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Mídia e mobilização na saúde - duas vozes, duas visões

por
Graça Portela
,
06/11/2015

Durante o Seminário "Vigilância em Saúde das Doenças Virais Chikungunya, Zika e Dengue: desafios para o Controle e a Atenção à Saúde", realizado nos dias 3 e 4 de novembro, no Museu da Vida, o site do Icict conversou com Patrícia Evangelista, do projeto Participação e Mobilização Social, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e representante da organização social Mulheres de Atitude, de Manguinhos, e com o coordenador do Laboratório de Informação em Saúde, do Icict, Christovam Barcellos. Eles falaram sobre a questão da mídia, pela ótica do pesquisador e da ativista social.

"Intensificar a comunicação, ampliar as parcerias e garantir a participação popular"

Patrícia Evangelista da Silva

O que é participação e a mobilização social quando se fala no controle de viroses?

Ainda é uma dificuldade dentro de Manguinhos garantir a participação social junto as entidades públicas, e falamos da participação como um todo. O movimento social vem brigando dentro dos conselhos, das instâncias de decisões da saúde para garantir a participação do saber popular, de poder contribuir nesse planejamento, no monitoramento da saúde e bem estar da população. Mas, para nós do movimento social, é de suma importância poder construir a saúde como um todo. Tivemos experiências de 2008 para cá da participação popular junto às ações desenvolvidas com a Fiocruz de organizações de territórios, em que essa participação gerou resultados positivos. A partir das técnicas profissionais aplicadas à população, houve uma ação conjunta de moradores, profissonais de saúde, técnicos, em que reduzimos drasticamente a proliferação do mosquito da dengue na comunidade de Manguinhos, montamos uma vigilância da população no cuidado da dengue em Manguinhos e isso teve resultados positivos na saúde dos moradores.

O que falta, em termos de comunicação, para atingir essa mobilização social?

Intensificar a comunicação, ampliar as parcerias e garantir a participação popular. Essa comunicação tem que ser de duas vias, do profissional de ciência e da saúde para a população, e vice-versa. Com isso, vamos garantir uma efetividade dos resultados das ações. Ao intensificar essa comunicação, ela vai para a comunidade com uma linguagem bem popular, "entendível", não tão técnica, de forma que a população possa contribuir melhor nesse combate à dengue e a outras doenças.

 

"Precisamos estar atentos a outras fontes de dados, como a imprensa, os blogs, as mídias sociais"
 

Christovam Barcellos

Qual a importância de se ter no Observatório Clima e Saúde a clippagem de notícias sobre dengue, Chikungunya e Zika virus e outros vetores?

As informações vêm sendo trabalhadas e registradas há muitos anos por sistemas de informação clássicos (Sinan, SIM e etc.), que registram a mortalidade, as notificações, as hospitalizações, com os dados sobre a dengue, que já faz parte do cotidiano do brasileiro. Com o aparecimento dessas novas doenças - chinkungunya e zika, que podemos chamar de emergentes, não temos ainda o registro delas nos sistemas de informação, mas precisamos estar atentos a outras fontes de dados, além dos sistemas tradicionais de informação da saúde, como a imprensa, os blogs, as mídias sociais (como facebook e twitter), tudo isso pode ajudar um pouco a recuperar o que está acontecendo com essas doenças. Temos que aperfeiçoar esses métodos, pois eles são capazes de detectar algumas epidemias, antes às vezes até do que os sistemas de informação.

Desde 2013, o Observatório Clima e Saúde vem fazendo um levantamento através da mídia. Isso dá de fato um panorama real  sobre o que está ocorrendo nas cidades? 

Pelas notícias não dá para avaliar a quantidade de casos, e a própria imprensa não está preparada para levantar isso. Mas as notícias em geral reportam surtos em uma cidade tal, no mês tal... Essa simples notícia de que houve um surto já é muito importante, porque marca a entrada de um determinado agente patológico em um momento, em um contexto. Assim, podemos monitorar o movimento, a dinâmica dessas doenças novas dentro do Brasil. Isso dá para fazer, mas sempre lembrando que as mídias são usadas por um grupo restrito da população, tem muita gente que tem dificuldade de acesso à internet e aos jornais, que também não cobrem todo o país. Estamos nos esforçando para acessar jornais muito locais da Amazônia, por exemplo, porque isto é importante, mas essa informação é sempre um pouco enviesada. Não é à toa que grande parte das notícias que coletamos está centrada em São Paulo, porque a população de lá está mais mobilizada, mais informada pela imprensa, tem mais acesso às mídias sociais, denunciam. Quanto mais nos afastamos dos grandes centros urbanos, diminui essa mobilização.

 

Fotos: Patrícia Evangelista da Silva (Annalu Silva/Projeto Teias/Ensp) / Christovam Barcellos (Ascom/Icict)

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Debate mediado por diretor do Icict, Umberto Trigueiros, ocorre em seminário da Fiocruz, nos dias 03 e 04 de novembro


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