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Entrevista de Wagner Martins

por
Cristiane d'Ávila
,
27/04/2012

Como começou a Rede Brasileira de Prospectiva Estratégica?

A rede começa a partir de um processo que a Fiocruz desencadeou trazendo ao Brasil o Michel Godet, que é a maior referência internacional em prospectiva estratégica, um elemento de construção de visão de futuro compartilhada. Naquela ocasião, mobilizamos para o simpósio na Fiocruz várias instituições públicas e privadas e fizemos uma réplica do evento na Fiocruz Brasília, também com a participação do Godet, só que mais focado na utilização da prospectiva estratégica para as políticas públicas. Pensamos então no que poderia ser feito no país a fim de popularizar essa abordagem do pensamento de longo prazo.

Quais os resultados práticos destes encontros?

Os simpósios resultaram em três propostas: a realização deste encontro que fazemos agora para a consolidação da RBP, a realização de um curso de especialização lato sensu e a criação da Escola Brasileira de Planejamento de Longo Prazo.

Como será esse curso?

Já estamos em processo de aprovação desse curso no conselho da Escola de Governo da Fiocruz. Ele será implementado em parceria com a Universidade de Brasília e a Escola Nacional de Saúde Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). Esperamos lança-lo em agosto próximo. A proposta é conjugar ensino a distância com presencial e focar em profissionais de órgãos públicos.

Há quanto tempo o conceito de prospceção estratégica vem sendo utilizado por instituições brasileiras?

Estamos em um processo de construção desta abordagem dentro das organizações. Temos alguns exemplos, como a Embrapa, o Banco do Brasil, vários órgãos federais que vêm atuando nesta direção, mesclando conceitos da escola norte-americana e da escola francesa de prospectiva estratégica. Nossa intensão é constituir uma escola brasileira, e adaptar esses métodos à nossa realidade. A escola americana é muito focada no uso dos especialistas no tema como formuladores de cenários, está mais condicionada a um processo de tecnificação. A escola francesa, além do rigor técnico, insere a mobilização social. Esta escola faz
a prospectiva, olha o futuro, faz os cenários para que haja um aprendizado do grupo que foi mobilizado para a produção deste cenário. A intensão é que o futuro seja apropriado e construído no presente.

Temos um cenário para isso no Brasil?

Sim, e para nós ter uma metodologia de planejamento de longo prazo adaptada à nossa cultura é muito importante. A ideia de envolver atores sociais que participam do jogo político é fundamental para a constituição de uma articulação que possa levar a um futuro desejado. O cenário entra como instrumento para a construção de uma visão de futuro compartilhada. E com isso a motivação, a mobilização e o aprendizado vão sendo desenvolvidos na sociedade.

Como a Fiocruz, instituição coordenadora da RBP , insere a saúde púbica nesse contexto?

Por exemplo, o pesquisador Marco Aurélio Krieger, em sua palestra "Biologia Sintética", mostrou como o desenvolvimento tecnológico na área da saúde pode produzir mudanças significativas no rumo da sociedade. Nós podemos, com base na tecnologia da saúde, fazer uma grande ruptura na trajetória da sociedade. A Fiocruz está desde 2010 introduzindo o processo de pensar no longo prazo. Nós fizemos uma parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República que financiou o projeto da Agenda da Saúde 2022-2030, que tem duas vertentes. Uma, com especialistas em temas da saúde produzindo artigos que instigarão o pensar prospectivo. A segunda vertente é a utilização da prospectiva estratégica no sistema de planejamento da Fiocruz. Fizemos um primeiro projeto de construção do cenário para o complexo industrial da saúde. Esse projeto já está pronto, foi executado e está na presidência da Fiocruz, que apresentará à sociedade como a Fiocruz vê esse campo no futuro. Vamos iniciar outro projeto na área da pesquisa e pós-graduação em ciência e tecnologia e inserir no sistema de planejamento nessa dinâmica, ou seja, envolver as unidades da Fiocruz na constituição de cenários prospectivos que possam orientar o planejamento de médio prazo.

O que representa a presença da Fiocruz nesta rede?

A Fiocruz tem mobilizado suas estruturas e feito um papel de dinamizadora, de integradora e catalizadora de forças, ideias e projetos que estão na RBP. Temos mais de 70 participantes de diversos segmentos dos setores públicos e privados que fazem parte da rede, que a cada dia vai se adensando. Estamos há um ano do simpósio que deu início à rede. A ideia é capacitar gente e gerar massa crítica para que possamos impulsinar uma escola brasileira de pensamento em prospectiva estratégica. Além disso, a Fiocruz é a instituição participante mais antiga, faremos 112 anos em maio, temos uma história bastante rica e fôlogo para atuar com olhos no futuro, pois temos muita capilaridade e credibilidade. A saúde e a qualidade de vida tem uma centralidade muito grande hoje para a sociedade. Portanto, no momento em que se coloca como instituição estratégica de estado ela tem o papel de impulsionar essa mobilização. Somos participamos do processo produtivo de insumos estratégicos para a saúde, uma área extremamente competitiva. Se não olharmos à frente, ficará difícil mobilizarmos recursos. Como estamos em uma dinâmica de busca de sustentabilidade do Sistema Único de Saúde, precisamos pensar na nossa capacidade de produzir insumos estratégicos, de gerar conhecimento, de atuar junto à sociedade na busca do desenvolvimento sustentável ambientalmente, economicamente justo e humanamente comprometido. A Fiocruz tem potencial para adotar esse modelo de desenvolvimento e motivar as organizações que participam da RBP.

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Para saber mais

Rede Brasileira de Prospectiva [6]

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