Icict realiza seminário sobre acesso aberto ao conhecimento

por
Fernanda Marques (AFN) - Fotos: Vinícius Marinho e Amanda Simões (Multimeios)
,
04/06/2014

Foi realizado no dia 30/5, como parte da programação de aniversário de 114 anos da Fiocruz, o seminário “Viabilizando o acesso aberto ao conhecimento”. Iniciativa das coordenadoras do Arca - Repositório Institucional da Fiocruz- Ana Maranhão e Viviane Veiga, do Icict, o evento vem complementar a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz, lançada no dia 28/5, e teve como objetivos apresentar os princípios que regem o acesso aberto no mundo e na ciência, a experiência de outras instituições no Brasil e no mundo e o Plano Operativo do Arca, destacando o papel dos Núcleos de Acesso Aberto ao Conhecimento (NAACs).

Abriram o evento a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e o diretor do Icict, Umberto Trigueiros. A parte da manhã foi reservada às palestras dos professores Eloy Rodrigues, da Universidade do Minho (Portugal) e Sueli Mara Ferreira, da Universidade de São Paulo.  

Ana Maranhão e Viviane Santos - coordenadoras do Arca

“A Fiocruz se apropriou de experiências internacionais para construir a sua política de acesso aberto, discutida em vários fóruns dentro da Fundação visando a iniciativas convergentes. Buscamos construir uma rede ampla com nós bastante fortes para fazer acontecer a nossa política no dia a dia da instituição”, afirmou Nísia Trindade.

Umberto Trigueiros e Nísia Trindade

Segundo Umberto Trigueiros, apesar das dificuldades, relacionadas tanto à cultura institucional quanto às questões estruturais, foi possível acelerar o processo de operacionalização do Arca. “Núcleos de acesso aberto já estão organizados em todas as unidades da Fiocruz, bem como estabelecemos os princípios da nossa política de acesso aberto e do nosso repositório. Não se trata de uma engenharia fácil; ainda temos um longo caminho pela frente, com muitos desafios; mas também já temos bons sinais. Nesse sentido, esse seminário é um marco para o arranque e a concretude da nossa política”, complementou.

Dando início ao evento, Eloy Rodrigues, professor da Universidade do Minho (Portugal), proferiu a palestra “O acesso aberto ao conhecimento: onde estamos e por onde vamos?”, em que falou sobre as origens, a evolução e o momento atual do acesso aberto, que pode ser definido como a disponibilização livre na internet de resultados de pesquisas, seja sob a forma de artigos, relatórios, teses etc... Segundo Rodrigues, não se trata mais de discutir se o acesso aberto é ou não necessário: o acesso aberto é inevitável e, agora, a discussão deve ser sobre como atingi-lo.

“Cartas entre ‘pesquisadores’ foram os primórdios da comunicação científica. Em meados do século XVII (1665), surgiram as primeiras revistas científicas. A segunda metade do século XX foi marcada pela profissionalização e comercialização das revistas. A propriedade dessas revistas passou das sociedades científicas para entidades comerciais. Nos anos 1980 e 1990, apareceu uma grande insatisfação com esse modelo: havia muitas revistas e o acesso a elas demandava custos crescentes. Começaram, então, a aparecer os primeiros repositórios”, explicou o professor.

Eloy Rodrigues

Segundo Rodrigues, o acesso aberto aumenta a visibilidade, a utilização e o impacto da produção científica. Também funciona como uma ferramenta para a gestão da atividade científica, embora nos últimos 50 anos não tenha funcionado assim. Para o professor, há duas grandes formas de concretizar o acesso aberto: as revistas de acesso aberto (que, atualmente, somam cerca de 9.700 títulos) e os repositórios institucionais (hoje eles são cerca de 2.600). Desde 2002, observa-se um crescimento significativo tanto das revistas de acesso aberto quanto dos repositórios.

“Nesta última década, verificou-se um progresso notável do acesso aberto. Alguns estudos avaliam que o percentual da produção científica em acesso aberto ainda é inferior a 30%, enquanto outros estimam que esse percentual já estaria acima de 50% em vários países, inclusive no Brasil. O Brasil, aliás, é um dos poucos países onde as revistas de acesso aberto têm maior peso do que os repositórios (trata-se do ‘efeito SciELO’)”, alertou.

Em seguida, Eloy Rodrigues traçou um breve panorama das políticas de acesso aberto ao redor do mundo, como na Europa, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Argentina, México e China. Como considerações finais, o professor destacou a necessidade de novas formas e modelos de comunicação científica, bem como de novas métricas para a avaliação da ciência e da pesquisa. Ele acredita em um ciclo virtuoso, onde mais depósitos nos repositórios provocam uma maior utilização desses repositórios e, consequentemente, estimulam mais pesquisadores a depositarem a sua produção científica.

Sueli Mara Ferreira, professora da USP

Com a palestra “A experiência da USP e o repositório do CRUESP (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas)”, Sueli Maria Ferreira, professora da Universidade de São Paulo (USP), deu início à segunda apresentação programada para o seminário.

Segunda a palestrante, ainda persiste uma falta de compreensão sobre o que é o acesso aberto, e citou como exemplo a USP, que completa 80 anos com sete mil docentes, 17 mil servidores, 100 mil alunos, 11 campi e 6 faculdades, mas onde ainda é um desafio fazer chegar a todos o debate sobre o acesso aberto. Mas o contexto vem mudando.

Sueli Ferreira

“A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações foi lançada em 2001. A partir de 2005, tornou-se obrigatório o depósito, sendo possível requerer o embargo por dois anos (prorrogáveis por igual período). É o repositório mais visitado da USP. Os depósitos dão uma ideia da produção da universidade e são utilizados como dados para o anuário estatístico. Conta atualmente com 60 mil teses e dissertações, embora mais de 120 mil já tenham sido defendidas na universidade”.

Segundo a pesquisadora, o projeto da USP para o acesso aberto seguiu em três frentes: a criação de um espaço de referência com informações sobre o que é acesso aberto (www.acessoaberto.usp.br); o desenvolvimento do Repositório institucional, chamado Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP, sendo que produção intelectual engloba produções científicas, acadêmicas, artísticas e técnicas (www.producao.usp.br); a partir das bases das plataformas SciELO e Web of Science, para abastecimento automático do repositório; e a política de acesso aberto, em que , por enquanto, foi mais trabalhado o lado tecnológico do que a conscientização das pessoas.

Na parte da tarde, foi realizada a mesa-redonda “Os desafios do Acesso Aberto”, com a participação de Rodrigo Murtinho, vice-diretor de Informação e Comunicação do Icict, Eloy Rodrigues, Sueli Mara Ferreira, Dante Cid, Diretor para a América Latina da Elsevier Research Solutions, e Paula Xavier, coordenadora de Informação e Comunicação da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz.

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Vídeo em destaque

Lançamento da Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz

 

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

Logo acesso Aberto 10 anos logo todo somos SUS