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Queimadas: livro do Observatório de Clima e Saúde oferece ferramentas para mitigar impactos na saúde pública

por
Ariene Rodrigues, do Observatório de Clima e Saúde (Icict/Fiocruz)
,
27/09/2024

capa do livro "Curso Análise de Situação Ambiental ASISA-Queimadas"
Livro traz análises coletadas em curso com foco em queimadas com a missão de auxiliar na tomada de decisões por
gestores públicos / Imagem: reprodução da capa

O Brasil registrou, até o dia 15 de setembro, mais de 184 mil focos de incêndio, representando 51% de todos os focos detectados na América do Sul somente no ano de 2024, segundo o Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) [3]. Metade deles ocorreram na Amazônia. Os números, além de apontarem um cenário preocupante para a biodiversidade do país, alertam para outro quadro que exige atenção: a saúde da população.   

Para mitigar os efeitos das queimadas sobre a saúde pública, é importante propor soluções amparadas em bases de dados. “O acesso a informações qualificadas pelos gestores permite que as tomadas de decisões sejam realizadas com base em diagnósticos da situação em saúde e, assim, direcionar os recursos aos territórios prioritários", destaca a coordenadora do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) e uma das organizadoras do livro digital “Curso análise de situação de saúde ambiental: ASISA-Queimadas”, Renata Gracie. 

O livro, lançado em 2024 pelo selo Edições Livres, da Porto Livre, foi produzido a partir da experiência de três anos de execução do curso "Análise de Situação de Saúde Ambiental (ASISA)" com foco nas queimadas e incêndios florestais nos estados. Esse tipo de análise tem como missão auxiliar na tomada de decisões mais acertadas, diminuindo riscos e mobilizando recursos e meios para a redução dos impactos na saúde. 

⬇️ Clique aqui para baixar o livro na Porto Livre [4]

⬇️ Clique aqui para baixar o livro no Repositório Institucional Arca [5]

Voltado para profissionais de saúde, especialmente os de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) e do VIGIAR, os cursos contribuíram para a análise da saúde da população em diferentes regiões, utilizando técnicas de análise espacial e geoprocessamento. Com o livro, a expectativa é ampliar o acesso a informações de qualidade no processo de tomada de decisão de gestores e trabalhadores diante de situações de queimadas e incêndios florestais. 

“Com o livro, mais profissionais de saúde podem ter acesso aos conteúdos conceituais e práticas de técnicas utilizadas para a realização de análise de situação em saúde em queimadas e incêndios florestais. Isso permite que outras pessoas acessem este conhecimento e proponham decisões mais assertivas diante dessas situações”, indica a pesquisadora. 

Como o clima não afeta a saúde de forma direta, uma vez que essa relação é mediada por fatores sociais, econômicos, políticos e ambientais, é preciso analisar os efeitos das mudanças ambientais e climáticas a partir de diversos dados oriundos de diferentes fontes, que precisam ser organizados e integrados para a compreensão completa da situação. 

A publicação aborda questões teóricas sobre mudanças climáticas, qualidade do ar, queimadas e seus impactos sobre a saúde humana e o SUS, além de aspectos práticos da análise de dados, como softwares, sistemas e aplicativos de georreferenciamento, bases de dados a serem utilizadas, cálculo da taxa de internação por doenças respiratórias, e exemplos de notas técnicas a serem produzidas. 
  

Fumaça das queimadas: impacto em todo o país   

Agosto foi o mês com o maior número de queimadas dos últimos dez anos. Reflexo de um conjunto de fatores, especialmente a maior seca já registrada no Brasil e a ação humana, as queimadas têm impactado inclusive quem mora bem longe de onde elas ocorrem. A cidade de São Paulo registrou índices alarmantes de qualidade do ar em setembro, efeito da fumaça vinda das regiões Norte e Centro-Oeste. Estados como Paraná e Rio Grande do Sul têm convivido com uma novidade: a água que desce dos céus está preta. A fuligem chega não apenas pelo ar, mas também pela chuva.   

As queimadas florestais resultam na emissão de grandes quantidades de material particulado, além de outras substâncias que contribuem para a alteração da composição química da atmosfera. Essa combinação de fatores que inclui poluentes atmosféricos, temperatura, umidade e precipitação, define o tempo de residência dos poluentes na atmosfera, o que ajuda a explicar o transporte das partículas a longas distâncias. 

Estudos do Observatório de Clima e Saúde mostram que essas impurezas, associadas às condições climáticas, podem agravar casos de doenças respiratórias e cardiovasculares. A publicação informa que “as mudanças e a variabilidade climática afetam a qualidade do ar por meio de diferentes vias, aumentando a produção de alérgenos e a concentração de ozônio e de partículas inaláveis”. 
  

Conhecer para saber como agir 

Apesar da queda de quase 70% no número de focos de queimadas, no último fim de semana (13 a 15/09), segundo o INPE, o resultado das queimadas ainda deve ser observado com atenção. Em particular na Amazônia, onde as mudanças climáticas desenham um quadro que causa preocupação: a interação de queimadas sazonais e clandestinas, seca, aumento da temperatura média global, alteração do regime de chuvas, redução da produtividade florestal, concentração de gases poluentes, entre outras ações de impacto. Essas variáveis se intercalam e interagem entre si, tornando a situação cíclica. Um cenário que afeta principalmente aqueles em maior situação de vulnerabilidade, como idosos, gestantes, crianças e pessoas com doenças preexistentes. 

Saber interpretar esse panorama e tomar decisões assertivas em momentos críticos é um dos objetivos do curso que deu origem ao livro. Compreender o comportamento das doenças respiratórias e cardiovasculares no território e suas relações com as queimadas e a variabilidade climática, a partir da análise de séries temporais e fatores de exposição, é uma das diretrizes destacadas na publicação.   

O livro também incentiva a participação social local e regional, com ações de sensibilização e mobilização para aprofundar o conhecimento sobre o tema. “É importante a divulgação ampla destas informações para a sociedade civil, para que este grupo também possa cobrar medidas mais adequadas para os seus territórios”, lembra Renata.   

O objetivo é criar ferramentas para um programa de vigilância em saúde ambiental que reduza incertezas e fortaleça as evidências dos efeitos da poluição na Amazônia brasileira sobre a saúde. Afinal de contas, o entendimento profundo dos efeitos das queimadas não são apenas uma necessidade, mas um imperativo para mitigar problemas de saúde, salvar vidas, proteger ecossistemas e garantir um presente e futuro menos vulnerável para toda a população. 

 

Sobre o selo Edições Livres 

Edições Livres [6] é um selo editorial da Porto Livre dedicado a lançar obras com livre acesso na internet, tornando acessíveis a qualquer internauta livros de interesse científico e social. Títulos que colaborem com o fortalecimento da ciência e do pensamento social no Brasil — e que possam ser compartilhados, debatidos e lidos livremente, de forma gratuita. O Edições Livres edita, sempre em versões digitais e em acesso aberto, volumes de literatura científica que promovam o fortalecimento do diálogo interdisciplinar entre saúde coletiva, ciências sociais, comunicação e informação. Podem ser obras inéditas, mas também títulos já esgotados ou indisponíveis na internet. 

Sobre a Porto Livre 

A Porto Livre [7] é a plataforma de livros em acesso aberto da Fiocruz. Coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), a Porto Livre possui um acervo em constante expansão, alimentado não apenas por títulos da Fiocruz, mas por universidades, centros de pesquisa, editoras, movimentos sociais e ONGs. Atualmente, a Porto Livre conta com mais de 400 títulos disponíveis para download, seguindo a Política de Acesso Aberto e demais iniciativas de ciência aberta da Fiocruz. A plataforma tem como principal objetivo reunir títulos de interesse científico e social, agrupando-os num acervo gratuito e com livre acesso para os leitores. Para submeter um livro à Porto Livre basta entrar em contato pelo e-mail portolivre@icict.fiocruz.br [8]. 

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Para saber mais

📌 Observatório de Clima e Saúde [13]
📌 Porto Livre - portal de livros em acesso aberto da Fiocruz [7]
📌 Banco de Dados de Queimadas (INPE) [3]

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