Encontro de Bibliotecários da Fiocruz tem saldo positivo

por
Luiza Silva
,
01/10/2007

O VIII Encontro de Bibliotecários da Fiocruz e V Encontro da Rede de Bibliotecas da Fiocruz, que aconteceu de 24 a 28 de setembro, deixou saldo positivo. O balanço é da plenária de encerramento realizada na tarde de sexta, após uma semana de minicursos, palestras, reuniões e mesas redondas. Foram discutidas as atribuições de cada unidade da Rede para a construção do Portal BVS Fiocruz, os principais desafios e esforços institucionais para ampliar o acesso não só à informação científica e técnica em saúde, mas também a recursos e serviços via redes eletrônicas. Ainda durante o evento, foi realizada a  reunião técnica entre os chefes das Bibliotecas e o Comitê de Usuários, integrado pelos coordenadores das pós-graduações da Fiocruz.

Segunda-feira, abertura
A mesa de abertura, presidida pela coordenadora geral do evento e diretora do Icict, Ilma Noronha, contou com a presença do vice-diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Paulo Roberto Elian dos Santos, e do diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, André Malhão. Para o representante da COC, a Rede de Bibliotecas da Fiocruz já atende, com sucesso, os usuários internos e sociedade em geral, mas continua avançando através de um trabalho cooperativo que respeita diferenças e merece fortalecimento. Já André Malhão defendeu a informação e comunicação como finalísticas na Fiocruz, essenciais para a democratização da informação em saúde e mesmo para a globalização includente - referindo-se às dificuldades de cooperação com os Palops - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Ilma Noronha agradeceu o reconhecimento do trabalho do Icict na coordenação da Rede, e apresentou a memória sobre bibliotecas da instituição. A história começa com a reunião de estudos convocada semanalmente por Oswaldo Cruz que originou a Biblioteca de Manguinhos, hoje Biblioteca de Ciências Biomédicas. Para ela, a posterior criação do IFF e, na década de 1950, da ENSP, com suas respectivas bibliotecas, colaborou para a formar com qualidade gerações de profissionais ligados à Saúde. Ilma ofereceu uma panorâmica histórica dos principais eventos da área nas décadas seguintes até 2005, quando foi proposta a reconfiguração da Rede no âmbito da Adequação da Estrutura Organizacional da Fiocruz, e o Icict assume a Coordenação Técnica da Rede e investe nas suas ações.

De lá para cá, a Coordenação teria buscado construir, conjuntamente, o que Ilma chamou de “uma nova biblioteca”: um espaço do conhecimento, do aprendizado, afinado com o movimento do acesso livre e com as demandas em transformação dos usuários. “Uma biblioteca é um lugar das idéias, que ligam pessoas, que se ligam a outras idéias”, disse a diretora, afirmando que para  reinventá-lo é preciso entendê-lo como ecologia de pessoas, ideais e conhecimento, gerador de bem estar para o usuário e para o profissional da informação.

A palestra de Maria de Fátima Martins, Mestre em Ciência da Informação pelo Ibict/Universidade Federal Fluminense- UFF e chefe da Biblioteca de Saúde Pública, fechou a manhã do primeiro dia. Fátima apresentou o tema “Uso do Portal Capes na área biomédica: estudo de caso de assimilação”, com base em sua pesquisa junto a 35 doutores da área biomédica do CCS - Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O trabalho avaliava a ocorrência de “incidentes críticos”, ou seja, qualquer interação, satisfatória ou não, entre o pesquisador e o Portal Capes, e apontou um maior  impacto dos periódicos eletrônicos sobre a produção científica. Na interação com a audiência, surgiram sugestões aplicáveis ao contexto Fiocruz, como oferecimento de disciplina optativa sobre Portal de Periódicos da Capes nas pós–graduações.

Durante a tarde,  o evento ofereceu uma agenda extensiva sobre cobertura, busca, funcionalidades e personalização de bases, com treinamento em alternativas como Science Direct, Ebsconet e EbscoHost e Scopus.

Terça: Comut em pauta
No segundo dia do evento, a palestra-aula “Programa de Comutação Bibliográfica – Comut: considerações sobre o novo modelo”, com Rogério Henrique de Araújo Júnior, gerente do Programa de Comutação Bibliográfica - Comut, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) destacou o papel estratégico do programa e a possibilidade de parceria com a Fiocruz em projetos como o “Comut Saber” e “Pesquisa da escola à universidade”. À tarde, a comutação bibliográfica continuou na pauta com o treinamento ministrado por Ideliza Araújo, monitora operacional do Comut/Ibict.

Quarta: Reunião Técnica
Durante toda a quarta, 26, uma reunião técnica entre chefes de bibliotecas e o  Comitê de Usuários Institucionais, integrado pelos coordenadores de pós-graduações das unidades da Fiocruz, cobriu uma pauta variada, com destaque para a segurança dos acervos: foi recomendada a aquisição, prevista no Plano de Objetivos e Metas – POM 2008 de cada unidade, de câmaras e de um sistema eletrônico para controlar a entrada e saída de obras para empréstimo. Foram discutidas a participação de cada biblioteca na BVS Fiocruz, e a atualização da página da Rede, com padronizações da informação e revisões de nomes por área temática.

Outras sugestões, como um mapeamento de competências do pessoal da Rede, e um estudo de usuários – que deverá ser contratado a um empresa – foram apresentadas, bem como listar e embalar duplicatas, em cada biblioteca, para envio conjunto à África. Duas coordenações de pós-graduação trouxeram listas de sugestões para aquisição de periódicos científicos internacionais. Reciis, primeiro periódico eletrônico bilíngüe  da Fiocruz editado pelo Icict, foi lembrado para consulta e divulgação na Rede, cuja próxima reunião técnica deve acontecer dia 12 de março, em Farmanguinhos, e depois trimestralmente (junho, setembro e dezembro) em locais ainda não definidos.

Quinta-feira: uma tarde pela preservação
Na quinta, 27, as atividades começaram à tarde com a palestra da bibliotecária especialista em Saúde do Trabalhador e em Preservação de Acervos, Marilene Fragas, sobre a história, serviços, ações imediatas e visão de futuro do Laboratório de Preservação do Acervo Bibliográfico para a Rede de Bibliotecas, localizado no Pavilhão Haity Moussatché. Marilene discorreu sobre os problemas  e soluções para a manutenção do acervo na Biblioteca de Ciências Biomédicas, como a barreira química para evitar os cupins presentes no terreno circundante. Dado o investimento anual de quatro milhões de reais da Fiocruz em acervo, Marilene sugeriu o trabalho conjunto por um Planejamento de Preservação, e a inserção no POM de verbas para restauro emergencial e para compra de termo-higrômetros para todas as bibliotecas. A bibliotecária anunciou que a Biomédicas tem um diagnóstico por item do estado de conservação de todas as coleções, e a meta é fazer o mesmo para todas as bibliotecas.

O tema também esteve presente na palestra “A relação entre o binômio preservação e acesso e a política de preservação de acervos bibliográficos da Fiocruz”, de Solange Zuñiga, que elogiou o exemplo da Fiocruz. Doutora em Ciência da Informação pelo Ibict e presidente da Associação Brasileira de Conservadores–Restauradores de Bens Culturais-Abracor, Zuñiga apresentou o histórico da preservação como política pública, até o IPHAN, fazendo contraponto com a atuação da iniciativa privada, como as da FundaçãoVitae, que encerrou atividaes em 2005. A pesquisadora fez umlevantamento das diferentes correntes dedicadas à preservação e conservação, apontando a tendência de priorizar ações de restauro levando em conta não apenas a unicidade de uma peça, mas o quanto ela é utilizada. Zuñiga concluiu que, apesar dos editais oferecidos atualmente por entidades como BNDES e Petrobras, falta cobrar do Estado uma política mais consistente quanto à infra-estrutura, cooperação institucional e valorização de recursos humanos.

Sexta: buscando imagens, dados e propostas
No último dia do evento, "Indexação de Imagens" foi o tema da apresentação de Rosa Inês Novais Cordeiro, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professora da Universidade Federal Fluminense. Rosa apresentou a evolução do processo de indexação especificamente dedicado à imagem, e apresentou tendências recentes. “O debate hoje já passou do ponto das primeiras impressões do indexador para como restringir o seu olhar interpretativo através de critérios balizadores”, afirmou, garantindo que a base para defini-los é sempre a literatura específica. É preciso ter em mente que o indexador tem um comportamento diferente daquele do usuário: “Categorias de indexação não são, necessariamente, as mesmas de busca”, explicou. A idéia é respeitar as linguagens próprias das áreas com as quais o usuário talvez esteja mais familiarizado, reduzindo o hiato entre a indexação e a recuperação.

Durante a maior parte da apresentação, Rosa Inês usou como exemplo o filme, por conta de sua complexidade de imagem em movimento e que pode, também, ter som. O importante, segundo ela, é preferir o próprio objeto como fonte de indexação, evitando sinopses, resenhas, material promocional etc. Entre as tendências para indexar imagens e recuperar estas informações, há a possibilidade de substituir a descrição em palavras por uma ou mais seqüências fílmicas relevantes, destacando, sempre que possível, um corte que dê uma idéia geral da trama. Para finalizar, Rosa Inês exibiu um dos três filmes que vem usando em sua pesquisa sobre novas metodologias de indexação.

À tarde, Jussara Long, especialista em Biblioteconomia em Saúde Pública e Atenção Médica pela Organização Panamericana de Saúde, fez uma apresentação sobre o Portal BVS Fiocruz. Depois de recapitular ações de integração das bibliotecas da Fiocruz, Jussara - que é coordenadora do Projeto BVS - mostrou como o Portal pode potencializar a integração das bibliotecas da Fiocruz e melhorar os serviços para os usuários. O Portal será alimentado com informações de toda a Rede, e o usuário encontrará o que procura com uma ferramenta de busca unificada, independente de onde esteja a informação. Após a exposição, bibliotecários fizeram perguntas sobre seções específicas, como a inclusão ou não do CV Lattes dos  trabalhadores da Rede  no espaço “Quem é Quem na Fiocruz”.

A plenária de encerramento, conduzida por Ilma Noronha, foi aberta pela relatoria de  Segemar Oliveira Magalhães, da Biblioteca do Centro de Pesquisa René Rachou (MG).

 

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