Complementando a série Clima e Saúde, veiculada no site do Icict, Fábio Evangelista, consultor de Desenvolvimento Sustentável da representação da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS/OMS, no Brasil, falou sobre um dos temas abordados na série – a seca na região Nordeste e seus impactos na saúde. Para ele, “os efeitos na saúde podem ser potencializados diante de várias condições já existentes como condições de nutrição e socioeconômicas da população”.
O consultor da OPAS também falou sobre as iniciativas de monitoramento do clima e saúde na América Latina e a necessidade de integração da Saúde Pública “com outros setores, para garantir o processo de desenvolvimento sustentável.”
A seguir, a íntegra da entrevista com Fábio Evangelista:
Quais as possíveis consequências da seca prolongada sobre as condições de saúde da população do semiárido brasileiro?
As implicações da seca para a saúde humana são muitas. Alguns efeitos na saúde podem ser diretos, sentidos em curto prazo, a exemplo de doenças infecciosas gastrointestinais. No entanto, alguns impactos são indiretos e com efeitos em longo prazo, muitas vezes sentidos meses ou anos após a ocorrência do evento, a exemplo da desnutrição e dos transtornos mentais. Os efeitos na saúde podem ser potencializados diante de várias condições já existentes como condições de nutrição e socioeconômicas da população, caracterizando cenários de suscetibilidades individuais e coletivas e de vulnerabilidades socioambientais.
Como estes problemas podem ser monitorados?
É preciso promover a conscientização dos riscos à saúde e identificar a vulnerabilidade social e ambiental de diferentes áreas e comunidades, visando estabelecer mecanismos para aumentar a resiliência dessas comunidades e dos serviços de saúde local. Mais importante ainda, o setor saúde deve garantir que as lições aprendidas a partir de cada evento sejam implementadas nas ações de adaptação. O setor da saúde deve garantir que todos os riscos para a saúde, desde os impactos mais imediatos e visíveis (por exemplo, as doenças diarreicas infantis), e dos impactos visíveis mais de longo prazo (por exemplo, a desnutrição), até os menos visíveis (por exemplo, as condições de saúde mental), estejam totalmente incluídos nas avaliações e na gestão de resposta.
Existem outras experiências de monitoramento de saúde e clima nas Américas?
A OPAS está apoiando o Ministério da Saúde do Brasil no desenvolvimento do curso de análise de situação de saúde relacionada ao clima e ao ambiente. Esse curso terá como objetivo capacitar as equipes técnicas para análise de situação de saúde frente aos eventos climáticos e exposição ambiental.
Qual a importância do Observatório Nacional de Clima e Saúde, da Fiocruz, para se trabalhar o tema clima e saúde?
O número de desastres de origem natural no mundo tem crescido expressivamente nas últimas décadas, causando milhares de danos e mortes todos os anos e prejudicando, principalmente, a saúde física e mental de milhões de pessoas. A seca apresenta-se como uma das principais ameaças dos desastres naturais, com maiores impactos em regiões pobres ou em desenvolvimento. Impacta, em especial, as populações que vivem em locais de risco e sob condições de subsistência e socioeconômicas mais vulneráveis, onde os determinantes de saúde já são comprometidos. A cada ano, esse tipo de desastre afeta dezenas de milhões de pessoas mundialmente, contribuindo para a fome, a pobreza, a desnutrição, causando ainda surtos de doenças infectocontagiosas e respiratórias, além de transtornos psicossociais e migração de populações. O Observatório do Clima e Saúde da Fiocruz é uma ferramenta importantíssima para apoiar o desenvolvimento de políticas e a tomada de decisões como forma de reduzir e, de preferência, eliminar os impactos do clima na saúde.
O que ainda falta fazer em relação às mudanças climáticas e saúde no Brasil e na América Latina?
São muitos os desafios, a saúde pública precisa fortalecer sua integração com outros setores, para garantir o processo de desenvolvimento sustentável. A Saúde precisa integrar suas respostas aos determinantes sociais, ambientais e econômicos, para a redução das vulnerabilidades socioambientais e os riscos decorrentes de desastres naturais, assim como de adaptação às mudanças climáticas no Brasil e no mundo.
Observatório Clima e Saúde ganha destaque em publicações na OMS e na COP23 [3]
Entre o pulmão verde e a fumaça das queimadas [4]
Sítio sentinela transfronteiriço no combate à malária [5]
Semiárido: saúde é o caminho para o desenvolvimento sustentável [6]
WHO´s Video on Climate Change and Health – vídeo oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) sobre mudanças climáticas e saúde
Climate Change Adaptation and Health: It is time to act – vídeo de animação do Comitê de Saúde e Proteção Social, do Ministério Federal para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha
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[1] https://www.icict.fiocruz.br/../..
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[9] https://www.icict.fiocruz.br/node/4099
[10] https://www.icict.fiocruz.br/node/4127
[11] https://www.icict.fiocruz.br/node/4147
[12] https://www.icict.fiocruz.br/node/4172
[13] https://www.paho.org/bra/
[14] http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=372:mudanca-do-clima&Itemid=839
[15] http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agencia-informma?view=blog&id=2831
[16] http://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/02/19/pesquisa-aponta-alto-risco-de-desertificacao-na-bahia
[17] http://health.bmz.de/
[18] http://www.climasaude.icict.fiocruz.br/
[19] http://www.canal.fiocruz.br/video/index.php?v=Observatorio-Nacional-de-Clima-e-Saude-UND-0663