Dando início as comemorações do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz, convidou o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, José Rodrigues Coura, e a historiadora da Casa de Oswaldo Cruz, Simone Kropf, para um debate sobre os cem anos da descoberta da doença. A reunião, que aconteceu dia dois de julho no auditório do Icict, abordou desde a dimensão histórica da doença até o conhecimento científico atual.
O convite para o debate partiu da Biblioteca de Ciências Biomédicas, que inaugurou, no mesmo dia, uma exposição sobre a doença. O evento apresentou, além de curiosidades e objetos pessoais de Carlos Chagas, a tese original da doença e outros títulos de livros e periódicos desde 1909 até publicações mais atuais. A exposição ficará aberta à visitação até o dia 30 de julho.
Durante o debate, Coura destacou três momentos que foram de suma importância para o desenvolvimento do conhecimento científico acerca da doença. “Podemos dizer que o primeiro momento está relacionado à descoberta da doença, o segundo já diz respeito à disseminação do conhecimento e o último está relacionado à sua aplicação”, ressaltou o pesquisador.
Dentre os três momentos destacados, Coura fez questão de ressaltar a disseminação do conhecimento sobre a doença que Chagas realizou logo após o descobrimento. “Chagas não se contentou apenas com a descoberta. Ele fez conferências sobre a doença com outros pesquisadores e publicou de livros e periódicos em diversas línguas, como inglês, espanhol e alemão, com o objetivo de que pessoas em todas as partes do mundo tivessem conhecimento sobre a doença”, revela Coura.
Ainda de acordo com o pesquisador, a criação das Faculdades de Medicina em Ribeirão Preto e no Triângulo Mineiro foram preponderantes para o desenvolvimento e aplicação do conhecimento sobre a enfermidade.
A outra palestrante, Simone Kropf, além de citar a descoberta da doença como o um dos principais feitos da medicina brasileira, falou sobre as condições favoráveis que Carlos Chagas encontrou para a realização das pesquisas. “Na época, o pesquisador teve acesso aos melhores livros e periódicos no campo da medicina e da epidemiologia, graças aos investimentos que Oswaldo Cruz fazia nessa área”, explica Simone.
A historiadora também falou sobre a importância dos estudos realizados pelo Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí, no norte de Minas Gerais, onde pesquisadores puderam dimensionar a moléstia como uma questão de saúde pública que, na época, não era tratada como um problema de saúde nacional.