Sinitox completa 35 anos

por
Alexandre Ressurreição
,
30/06/2015

Uma história de lutas contra o cenário brasileiro de intoxicação


(Foto: Raul Santana/Fiocruz Imagens)

Plantas tóxicas, intoxicação por medicamentos, intoxicações infantis, agrotóxicos, acidentes com animais peçonhentos e casos de óbitos por envenenamento integram a pauta do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox/Icict), ao longo de 35 anos de história. Sistema mais antigo de informação sobre intoxicações e envenenamentos no país, o Sinitox atua desde 1980, quando, por intermédio do Ministério da Saúde (MS), foi celebrado um contrato entre a Fiocruz e a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul para implementar Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATs) em âmbito nacional.

O avanço do Sistema, de acordo com a coordenadora Rosany Bochner, tornou-se possível devido a dois fatores relevantes. O primeiro foi o aumento do número de CIATs, passando de três para 35 unidades, permitindo a consolidação do Sistema. O segundo foi a criação, em 2005, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), que estruturou o funcionamento desses centros, definindo normas e diretrizes operacionais.

Apesar do crescimento e da estruturação do Sistema, as estatísticas elaboradas sofrem atrasos na divulgação, sendo um grave problema enfrentado pelo Sinitox. Segundo a coordenadora, o envio dos dados pelos CIATs ao Sinitox é feito de maneira voluntária, ou seja, não há nenhuma obrigatoriedade nessa tarefa, o que repercute em atrasos. “Em função das deficiências orçamentárias, eles muitas vezes não dispõem de pessoal para compilar os dados”. Rosany acredita que a implantação de um sistema informatizado minimizaria os atrasos na divulgação das estatísticas.

(Foto: Vinícius Marinho)

Enquanto essas melhorias não são possíveis, o Sinitox se empenha para otimizar a difusão da informação, mesmo que parcialmente. No início de 2015, o Sistema divulgou as estatísticas de 2012 e concentrou esforços na publicação dos dados do ano seguinte. Embora as informações reflitam a realidade de anos anteriores, o trabalho do Sinitox tem auxiliado as reflexões sociais sobre intoxicação e envenenamento. Rosany analisa que “apesar das limitações, no que se refere às subnotificações e aos atrasos na divulgação dos dados, o Sinitox é capaz de apontar os principais agentes tóxicos aos quais a população é exposta, assim como o perfil epidemiológico das vítimas”.

Os dados do sistema vêm apresentando um papel de destaque, tanto no campo da pesquisa, como na gestão de serviços públicos, pela atuação do Sistema no cenário nacional de prevenção contra intoxicações. “Ao longo do tempo, essas informações embasaram diferentes políticas públicas, em prol da saúde da população. Inúmeras dissertações e teses contaram com os dados do Sinitox, para abordar questões de interesse na saúde pública”, comenta a coordenadora.

Além disso, as estatísticas do Sinitox deram suporte a notícias e reportagens veiculadas pela mídia, alertando à população sobre os riscos de intoxicações e envenenamentos causados por vários agentes tóxicos. Rosany menciona que “várias reportagens focadas na prevenção de intoxicações, no uso racional de medicamentos, nas informações sobre plantas tóxicas e no risco de agrotóxicos nos alimentos, dentre outras, foram realizadas pela mídia impressa, TV, rádio e web, com a participação ativa do Sinitox”.

  (Fotos: Vinícius Marinho)

Desde a primeira estatística nacional, em 1985, até os dias atuais, o Sinitox vem ganhando reconhecimento por seu papel estratégico nos dados de intoxicação notificados no Brasil. De lá pra cá, uma grande conquista foi a divulgação desses dados em sítio eletrônico, a partir de 1999, ampliando a sua difusão e acesso no território nacional. O site tornou-se o principal canal do Sinitox com seus diferentes públicos.

No ano em que comemora 35 anos, o Sinitox lança uma nova versão do site. “Dentre as novas funcionalidades previstas teremos o Banco de Óbitos; o Banco de Casos, dados de outros sistemas nacionais de informação que contemplam casos de intoxicação e envenenamento; materiais educativos disponíveis para download, inclusive jogos didáticos; dissertações e teses que utilizaram dados do Sistema; normas jurídicas que referenciam os dados do Sinitox em suas justificativas”, comenta a coordenadora do Sistema, acreditando que o novo site será um marco no esforço de divulgação do sistema.

E as novidades não param por aí. O Sinitox pretende se tornar um observatório de intoxicações e envenenamentos. Para Rosany, o primeiro passo é reunir os dados disponíveis nos vários sistemas de informação. “Uma vez implementado, o observatório deve funcionar como sentinela para ações de prevenção e controle desses agravos”, diz a coordenadora.

“Essas iniciativas foram viabilizadas graças às parcerias firmadas com a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz); o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (CTIC/Icict) e o Multimeios”, finaliza Rosany Bochner

Informar para prevenir

Parcerias recentes entre o Sinitox e escolas têm produzido bons resultados no campo da informação. Entre eles, o livro “Plantas Tóxicas ao alcance de crianças: transformando risco em informação”, publicado em 2013, que catalogou as 23 plantas tóxicas mais encontradas em escolas públicas municipais do Rio de Janeiro, e a premiação recebida por alunos e professores de Duque de Caxias (RJ), na Feira Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2014, utilizando materiais de apoio fornecidos pelo Sinitox, no projeto de pesquisa “Cuidado! Plantas tóxicas em nossos jardins”.

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Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

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