ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Com as reuniões dos fóruns paralelos, foi dada a partida, nesse domingo (28/10), ao XIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (Enancib), que se realiza no Centro de Convenções do Sul-América, no Rio de Janeiro.

O evento tinha, até às 15 horas do domingo, quase 700 inscritos e a organização aguardava ainda por aqueles que chegariam próximo ao horário da sessão de abertura do Encontro, que seria às 17 horas. Pelos corredores do Centro de Convenções, vários sotaques eram ouvidos.

A equipe do site do Icict acompanhou alguns desses fóruns, que ocorreram no segundo pavimento do Centro de Convenções. No Fórum dos Editores Científicos de Publicações em Ciência da Informação e Áreas Afins, a coordenadora Marlene Oliveira disse que "o evento foi um diálogo rico entre os diretores, que abordaram as dificuldades encontradas e as sugestões a serem implementadas". Da reunião, dentre outras novidades, foi dada a sugestão de se encarar o plágio de trabalhos científicos com uma nova arma: "foi sugerido o uso do software livre, brasileiro, "Plágio", para o reconhecimento dos plágios em artigos", explicou Marlene Oliveira.

A presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Ancib) e coordenadora do Fórum dos Coordenadores de Pós-Graduação, Isa Freire, destacou as mensagens dos representantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que trouxeram o apoio do governo federal ao fomento das pesquisas e pós-graduações em CI. Segundo Isa Freira, "haverá um aumento de recursos e bolsas de produtividade de pesquisa - as chamadas bolsas Pq para a área". Outra novidade apresentada pela coordenadora foi o incentivo a formações de parcerias com outras instituições acadêmicas até de fora do Brasil: "há uma ideia de fortalecimento da área com a formação de aliança com instituições estrangeiras", comemorou.

Já no Fórum dos Coordenadores dos Grupos de Trabalho da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Ancib), foi feita a avaliação de todo o processo seletivo dos trabalhos apresentados no Enancib. Segundo a coordenadora Silvana Vidotti, "dos 480 trabalhos submetidos, 245 foram aprovados para apresentação oral e 70 para os pôsteres. Teremos quase 100 trabalhos apresentados por dia de evento esse ano", comemora. Com o crescimento, uma nova ferramenta ajudará no cadastramento dos trabalhos do próximo Encontro, como explica: "Utilizaremos um novo sistema aberto para a gestão de eventos - o Open Conference System - OCS."

Após os fóruns foi realizada a abertura do evento, composta pelo diretor do Icict, Umberto Trigueiros; a representante da presidência da Fiocruz, a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade; a presidente da Ancib, Isa Freire; a coordenadora do XIII Enancib, Cristina Guimarães, também do Icict; e a coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde - PPGICS, do Icict, Inesita Soares de Araújo.

Umberto Trigueiros entregou à professora e pesquisadora do Icict e ex-diretora da unidade, Ilma Noronha, uma placa de homenagem pelo seu esforço em criar os cursos de pós-graduação do Instituto. Emocionada, Ilma Noronha, falou que "a criação desses cursos é fruto de um trabalho cooperativo que nos fez chegar ao Enancib." Ela destacou ainda a importância de se abordar a comunicação e a informação, uma vez que "mais de 50% da informação produzida no mundo foi na área de saúde." Dentre os homenageados estavam o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a pesquisadora Cristina Guimarães e a graduação em Biblioteconomia na modalidade à distância, uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Sistema CFB/CRB, respectivamente, Conselhos Federal e Regionais de Biblioteconomia.

A palestra de abertura

O momento mais esperado do dia foi a palestra 'Conocimento, innovación e inclusión social. Potencialidades y limites de la sociedad en red', realizada pela pesquisadora uruguaia Judith Sutz. Ela falou sobre a necessidade de se veicular o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Informação (CTI) à inclusão social e defendeu a capacidade humana de se inovar em condições escassas. Ela sugeriu que para valer a pena "armar uma gôndola de problemas de inclusão social é necessário vontade para usar a informação como orientação das agendas de investigação e inovação. Transformando políticas de investigação e de inovação em políticas sociais." Outra sugestão em sua palestra, foi que "para que essa gôndola se encha de problemas de inclusão social é necessário que o conjunto de atores e políticas sociais identifiquem os problemas de exclusão social, que requerem investigação acadêmica como parte de sua solução - ou seja, políticas sociais como políticas de investigação e inovação."

Judith Sutz levantou várias questões a serem consideradas sobre o tema. A última delas foi como opera a sociedade em rede nos enfoques sobre as relações entre CI e inclusão social, que seriam a perspectiva de desenvolvimento econômico, as orientações do estado de bem-estar social, a ênfase "desde abaixo" e a busca de uma agenda ampliada para CI. Sua sugestão foi que "as enormes assimetrías de poder presentes na sociedade em rede limitam os espaços para que qualquer desses quatro enfoques se desdobrem" e que "as dificuldades de coordenação da rede tendem, também, a isolar cada enfoque, quando não a opo-los, em vez de permitir sua potencialização recíproca". Mas, Judith Sutz acredita que a sociedade em rede "tem infinitas interseções de onde se conjugam criatividade e solidariedade e o desafio é justamente fazê-los crescer."