Apesar dos diversos avanços e conquistas das mulheres nas últimas décadas, especialmente em relação ao mundo do trabalho, no campo da ciência e tecnologia a participação feminina ainda tem um caminho a percorrer na promoção da visibilidade. No caso da Fundação Oswaldo Cruz, a relação entre questões de gênero e a produção científica foram investigados pelas pesquisadoras do Jeorgina Gentil Rodrigues e Cristina Guimarães, do Icict/Fiocruz.
No artigo A Fundação Oswaldo Cruz e a ciência no feminino: a participação feminina na prática e na gestão da pesquisa em uma instituição de ensino e pesquisa, as autoras buscam delinear a participação feminina no esforço de pesquisa realizado pela instituição, analisando dados de 1996 a 2013. O trabalho foi publicado na última edição do periódico Cadernos Pagu, uma das mais importantes publicações de estudos de gênero do Brasil, editada pela Universidade de Campinas (Unicamp).
(Foto: Peter Illiciev/Fiocruz Imagens)
O estudo começou a partir do levantamento de dados da Diretoria de Recursos Humanos (Direh) da Fiocruz, visando identificar o contingente de servidores e servidoras com titulação de doutorado. Em seguida, no Portal Transparência, identificaram a proporção de servidores e servidoras que ingressaram na instituição por concurso público com título de doutorado. As mulheres representam 51,6% da força de trabalho, totalizando 6.359 servidoras e terceirizadas.
Em seguida, informações sobre currículos acadêmicos foram analisados a partir da ferramenta ScriptLattes. De acordo com o artigo, “ainda que a produção das mulheres em números absolutos seja maior que a dos homens, a média de artigos publicados pelos homens (19,2 artigos/homem) é 51,8% maior que a produção pelas mulheres (12,6 artigos/mulher), segundo o comparativo da produção global”. Tarefas sociais como a tripla jornada entre trabalho doméstico, estudos e empregos podem ser obstáculos que afetam esse indicador de produtividade.
Outro aspecto investigado foi a participação feminina em postos de tomada de decisão na gestão institucional. “Os dados sugerem, no geral, segregação hierárquica (ou vertical), fenômeno conhecido na literatura como “teto de vidro”, que caracteriza-se pela menor velocidade das mulheres na ascensão da carreira, em comparação com a progressão profissional masculina, o que resulta na sub-representação das mulheres nos postos de tomada de decisão e, consequentemente, limita o alcance de posições de maior prestígio na instituição”.
A investigação agora divulgada em artigo fez parte da pesquisa de doutorado de Jeorgina Gentil no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), sob orientação de Cristina Guimarães. Para as autoras, análises como essa ajudam a questionar a desigualdade de gênero na ciência, “a partir de explicações que postulam que formas sutis de discriminação persistem no local de trabalho e evitam o avanço das mulheres na carreira científica”.
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[7] http://www.pagu.unicamp.br/en/cadernos-pagu