Saúde & doença em Nietzsche são temas de simpósio que ocorre dia 5/05

por
Graça Portela
,
24/04/2015

O filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche durante a sua fase produtiva - até os 44 anos - escreveu vários textos críticos sobre religião, moral, cultura contemporânea, filosofia e ciência, utilizando metáforas, ironias e aforismos. Sua trajetória foi interrompida por uma sífilis terciária (ou paralisia geral progressiva) e por outras enfermidades que o atingiram progressivamente até a sua morte.

Para rever o entendimento tanto da própria doença que acometeu o filósofo alemão, quanto da questão saúde-doença em sua obra, tentando reunir contribuições relacionadas com a saúde e a doença na vida, obra e crepúsculo de Nietzsche, o Icict, em parceria com o Instituto de Medicina Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj) e o Grupo de Pesquisa Nietzsche-gambiarra/Fiocruz realizará, dia 5 de maio, terça-feira, de 13h às 19h, o simpósio “Frederico furioso: saúde & doença em Nietzsche”.

O evento multidisciplinar é coordenado por Carlos Estellita-Lins, pesquisador do Icict e professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS)/Icict, e por André Rangel Rios, do IMS/Uerj. Apesar de gratuito, o simpósio tem inscrições limitadas, e se destina “prioritariamente”, segundo explicou Estellita-Lins, “a alunos de pós-graduação e pesquisadores interessados na articulação entre saúde coletiva e filosofia”.

A abertura será feita pelo filósofo Francisco Ortega (IMS/Uerj), seguida de três mesas redondas: “Diagnósticos atuais da enfermidade”, que fará uma revisão do debate sobre o diagnóstico da enfermidade que acometeu Nietzsche, com Charles André (UFRJ), André Rangel Rios (UERJ-IMS) e Rossano Cabral (UERJ-IMS). Às 14h30, “Saúde, doença e patografia”, com José Nicolau Julião (UFRRJ), Rogério Henriques (PUC–PR), Carlos Estellita-Lins (Icict/Fiocruz) e Luciano Monteiro (Casa de Oswaldo Cruz – COC/Fiocruz), que colocará em questão a patografia (estudo retrospectivo de “casos clínicos focados na biografia de determinada personalidade famosa portadora de transtorno mental, com objetivo de apresentar elementos psicopatológicos interessantes e o significado destes para sua obra" (ABP, 2000)) e a experiência do adoecimento; incluindo suas ressonâncias fenomenológicas e existenciais – como a loucura de Nietzsche foi progressivamente incluída em sua obra.

A terceira e última mesa – “Cultura, sofrimento e dor” – que começará às 16h, contará com Charles Feitosa (UNIRIO), Arlinda Moreno (Ensp/Fiocruz), José Thomaz Brum (PUC–RJ) e Rosa Maria Dias (do Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PPGFIL/Uerj), que debaterá os aspectos da filosofia de Nietzsche que se articulam especialmente com as noções de saúde e doença em seu pensamento mais tardio.

A partir das 17h30, serão exibidos filmes que falam de Nietzsche, de cineastas como o brasileiro Julio Bressane (“Dias de Nietzsche em Turim”, 2001), o alemão Hans-Jürgen Syberberg (“Nietzsche’s Frohliche Wissenschaft”, 1999), o francês Jean Rouch “Dionysus”, 1986), o também brasileiro Fáuston da Silva ("Meu amigo Nietzsche", 2012), além dos programas Porta dos Fundos (“Testemunha de Darwin”, 2015) e do videoarte do grupo Gambáfugiu (“Rosaas 1, 2 & 3”, 2011).

O pesquisador do Icict, Carlos Estellita-Lins em entrevista ao site falou sobre o simpósio e o que abordará em sua apresentação:

Qual a importância de se discutir "saúde & doença em Nietzsche"?

O pensamento de Nietzsche tem enorme importância no século XX. Sua reflexão será retomada por Heidegger, Löwith, Jaspers, Foucault, Derrida e Deleuze, entre muitos outros. As questões de arte e política têm sido bastante consideradas, contudo o tema da doença e da “Grande Saúde” é menos explorado. Possivelmente a obra de Georges Canguilhem representa esta vertente e permanece pouco conhecida no Brasil apesar do estudo pioneiro de Roberto Machado. A criação do grupo de pesquisa sobre “filosofia e processo de adoecimento” na Fiocruz acabou propiciando este evento. Buscamos deste modo acompanhar e reabertura do debate sobre a enfermidade que acometeu Nietzsche.

Na mesa na qual o senhor participará, será colocada a questão da patografia e a experiência de adoecimento. No campo da comunicação e saúde, o que isto representa e, em especial, em Nietzsche?

Acredito que há uma promessa de contribuição relevante para o campo da comunicação e saúde no que concerne às narrativas de adoecimento em geral, seja sob a forma de testemunho literário, cinematográfico ou jornalístico. O foco em narrativas ganha acuidade quando reconsideramos conceitos nietzschianos fundamentais (dionisíaco, pathos, vontade-de-potência, amor fati). A questão da biografia e em especial da patografia constitui um tema de investigação ainda pouco explorado na discussão sobre saúde e adoecimento. Sua dimensão psicopatológica - existencialista, fenomenológica ou psicanalítica – tangencia a recepção polêmica da obra de Nietzsche.

O simpósio “Frederico furioso: saúde & doença em Nietzsche” acontecerá no anfiteatro do 6º andar, do Instituto de Medicina Social, da Uerj, que fica na Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão João Lyra Filho, Bloco E, no Maracanã. A entrada é gratuita.

 

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Icict_IMS-UERJ - Simpósio Nietzsche

Simpósio “Frederico furioso: saúde & doença em Nietzsche” - 5/05/2015, 3a. feira, de 13h as 19h, na UERJ. O evento multidisciplinar é coordenado por Carlos Estellita-Lins, pesquisador do Icict e professor do PPGICS/Icict, e por André Rangel Rios, do IMS/Uerj.

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

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