Arte: Vera Fernandes (Ascom/Icict)
A aluna do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), Erika Guedes Farias, da Fiocruz, defenderá, na terça-feira, 27 de maio, a dissertação de mestrado “O FIM DA PICADA? Narrativas e produção de sentidos a partir de campanhas de vacinação no Instagram”, na qual investiga “as narrativas encontradas nos circuitos comunicacionais de campanhas de vacinação produzidas pelo Ministério da Saúde (MS), e publicadas em seu perfil no Instagram”, com o objetivo de analisar aquilo que emerge das publicações e os sentidos socialmente produzidos, a partir das informações circulantes e apropriadas pelos seus seguidores, em um cenário contemporâneo de hesitação vacinal”.
Tendo como orientadores Daniela Muzi e Wilson Borges (segundo orientador), ambos do programa de pós-graduação do Icict, Erika afirma dentro das suas conclusões que, “mesmo em governos progressistas e comprometidos com o aumento dos índices vacinais, ainda é necessário reforçar as práticas do dialogismo e interlocução nas ações comunicacionais, para que os contextos sociais possam ser considerados e respeitados, e para que se possa romper com um formato campanhista que permanece em atividade, mesmo diante de novos formatos de comunicação propiciados pelo avanço da midiatização.”
Veja os detalhes abaixo.
Título: O FIM DA PICADA? Narrativas e produção de sentidos a partir de campanhas de vacinação no Instagram
Aluna: Erika Guedes Farias
Orientadora: Daniela Muzi (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Segundo orientador: Wilson Couto Borges (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
• Dra. Pâmela Araújo Pinto (PPGICS/Icict/Fiocruz)
• Dra. Marina Ramalho e Silva (PPGDC/COC/Fiocruz)
• Dra. Flávia Clemente de Souza (PPGMC/UFF)
Suplentes
• Dra. Izamara Bastos Machado (PPGICS/Icict/Fiocruz)
• Dr. Pablo Ricardo Monteiro Dias (PPGCOMPro/UFMA)
Data: 27/05/2025 – 3ª feira | Horário: 9h
Local: Sala 402 – Prédio Sede Campus Maré
Resumo: Esta dissertação investiga as narrativas encontradas nos circuitos comunicacionais de campanhas de vacinação produzidas pelo Ministério da Saúde (MS), e publicadas em seu perfil no Instagram. O objetivo é analisar aquilo que emerge das publicações e os sentidos socialmente produzidos, a partir das informações circulantes e apropriadas pelos seus seguidores, em um cenário contemporâneo de hesitação vacinal.
Buscou-se diagnosticar como o campo da Comunicação e Saúde tem se transformado ao longo do último século; o quanto a midiatização profunda (Hepp, 2020) vivenciada atualmente influencia a circulação de informações e memórias, que fundamentam os sentidos produzidos; como determinadas percepções atravessam o tempo e são trazidos à tona por meio das escolhas enunciativas; além de descrever o dialogismo e a interlocução que tem havido entre o MS e a sociedade. Para isso, foi desenhada uma matriz analítica, na qual quatro marcos definiram um recorte temporal que originou a seleção de 15 postagens do MS, de uma amostragem inicial de 106.
Com auxílio da ferramenta exportcomments.com, foram coletados 10.307 comentários, que a partir de uma seleção de temáticas que fornecessem melhores substratos analíticos à questão do receio/recusa vacinal, foram reduzidos a um corpus de 165 comentários. As publicações e os comentários passaram por uma análise de dupla camada, sendo a primeira delas, voltada às questões resultantes da midiatização e das particularidades das mídias sociais; e a segunda, pelo instrumental da Narratologia, a partir do aspecto da memória que é convocada nas narrativas, diante do que se quer trazer à luz ou deixar à sombra (Ricoeur, 2007).
Como resultados, foram destacados aspectos que apontam o caráter cíclico de comportamentos que retornam a partir de memórias culturais, como por exemplo, os acontecimentos que serviram como pano de fundo para a Revolta da Vacina, em 1904; o papel da imprensa e/ou da industrial cultural na construção do medo e na circulação de sentidos; a disputa sobre o que é científico e sobre seu caráter mutável; o peso de discursos proferidos por líderes políticos; ou o quanto sentimentos envolvidos com outras epidemias/pandemias podem retornar. No que tange ao que preconiza o campo da Comunicação e Saúde, notou-se uma manutenção de um formato comunicativo que permanece instrumentalizando a comunicação à serviço da saúde, tornando este fluxo verticalizado e unidirecional.
Como resultado, constatou-se uma marginalização de grupos que temem os efeitos colaterais de determinados imunizantes, como “aqueles que acreditam em informações absurdas” e “disseminam fake news”. Diante desses resultados, concluiu-se que, mesmo em governos progressistas e comprometidos com o aumento dos índices vacinais, ainda é necessário reforçar as práticas do dialogismo e interlocução nas ações comunicacionais, para que os contextos sociais possam ser considerados e respeitados, e para que se possa romper com um formato campanhista que permanece em atividade, mesmo diante de novos formatos de comunicação propiciados pelo avanço da midiatização. Em suma, a pesquisa reforça que, para que o indivíduo possa ser legitimado nas ações comunicacionais, e para que a comunicação como um direito possa ser, de fato, estabelecida, a interface com a população precisa ser respaldada pelos princípios do SUS – o que requer troca e escuta.
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[5] https://iacs.uff.br/programa-de-pos-graduacao-em-midia-e-cotidiano/
[6] https://portalpadrao.ufma.br/ppgcompro