Nesta quarta-feira (15/6), o professor Paul Zandbergen, da Universidade do Novo México, ministrou a palestra "Georreferenciamento de dados de saúde: precisão e sigilo de dados", por iniciativa do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict). Ele focou a apresentação nas técnicas de georreferenciamento, na qualidade dos dados obtidos com essas técnicas e nas questões éticas implicadas na divulgação dos dados produzidos sobre o indivíduo.
No início do encontro, Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Saúde e Ambiente e vice-diretor de Ensino e Pesquisa do (Icict/Fiocruz) chamou a atenção para alguns problemas enfrentados no Brasil. Um deles diz respeito à falta de padronização da base cartográfica nos municípios. “Alguns nem possuem essa base”, lembra ele. Outra questão relevante é a qualidade de captação dos dados de saúde. “Precisamos melhorar a forma como captamos os dados de endereço relacionados à saúde”, avalia.
A implicação ética está presente, principalmente, quando os dados georreferenciados dizem respeito aos pacientes de saúde. Dependendo do tipo de representação, ficaria fácil localizar o endereço de um paciente soropositivo, por exemplo. Casos desse tipo de divulgação já teriam acontecido em revistas científicas internacionais. “Mesmo sem mostrar o nome, seria certo publicar o endereço, o mapa? Não tem como descobrir o nome da pessoa?”, questiona Paul Zandbergen.
Por isso, o professor chama a atenção para o cuidado necessário na divulgação dos dados. “A metodologia de georreferenciamento pode ser usada em reverso. Ela é muito boa para se ter um panorama de uma epidemia, por exemplo, mas é preciso pensar eticamente sobre a divulgação dos resultados. São várias as metodologias, para além de um mapa detalhado com pontos específicos, que podem ser usadas para proteger a privacidade das pessoas”, avalia.