O site Obras Raras Fiocruz [3] - Acervo Digital de Obras Raras e Especiais disponibilizou em sua plataforma as digitalizações da coleção bibliográfica da Comissão Rondon sob guarda da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos. Podem ser consultados 77 itens que incluem relatórios, folhetos, conferências, tratados, portarias, dentre outros que trazem parte da memória das expedições que percorreram o interior do Brasil no início do século passado.
“Os documentos tratam da comissão que realizou a instalação de linhas telegráficas para interligar uma grande parte do interior do Brasil e envolveu profissionais de diversas áreas, como astronomia, botânica, dentre outras”, explica a historiadora Maria Claudia Santiago, da Seção de Obras Raras. Os relatórios trazem o nome da 'Commissão de Linhas Telegraphicas Estratégicas de Matto Grosso ao Amazonas' e carregam a estampa do ex-libris da Biblioteca do Instituto Oswaldo Cruz, primeiro acervo da instituição.
Mapa das linhas telegráficas após os trabalhos da Comissão Rondon. Fonte: Obras Raras Fiocruz
Segundo artigo [4] do historiador Cesar Machado Domingues, o objetivo da iniciativa era o de promover a integração e ampliar a comunicação da capital com os estados da região Norte e Centro-Oeste durante o governo de Affonso Penna, entre 1906 e 1909. Com o tempo, foram incorporados estudiosos dos mais diferentes campos para pesquisar os territórios e suas características naturais e sociais. Logo passou a ser conhecida como Comissão Rondon, homenageando o Marechal Cândido Rondon, que a comandava.
Um dos destaques do conjunto digitalizado é o relatório Considerações geraes sobre as condições sanitarias do Rio Madeira, escrito por Oswaldo Cruz, em 1910. Na apresentação do volume, ele narra detalhes da expedição científica: “depois das escalas de Bahia, Pernambuco e Ceará, chegámos à cidade de Belém no dia 26 do mesmo mez. Aguardámos ahi conducção para Manáos, que só tivemos a 29, á vista da greve de foguistas que se manifestou a bordo do navio "Acre" que nos deveria conduzir. Durante esse tempo tratámos da questão da febre amarela” (sic).
Diversidade iconográfica
“A coleção da Comissão Rondon traz uma diversidade de achados que refletem o desenvolvimento científico da época e faz parte do acervo desde a origem da Biblioteca de Manguinhos”, relata Maria Claudia. Com a digitalização, é possível ter uma ideia geral de toda a coleção, muito consultada por pesquisadores dentro de áreas de pesquisa mais específicas, como a etnologia.
Além da informação textual, os volumes revelam uma diversidade iconográfica. “É possível encontrar fotografias, mapas e algumas ilustrações”, afirma Rodrigo Méxas, fotógrafo do Laboratório de Digitalização do Multimeios, serviço do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), responsável pelo site de Obras Raras.
Parte dessa iconografia foi bastante útil para a pesquisa nas áreas de etnografia e antropologia visual, oferecendo um olhar sobre populações indígenas do Brasil, como os Carajás, que dão o título a publicação nº 104 da Coleção, de 1945. A problemática indígena do Brasil, de 1925, publicado pelo Conselho Nacional de Proteção Indígena, é outro destaque.
As obras estão disponíveis, em acesso aberto, para consulta e download no site de Obras Raras (www.obrasraras.fiocruz.br [5]), criado para preservar e dar visibilidade ao acervo especial da Fiocruz. O repositório conta atualmente com mais de 250 itens digitalizados, a partir de critérios de seleção como raridade e preciosidade dos itens, contribuindo para preservar também sua versão física.
(Matéria originalmente publicada na Revista de Manguinhos, Nº 40, da Coordenadoria de Comunicação Social da Fiocruz)
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[4] http://snh2011.anpuh.org/resources/anais/8/1273879829_ARQUIVO_RondonANPUHCesarMachado.pdf
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[33] https://www.obrasraras.fiocruz.br/search.php?clearSearch=true&searchPhrase=comiss%C3%A3o+rondon