Analisar a relação entre os jornalistas e as fontes sobre o tema “Saúde”, entre os anos de 1987 e 2015, no jornal O Globo, foi o que motivou a tese de doutorado de Tania Regina Neves da Silva, que é orientanda da professora e pesquisadora Kátia Lerner (Laces e PPGICS/Icict).
A aluna destaca, como uma das suas conclusões de pesquisa, “a reconfiguração de forças no cenário midiático tem levado os jornalistas a perderem a primazia discursiva para as fontes, que passam a dominar linguagem, rituais e dispositivos e a falar diretamente com o público.”
A defesa será realizada na terça-feira, 17/10, na sala 710, do Prédio da Expansão do Campus, que fica na Av. Brasil, 4.036, em Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ).
Título: Jornalistas e Fontes: uma relação em movimento - temas, vozes e silêncios na saúde de O Globo (1987-2015)
Aluna: Tania Regina Neves da Silva
Orientadora: Kátia Lerner (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
Banca:
Titulares:
• Dr. Valdir de Castro Oliveira (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
• Dr. Wilson Couto Borges (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
• Drª. Luisa Medeiros Massarani (COC/FIOCRUZ)
• Dr. Wedencley Aves Santana (PPGCOM/UFJF)
Suplentes:
• Dr. Nilson Alves de Moraes (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
• Drª. Carla da Silva Almeida (COC/FIOCRUZ)
Data: 17/10/2017
Horário: 11h
Local: Sala 710 do Prédio da Expansão
Resumo: A presente tese investiga o processo de constituição das fontes de informação em saúde no jornalismo impresso, buscando compreendê-lo a partir da análise do relacionamento entre fontes e jornalistas e as estratégias por eles empregadas na construção dos sentidos da saúde na mídia. Trata-se de um estudo diacrônico sobre o jornal carioca O Globo, cobrindo um período de 28 anos nas últimas quatro décadas (1987-2015), e que parte de um levantamento dos temas abordados e das fontes presentes na cobertura de saúde em quatro períodos intercalados dentro do recorte. Tais dados orientaram a segunda etapa da pesquisa, que empregou a história oral em entrevistas temáticas com jornalistas ainda atuantes ou que atuaram em O Globo no período estudado, fontes que pontificaram na cobertura e assessores de imprensa, totalizando 15 entrevistados. O estudo é norteado especialmente pelos conceitos de campo (através da obra de Pierre Bourdieu), medicalização e biomedicalização (seguindo a linha proposta por Peter Conrad, Irving Zola e Adele Clarke) e midiatização (em especial pelo trabalho de Fausto Neto), a partir dos quais se buscou compreender as transformações nas relações entre os atores envolvidos na construção dos discursos sobre a saúde e a própria variação na abordagem dessa temática ao longo do tempo. Ao relacionar os elementos trazidos pelos depoimentos com o panorama de mudanças nos processos produtivos da mídia e as marcas presentes no noticiário, a pesquisa constatou que a relação fonte-jornalista se constrói em base de colaboração mútua, mas não pacífica, sendo marcada por conflitos e desconfianças. Entre os principais achados, destacamos que a reconfiguração de forças no cenário midiático tem levado os jornalistas a perderem a primazia discursiva para as fontes, que passam a dominar linguagem, rituais e dispositivos e a falar diretamente com o público. Destacamos ainda que a multiplicidade de funções hoje sob responsabilidade do repórter, diante da precarização do trabalho nas redações, tira dele tempo e condições para pesquisar os temas que cobre e descobrir novas fontes de informação, ficando mais vulnerável às ações e proposições das assessorias de imprensa, que passam a ter maior influência no agendamento de fontes e assuntos. Em suma, detectamos transformações nos campos de atuação de jornalistas e fontes que têm levado a mobilidades de seus papeis com consequentes reflexos na construção dos sentidos da saúde na mídia.