Na segunda-feira, 27/07, a aluna Vanessa Melo do Amaral, do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), do Icict, defendeu a sua dissertação de mestrado “Mídia e risco à saúde: o caso dos emagrecedores”.
Orientada por Josué Laguardia, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde (Lis), vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Icict, e co-orientada por Janine Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces), ambos professores do PPGICS, Vanessa Amaral analisou como os sentidos sobre risco foram construídos pelos jornais diários durante a cobertura noticiosa da controvérsia relativa aos inibidores de apetite – Femproporex, Anfepramona, Mazindol e Sibutramina –, considerando a proibição dos três primeiros (à base de anfetamina) em 2010 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) e a ampliação das restrições ao último, seguida da anulação da resolução da Anvisa pelo Congresso Nacional em 2014. Para isso, ela estudou 25 notícias produzidas nos anos de 2011 e 2014, comparando “os discursos veiculados para identificar as vozes contempladas, os modos de dizer e as redes de sentido mobilizadas”.
A conclusão de seu trabalho apresentada à banca foi que “os resultados apontam para uma linearidade na forma como a imprensa escrita enquadra a controvérsia dos emagrecedores: como uma questão ‘política’ e não científica; sem aprofundar as discussões epidemiológicas relativas ao perfil de segurança/risco dos medicamentos; a partir da polarização do debate entre favoráveis e contrários à proibição dos emagrecedores; por meio da valorização da voz de experts e fontes institucionais em detrimento do ‘doente’ e do público leigo; a partir de um olhar que demoniza a obesidade e postula a necessidade de tratá-la com todas as alternativas terapêuticas disponíveis. O discurso do risco está presente na maioria dos textos, mas não assume o centro da cena discursiva, dando lugar a uma cobertura ‘política’ que privilegia os conflitos de interesse entre os atores envolvidos, os embates travados com a autoridade sanitária e as contradições do processo. As controvérsias científicas relacionadas ao risco de utilização dos emagrecedores restam suprimidas do debate midiático.”