"Xarope Rabão Iodado excita o apetite, combate a palidez, torna firme as carnes, cura maus humores e as diversas erupções da pele." Dificilmente uma propaganda como essa seria veiculada nos dias de hoje. Mas, no início do século XX, o exagero e a excentricidade eram estratégias de divulgação dos produtos voltados à saúde. Esse é um dos anúncios que podem ser conferidos na exposição "Reclames de Outrora - A propaganda médico-farmacêutica no início do século XX", em cartaz no café cultural da Biblioteca de Manguinhos. A mostra reúne uma série de curiosidades sobre a promoção de produtos de saúde entre 1900 e 1910, despertando um novo olhar sobre o acervo centenário da Biblioteca.
A mostra é resultado de uma seleção bem-humorada realizada a partir dos periódicos "A Criação Paulista", "Chácaras e Quintaes" e "Brazil-Médico - Revista semanal de medicina e cirurgia". O visitante terá uma amostra de como o comércio driblava a concorrência com propagandas exageradas, que nem sempre cumpriam o que prometiam. Um único remédio era anunciado como antídoto para diversos males. "Vigoron" é um exemplo desses medicamentos milagrosos que combatem cansaço, engorgitamento das glândulas, mau humor, falta de apetite, imperfeições na pele - tudo isso em um único frasco.
"O remédio era tratado como o grande salvador e de uso indispensável para combater a doença, encarnada como o grande mal", afirma Alexandre Correia de Sousa, organizador da exposição. A mitificação, presente em alguns casos, chegava a utilizar santos católicos como "garotos propagandas". Tais anúncios sobre os "santos" remédios eram veiculados em jornais, revistas e bondes.
A publicidade da época aponta hábitos e costumes, sugerindo, por exemplo, o papel social da mulher nesse período. A maioria das campanhas era destinada aos homens, ainda que o assunto fosse restrito ao universo feminino. Remédios para cólica, cremes anti-ruga e medicamentos para controlar a menstruação não raramente eram acompanhados por slogans como "Compre para a sua senhora!".
A Biblioteca de Manguinhos, do Centro de Informação Científica e Tecnológica (CICT), está aberta ao público das 8 às 17 horas, de segunda a sexta-feira.
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