Uma pesquisa para verificar a prevalência de HIV nas gestantes foi realizada pelo Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict/Fiocruz) em parceria com o Programa Nacional de DST e Aids e do Programa Conjunto das Nações Unidas para a Aids (Unaids). O estudo, chamado Sentinela Parturiente, revela que a maioria das brasileiras grávidas comparece a pelo menos uma consulta pré-natal, porém, nem todas fazem o teste do HIV. A pesquisa também verifica o acesso ao teste, recomendado pelo Ministério da Saúde durante o pré-natal, para reduzir as chances da mãe infectar o bebê com o vírus.
Os dados apontam que 96% das brasileiras fazem o pré-natal e, no entanto, somente 62% delas têm acesso ao teste do HIV durante as consultas. A região nordeste é a que menos tem acesso, cerca de 31% das gestantes sendo testadas. Em seguida vem a região norte, com 35%; a região sudeste, 76%; e o sul do país com 78%. O centro-oeste aparece no estudo com a melhor taxa de testagem: 84% das gestantes são submetidas ao teste do HIV.
Para a coordenadora do estudo e pesquisadora do Cict, Célia Landmann Szwarcwald, a pesquisa serve de alerta, já que a maioria das causas de infecção por HIV entre crianças menores de 12 anos é a transmissão da mãe soropositiva para o bebê durante a gestação, parto ou mesmo na amamentação: “Quando a mulher identifica a soropositividade durante a gravidez, as chances de evitar a transmissão para o bebê é quase zero se assistida por um médico e seguindo o tratamento. Além disso, quando a mulher não tem o vírus, ela pode aprender como continuar a se proteger do HIV por meio do aconselhamento após o teste – comenta a coordenadora do estudo.
Atualmente, a estimativa é que aproximadamente 240 mil mulheres em idade reprodutiva tenham o vírus da Aids e que a maior parte não sabe que é soropositiva. A iniciativa do Ministério da Saúde de introduzir o teste durante o pré-natal já reduziu significativamente a taxa de transmissão vertical do HIV (ou seja, de mãe para filho). Hoje, a média nacional aponta que apenas 3% das mães soropositivas transmitem o vírus para seus filhos. Porém, as regiões norte e nordeste ainda possuem altos números de transmissão vertical (12% e 15% respectivamente) por conta da baixa testagem do HIV nas gestantes.
O projeto Sentinela Parturiente é aplicado a cada dois anos desde 2002. O estudo inclui entrevistas com parturientes para obter informações sobre grau de escolaridade, se o médico solicitou o teste do HIV no pré-natal e se o resultado do exame foi recebido antes do parto. A análise de 2006 está em andamento e os dados já estão sendo coletados.