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Jogo digital ajuda pais e filhos a se prevenirem contra a intoxicação no ambiente doméstico

por
Graça Portela
,
12/01/2017

Férias! O que é para ser um ótimo momento em família pode se tornar um período de sustos e preocupações. Segundo especialistas, a casa é o local onde as crianças correm mais riscos. Para alertar pais e jovens, o Polo de Jogos e Saúde, do Multimeios/Icict e o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – Sinitox transformaram em algo lúdico a campanha de prevenção contra acidentes por intoxicação: a equipe criou o jogo digital “Quem deixou isso aqui?”.

O jogo, lançado durante o seminário “Prevenção de intoxicações em foco: panorama das intoxicações infantis e ações educativas” do Centro de Estudos do Icict e o Sinitox, realizado em dezembro último, vem atraindo a atenção de pais e filhos pela facilidade com que pode ser jogado e as informações que fornece. A ideia é manter a personagem central – Aninha, uma menina de três anos – longe de coisas que podem intoxicá-la como medicamentos, plantas, materiais de limpeza e até mesmo alimentos e bebidas alcóolicas. Ao se depararem com o número elevado de ocorrências em intoxicações domésticas em crianças, os integrantes do Polo – Marcelo de Vasconcellos e Flávia de Carvalho, que já tinham desenvolvido outras parcerias com o Sistema, avaliaram a necessidade de abordar o assunto: “vimos que a intoxicação doméstica era um problema muito mais sério. Assim, a contribuição do Sinitox foi essencial para uma escolha certeira do tema e para verificação técnica de todas as informações”, diz Vasconcellos.

Apesar da personagem ser uma menininha, o jogador encarna um adulto que tem que protegê-la dos riscos de uma intoxicação. “O jogo foi direcionado a pais e responsáveis, uma vez que são eles que precisam aprender sobre os riscos da intoxicação doméstica. Esta abordagem vem da nossa visão sobre a mídia dos jogos, de que ela não é algo restrito para crianças, mas que pode ser atraente e educativo para qualquer pessoa”, explica Flávia de Carvalho. A coordenadora do Sinitox, Rosany Bochner, acredita que o jogo “é pioneiro no que se refere à prevenção de intoxicações” e apesar de ter sido “desenvolvido para jovens, adultos e pais, com certeza as crianças também vão acabar se interessando pelo seu modo dinâmico de jogar”.

Vasconcellos afirma que esse jogo foi um “grande aprendizado” para a equipe envolvida, onde todos puderam se dar conta sobre os mais variados riscos. Afinal, é comum as pessoas relatarem casos de intoxicação de crianças na família ou na vizinhança. “O assunto nos chamou a atenção tanto para nossa vida doméstica, quando repensamos a organização de nossas próprias casas, quanto para nossa experiência profissional como designers gráficos, pois o risco da intoxicação muitas vezes é agravado pelo projeto gráfico dos produtos”, explica.

Casa = perigo

Quando tinha três anos, Kevin, filho de Fabíola Ferreira, deu um susto e tanto na mãe. Ela deixou no quintal uma mistura de amônia e água sanitária para uso próprio e, num momento de distração, o menino colocou a mistura na boca. Imediatamente seus lábios ficaram “assados”, segundo Fabíola, e ele começou a gritar. A mãe achou que ele fosse morrer, mas felizmente ele não engoliu o produto, o que foi a sua salvação. “O médico me disse que se ele tivesse engolido, teria morrido”, lembra Fabíola. Casos como esse acontecem a todo momento e o jogo busca retratar situações em que as crianças atraídas pelas cores das embalagens ou pelo conteúdo colorido, ou mesmo até a cor de flores e plantas, numa distração dos pais, levam à boca. O resultado é sempre assustador para os pais e traumático para as crianças.

As estatísticas comprovam que a fase de um a quatro anos é a que requer uma atenção redobrada por parte de pais e responsáveis. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net), do Ministério da Saúde, apontam que entre 2010 e 2015, na faixa etária entre um e quatro anos, 29.169 crianças se acidentaram por intoxicações. Uma consulta rápida ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – Sinitox/Fiocruz, comprova essa realidade – apenas em 2013, dos 9.507 casos de intoxicação nesta faixa etária, 6.459 foram justamente os que envolviam medicamentos (3.691), produtos domissanitários (1.767) e produtos químicos (1.001).

Segundo a coordenadora do Sinitox, Rosany Bochner, “quase um quarto das intoxicações ocorre nessa faixa etária – são 22% das ocorrências”, explica. E os motivos são simples: “o grande tempo que as crianças passam no ambiente doméstico, os inúmeros produtos tóxicos disponíveis, os produtos armazenados de forma incorreta, as embalagens inseguras dos produtos e a pouca informação que pais e responsáveis têm sobre as formas de prevenção de acidentes”, afirma Bochner.

Testando e brincando

Quem conheceu o jogo e elogiou a iniciativa foi a coordenadora do Centro de Controle de Intoxicações (CCIn), de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, que recebe as informações de todo o estado sobre intoxicações – Ana Claudia Moraes. Para ela,  “o jogo tem um ambiente agradável, que realmente remete ao lar e trazendo situações cotidianas desperta o jogador para a identificação de perigos em casa que ele provavelmente não estaria atento se não fosse pelo alerta e envolvimento que o jogo promove”, enfatiza. Para a coordenadora do CCIn, ‘Quem deixou isso aqui?’ “envolve e motiva, e creio que através desta sensibilização e ‘treinamento’ na identificação de perigos, é possível mudar comportamentos, ajudar a reduzir os perigos e riscos existentes em casa, assim como a real ocorrência de acidentes”, afirma.

O jogo pode ser acessado clicando na figura abaixo. Ele estará disponível para tablet e desktop nas plataformas Google Play e Apple, e brevemente poderá ser jogado nos sistemas Android e iOS. Eloá Dias testou e colocou o filho, Gabriel, de 12 anos, para jogar também. Ela disse que achou o jogo “interessante, dinâmico”. Para ela, “o jogo é um alerta, pois há coisas que passam despercebidas em casa”. Seu filho “seguiu o jogo sem utilizar as instruções (o tutorial) e também aprendeu um pouco”, afirmou. “Ele me chamou a atenção, após jogar, dizendo: “viu, mãe, vê se guarda esses remédios que você deixa sobre a mesa”, afirmou a mãe, que ficou meio sem graça com a observação do filho. Ela aproveitou e indicou a algumas colegas que têm crianças pequenas para também acessarem o jogo.

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Outro que testou e se disse surpreso com as informações apresentadas foi Brunner Jorge, que achou o jogo “muito bem explicativo, de fácil acesso e compreensão”. Ele afirmou que se deu conta que em sua casa há plantas e o “remédio de mosquito” que estão ao alcance do pequeno Bruno, de um ano e meio. Mas, ressaltou que ele e a esposa “estão sempre ‘de olho’”, mesmo assim um dia o pequeno pegou um sabonete, rasgou a embalagem e quase o comeu, para desespero dos pais. Para Brunner o jogo serve de “alerta” para os pais.

Prevenir é o foco da parceria entre o Polo de Jogos e Saúde e o Sinitox. Para isso também foi criada a maquete “Casa segura”, “que replica todos os possíveis cômodos de uma residência, como sala, cozinha, quarto, banheiro, área de serviço e jardim, e neles são apontados os diversos produtos tóxicos presentes de forma não segura”, explica Rosany Bochner, que afirma que o objetivo é “travar um diálogo com o público sobre as situações de risco para as crianças”. A maquete está em exibição no saguão da Biblioteca de Manguinhos, da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Mas, não para aí  o desenvolvimento de materiais educativos para a prevenção. A coordenadora do Sinitox afirma que “o próximo passo será a produção de um novo jogo que contemple acidentes com animais peçonhentos”. Aguardem!

Leia também a entrevista “O melhor remédio é a prevenção” [4], com Ana Claudia Moraes, coordenadora do Centro de Controle de Intoxicações (CCIn), de Niterói/Rio de Janeiro.

O jogo digital "Quem deixou isso aqui?!" é melhor acessado via os browsers Chrome e Mozilla Firefox. Caso queira jogá-lo, clique aqui [3]

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Galeria de fotos

 Raquel Portugal (Multimeios/Icict) [6]
 Raquel Portugal (Multimeios/Icict) [7]
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Arquivos para download

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Sinan - Dados de intoxicação por faixa etária - 2010 a 2015 [14]

Dados sobre intoxicação exógena por medicamentos, produtos de uso domiciliar e produtos químicos retirados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, do Ministério da Saúde

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Sinitox - Intoxicação por medicamentos - faixa etária [15]

Tabela do Sinitox com os dados sobre intoxicação por medicamentos por faixa etária - 2013

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Sinitox - Intoxicações na infância - Ana Claudia Lopes de Moraes [16]

Apresentação de Ana Claudia Lopes de Moraes, do Centro de Controle de Intoxicações/Niterói (CCIn) sobre intoxicações na infância.

Assuntos relacionados

[17]

“O melhor remédio é a prevenção”, afirma Ana Claudia Moraes [17]

Coordenadora do Centro de Controle de Intoxicações (CCIn) fala sobre os riscos de intoxicação doméstica e o material educativo do jogo “Quem deixou isso aqui?”

[18]

Seminário debate aumento de acidentes e mortes por picadas de escorpião em crianças [18]

Em seis anos, no Brasil, quase 400 mil ocorrências e os óbitos crescem na faixa etária entre 0 e 9 anos

Para saber mais

Jogo digital 'Quem deixou isso aqui?' [3]
A casa segura (maquete do Sinitox) [19]
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) [20]
Sinitox – Materiais educativos [21]
Análise das internações hospitalares de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicações e efeitos adversos de medicamento [22]
Análise dos dados dos Centros de Controle de Intoxicação do Rio de Janeiro, Brasil, como subsídio às ações de saúde pública [23]
Papel da Vigilância Sanitária na prevenção de intoxicações na infância [24]
Casos de intoxicação por medicamentos registrados pelo sistema nacional de notificações para a vigilância sanitária (NOTIVISA) [25]
Impacto dos medicamentos nas intoxicações humanas no Brasil [26]
Intoxicações medicamentosas em crianças menores de cinco anos [27]
Intoxicações e Envenenamentos – Fiocruz/Biossegurança [28]
Dados Epidemiológicos Sinan – Sistema de Informação de Agravos de Notificação [29]

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