Os acidentes com escorpiões são considerados um problema da saúde pública fluminense. É o que revela uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, que financiou o projeto “Escorpionismo no Estado do Rio de Janeiro: aspectos epidemiológicos, ambientais e sócio-econômicos”. Os resultados apontam que somente no ano de 2004 houve um crescimento de 88% no número de acidentes em relação aos dados de 2000.
A pesquisa da Fiocruz foi impulsionada pela grande incidência de escorpiões em determinadas regiões. A região serrana, com destaque para Nova Friburgo, Petrópolis, Três Rios e Valença, destaca-se no número de ocorrências. Outro problema é a potencialidade dos casos que têm ocasionado quadros graves, alguns deles fatais, principalmente em crianças. Os dados da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro apontam um aumento de 80% da taxa de incidência por 100.000 habitantes em 2004, com relação ao ano 2000.
“O fato de fazer fronteira com os estados de Minas Gerais e São Paulo, que apresentam as maiores incidências, e o aumento de casos nos últimos anos justificam um estudo mais aprofundado da epidemiologia desses acidentes no estado do Rio”, explica a coordenadora do estudo Rosany Bochner. Ela ainda afirmou que os acidentes estão acontecendo nos centros urbanos, que os casos mais graves são de crianças menores de sete anos, e que a maioria das picadas se localiza nos membros superiores.
Segundo a coordenadora da pesquisa, as complicações mais temidas do acidente escorpiônico, além da intensa dor na hora da picada, são as arritmias cardíacas, o choque e o edema pulmonar, que podem levar a vítima ao óbito, ainda que seja atendida e medicada a tempo. No caso dos adultos, o uso de anestésico pode ser a solução definitiva para aliviar a dor.
“No Estado do Rio de Janeiro, apesar do ofidismo (acidentes com serpentes) ser o responsável pelo maior número de ocorrências, este foi o que menos cresceu no período, 44%, enquanto que o escorpionismo teve aumento de 139%”, explica Rosany. A pesquisadora ainda afirmou que cupinzeiros, cemitérios, madeireiras, serrarias, espaços com alto acúmulo de lixo e construções mal acabadas são os locais onde há o maior número de artrópodes peçonhentos.
De acordo com a pesquisa, no estado do Rio de Janeiro; assim como na Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Goiás; o Tityus serrulatus (escorpião amarelo), é o escorpião mais comum nos casos de maior gravidade registrados. O fato da população deste escorpião ser formada apenas por fêmeas, cuja reprodução se dá por partenogênese (independe do macho), pode explicar a sua expansão.
O projeto foi financiado pelo Programa de Indução à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PIPDT) do Icict e contou com a participação de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais do Icict, da Escola Nacional de Saúde Pública e da Presidência da Fiocruz. O Instituto Vital Brazil e a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) também colaboraram com o projeto. A pesquisa atualizou os dados epidemiológicos dos casos registrados pela SES-RJ e subsidiou o controle e a prevenção dos acidentes, além de ter realizado uma análise de risco dos casos.
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