A segunda parte da pesquisa nacional estimou o número de usuários de crack e/ou similares. Para isso, os pesquisadores da Fiocruz utilizaram a metodologia Network Scale-up Method (NSUM), propícia para mensurar o tamanho das populações de difícil acesso, como é a dos usuários de droga.
Diferentemente da primeira metodologia que foi aplicada nas cenas de uso do crack, essa foi desenvolvida diretamente nos domicílios, com a população em geral, buscando estimativas de tamanhos populacionais, valendo-se de informações das redes de contatos daqueles que respondem as pesquisas realizadas. As perguntas levam em consideração que todos têm a chance de conhecer alguém de uma dada subpopulação e o tamanho da rede de contatos é constante; além disso, que todos conhecem bem o comportamento daqueles que integram a sua rede de contatos.
Não foi considerada, para efeitos estatísticos, o consumo de maconha, pois o seu consumo tem pequena ou nenhuma associação com a infecção por doenças de transmissão sexual e/ou sanguínea, conforme a orientação contida no documento intitulado CODAR – Consumidores de Drogas de Alto Risco, emitido pela OPAS – Organização Panamericana de Saúde.
Assim sendo, foi possível avaliar que o consumo de crack e/ou similares - somando todas as capitais e o Distrito Federal – atinge a 0,81% da população dessas cidades, o que representaria cerca de 370 mil usuários regulares.
O estudo revela que, embora a percepção geral seja a de que na região sudeste, especificamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, o consumo do crack seja maior, a realidade mostra que as regiões nordeste e sul, respectivamente com 1,29% e 1,05%, têm a maior proporção de consumo da droga, enquanto o menor consumo é justamente na região sudeste, com 0,56%.
O que a pesquisa coordenada por Francisco Bastos e Neilane Bertoni mostra é que a droga mais consumida no país não é o crack. A proporção estimada da população dessas 26 cidades e o Distrito Federal que referiu o uso de drogas ilícitas (com exceção da maconha) foi de 2,28%, o que representa em números absolutos mais de um milhão de pessoas no Brasil (1.035.291).
Em algumas regiões a diferença de consumo entre o crack e/ou similares e as demais drogas ilícitas variam de quase 20% a mais de 50%, como é o caso da região centro-oeste, onde o consumo de drogas ilícitas é de 2,07% da população contra o consumo de crack de 0,98%; ou a região sul, onde o crack representa 1,05% de consumo contra 2,03% para as drogas ilícitas, o que significa uma diferença de 52%.
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