento de Ron Jones (1967), A Onda, mostrou como a disciplina grupal leva ao conformismo, ecoando dinâmicas autoritárias. Portanto, a Espiral do Silêncio revela como medo, conformismo e desindividualização moldam comportamentos. Na opinião pública, praxes ou organizações, a voz individual é frágil ante normas coletivas, dificultando espaços para dissidência e crítica.
Referências
NOELLE-NEUMAN, E. A espiral do silêncio: opinião pública - nosso tecido social.
Florianópolis: Estudos Nacionais, 2017.
WAINBERG, J. A. Silêncio e a Comunicação Dissidente. Revista ECO PÓS, Rio de
Janeiro, v. 20, n. 1, p. 195-214, 2017
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