ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Renato Noguera apresenta aula inaugural na Biblioteca de Manguinhos. Foto: Raquel Portugal - Multimeios/Icict

Trabalhadores e estudantes do Icict estiveram juntos para celebrar o aniversário de 38 anos da unidade em torno da aula inaugural da unidade, realizada na quinta-feira, 11/4, no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos.

Proferida pelo filósofo Renato Noguera, pesquisador e docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a sessão articulou um diálogo importante sobre as potencialidades de um ambiente educacional e de produção do conhecimento em ciência e saúde mais solidário e permeado por relações de afetos.

A vice-diretora de Educação, Mel Bonfim, saudou a comunidade participante lembrando da importância não só acadêmica do evento, mas também simbólica e política. “Queremos trazer para o centro do debate a cultura e o saber dos povos originários, dos povos tradicionais e das favelas”. Acolhendo ao convite feito pelo Ensino e direção do Icict, o palestrante abordou o tema dos afetos a partir de um panorama amplo de teorias e sistemas de pensamento, para além dos conceitos ocidentais relativos ao assunto. A ideia foi pensar uma descolonização dos afetos.

Como um exemplo, Noguera abordou a questão da competitividade na produção de conhecimento. “A concorrência é uma tecnologia muito forte nas matrizes do pensamento ocidental; e ela tem a ver com um monopensamento”, apontou o filósofo, que trouxe diversos outros conceitos, como o polidiálogo, como forma de pensar a educação e a saúde por meio de confluências.

O debate teve mediação de Igor Sacramento, pesquisador do Icict e coordenador do programa de pós-graduação em Informação e Comunicação e Saúde, que comentou a virada afetiva percebida na produção das ciências contemporâneas. “Em várias dimensões, pode-se perceber o amor como forma de construções mais democráticas, em oposição à emergência aos discursos de ódio, que desestruturam as coletividades e as democracias”, ressaltou, destacando a atividade como possibilidade de resistência a esse contexto.

Homenagens à Ilma Noronha

Vice-diretora de Ensino, Mel Bonfim, homenageia Ilma Noronha, durante abertura da Aula Inaugural do Icict. Foto: Raquel Portugal - Multimeios/icict.

A aula inaugural foi a primeira atividade do Ensino do Icict após o falecimento da ex-diretora da unidade, Ilma Noronha (1951-2024), ocorrido em março. “Vivemos o luto da perda recente da nossa ex-diretora, que a gente não pode deixar de registrar. Ilma vive em nós, em todos aqueles que se permitiram ser tocados pela sua garra, pela sua luta, pela sua força, pelas suas ideias, pelo seu projeto”, declarou Mel Bonfim.

“É um momento muito marcante para a gente. Temos trazido em todas as atividades a importância da trajetória de Ilma Noronha para a história desses 38 anos do Icict, de onde foi primeira diretora eleita e responsável pela transformação do instituto em unidade técnico-científica da Fiocruz. Foi na gestão dela que nasceram várias iniciativas que hoje são alicerce das nossas atividades, como o próprio programa de pós-graduação”, enumerou Rodrigo Murtinho, diretor do Icict.

“Ilma também foi uma militante que atuou contra a ditadura militar. E nesse ano em que o golpe civil-militar completa 60 anos, precisamos não esquecer episódios como o Massacre de Manguinhos, em que cientistas sofreram perseguição política.  Precisamos estar sempre lembrando para que as novas gerações entendam a importância da democracia e de instituições como a nossa”, completou Murtinho.

O Icict coordenou a nova edição do livro ‘O Massacre de Manguinhos’, de Herman Lentt, e está disponível para leitura em acesso aberto. Algumas cópias foram sorteadas para participantes do evento.

Os estudantes também foram cumprimentados pela coordenadora de educação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Eduarda Cesse, que destacou as ações de permanência dos estudantes após entrada nos cursos da Fundação, por meio do Centro de Apoio Discente, da Fiocruz. “A gente precisa acabar a ideia de uma relação com a pós-graduação baseada em sofrimento”, convidou.

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