Desde 1990, quando a então Superintendência de Informação Científica (SIC) foi constituída por iniciativa de Sergio Arouca, se observa que a comunicação passa de instrumento de difusão da informação científica e tecnológica em saúde e prestação de serviço para a comunidade de Manguinhos e a sociedade, a campo de investigação acadêmica e processo de gestão.

De acordo com o Relatório de Atividades 1990, em sua estrutura organizacional inicial a Superintendência foi composta por órgãos e setores até então vinculados à Presidência da Fiocruz, que incluíam as bibliotecas da Fundação (Manguinhos, Saúde Pública, Saúde da Mulher e da Criança, Gonçalo Moniz e Aggeu Magalhães), o Multimeios (gráfica e programação visual) e, em 1988, o Centro de Informações para a Saúde – para a estruturação do acervo de materiais em vídeo da própria Fundação e de cópias de materiais audiovisuais disponíveis no país. Ainda segundo o mesmo documento, nos primeiros quatro anos foram criados o Centro de Computação Científica e incorporados à estrutura da SIC o Programa Nacional Integrado de Informação Tóxico-Farmacológicas e o Núcleo de Vídeo da Presidência da Fiocruz.

Se havia a percepção de que a arregimentação de projetos e setores heterogêneos que trabalhavam a informação e a informática, em seus diferentes aspectos, originara uma estrutura fragmentada e desarticulada, o viés tecnológico da estrutura da SIC levou os gestores de então a proporem a criação do Infocruz, unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Informação da Fiocruz. Segundo o documento de 1990, o Infocruz priorizava “o processo interno de produção, tratamento e disseminação de informações em C&T e o acesso a bancos de dados nacionais e internacionais”, a fim de que a então SIC pudesse atuar como unidade técnico-científica responsável pela “formulação, implantação, manutenção, avaliação e reconstrução do Sistema de Informação C&T da Fiocruz”.

A comunicação, naquele momento, surgia subliminarmente como instrumento de disseminação de informações em C&T – uma vez que a proposta do Infocruz era fomentar um ambiente participativo de toda a Fundação através da criação de um Conselho de Informação em C&T e de um Comitê da Informática de Usuários – ou como prestação de serviço, principalmente através do Multimeios e do Núcleo de Vídeo.

Dez anos depois da publicação deste documento inicial, já constituído como unidade técnico-científica da Fiocruz, o Icict, após a realização de sua 3ª Oficina de Gestão,  recomendava “projetar o futuro do Icict com base na reflexão sobre o papel estruturante das dimensões informação e comunicação para a saúde”, instituindo orientações para a elaboração de uma futura política de comunicação para a unidade. Iniciava-se, então, o processo de incorporação da agenda social pelo direito à comunicação, intensificada com a convocação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, em 2009 e a percepção das potencialidades das novas tecnologias de informação e comunicação para o campo da saúde. 

Entrevista: Wilson Couto Borges [8]

Chefe do Laces avalia que a comunicação ainda é convocada para melhorar a "entrega" da informação à população