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A abertura do ano letivo no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict) da Fiocruz reuniu, na manhã do dia 16 de março, a comunidade científica, pesquisadores, alunos e professores em torno da discussão sobre o aquecimento global. Para provocar a reflexão dos participantes, o encontro começou com a apresentação do documentário “Uma verdade inconveniente”, protagonizado por Al Gore e dirigido por Davis Guggenheim. Ao final da sessão, a platéia participou de uma roda de debate que teve o deputado federal Fernando Gabeira como convidado especial.
O deputado falou sobre seu projeto recém encaminhado para a câmara, em que defende a criação de uma política nacional de mudanças climáticas. Dentre as ações propostas pelo documento, está a divulgação do inventário das emissões de gases poluentes no Brasil, medida que facilitaria o planejamento de ações de redução e até prevenção de acidentes ambientais.
Durante sua fala, Gabeira tramou a relação entre aquecimento global e saúde, alertando para o aumento do número de casos de malária, na Amazônia, e o surto de dengue, no Mato Grosso, provocados pelo desequilíbrio ecológico em um mundo super aquecido. “Com o verão cada vez mais longo, a epidemia de dengue, comum nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro; está se estendendo para os outros meses do ano. Isso é um alerta de como a saúde deve participar e interferir nas questões de aquecimento global”, afirmou.
Gabeira expôs sua visão sobre o papel da mídia, que traz notoriedade à crise do aquecimento, mas ressaltou que cabe à sociedade executar ações capazes de impedir que a situação se agrave: “As cidades sustentáveis, o uso de energia solar e de carros elétricos, a economia da água são medidas que podemos adotar. Além disso, o cenário brasileiro aponta que, cada vez mais, nós exportaremos grãos, energia e álcool combustível. Porém, o que não podemos perder de vista é que toda vez que exportamos álcool, estamos exportando junto água potável - necessária para a produção - e cada dia mais escassa no mundo”, alerta o deputado.
Além de Gabeira, a mesa de debate foi composta pelo jornalista e Vice-diretor de Comunicação e Informação Científica do Icict, Umberto Trigueiros, o chefe do Laboratório de Informação em Saúde do Icict, Christovam Barcellos, a coordenadora de ensino da unidade, Inesita Araújo, e a diretora Ilma Noronha.
Umberto Trigueiros classificou quatro problemas principais que o aquecimento global traz para a saúde da população: a expansão de doenças transmissíveis endêmicas, como dengue e malária, problemas nutricionais pela escassez de recursos naturais, as doenças respiratórias pela falta de qualidade do ar e - o que Umberto chamou de traumas - acidentes causados por tufões, furacões e outros fenômenos naturais causados pela variação climática. O vice-diretor também explanou sobre a mudança no pensamento científico que passou de uma linha positivista para a racionalização da ciência, e hoje aponta o ser humano como causador e vítima do aquecimento global: “Até meados da década de 1950, o meio ambiente era apontado pelos cientistas como o causador de determinadas doenças, não o próprio homem em contato com seu meio”, lembrou.
O outro palestrante, Christovam Barcellos, disse que o aquecimento global deve ter destaque na sociedade devido a sua gravidade, mas que diante de problemas como a onda de violência no país é muito difícil manter o assunto nas primeiras páginas dos jornais. No encerramento, a coordenadora de ensino agradeceu a platéia pela presença e se mostrou muito satisfeita por começar mais um ano letivo na Fiocruz.
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