Aumento das doenças infecciosas preocupa pesquisadores de diferentes países

por
Rafael Cavadas
,
14/02/2006

Entre os dias 13 e 15 de fevereiro, pesquisadores dos cinco continentes se reuniram no Rio de Janeiro para discutir o avanço das doenças infecciosas pelo mundo e a atenção à saúde e suas estratégias de consolidação. O Simpósio Internacional Equitable Access to Health Care and Infectious Disease Control: Concepts, Measurement and Interventions ficou marcado pelo debate em torno da eqüidade em saúde e a necessidade de refletir como os determinantes sociais afetam a saúde pública nos diferentes países.

De acordo com a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Dra Maria do Carmo Leal, a ciência acompanhava um declínio no número de casos de doenças infecciosas que vinham sendo substituídas por doenças crônicas como o câncer e a diabetes. Porém, a aproximação das fronteiras, o maior fluxo de pessoas entre os países e a recente ocupação de áreas inabitadas tornou os agentes infecciosos mais resistentes aos tratamentos tradicionais, aumentando o número de doentes por infecções. “A importância dessa reunião é refletir sobre os modelos, e mostrar a diversidade e complexidade da questão”, afirma a respeitada pesquisadora da área.

Para a organizadora do evento e pesquisadora do Centro de Informação Científica e Tecnológica (CICT), Claudia Travassos, o avanço das doenças infecciosas deve ser discutido a partir de diferentes estratégias de prevenção conforme as características geográficas e sociais de cada população. Outra pesquisadora do CICT que reforçou o respeito às particularidades de cada população foi Célia Landmann. “Não é possível prever a mesma estratégia de saúde para uma população carente do Recife e do Rio de Janeiro. As realidades são diferentes. O perfil da mortalidade infantil nesses dois municípios, por exemplo, é diferente”, afirma Célia. 

O presidente da Fiocruz, Dr. Paulo Buss, também participou do simpósio e chamou atenção para a importância da informação científica em saúde para gerar novas políticas de governo voltadas para a eqüidade em saúde. Paulo Buss elogiou a iniciativa de reunir representantes de instituições como a Organização Mundial de Saúde, a Organização das Nações Unidas, a Fiocruz e o TDR (programa especial para pesquisa e treinamento em doenças tropicais) para discutir os determinantes sociais, fundamentais para a saúde coletiva. “Saúde Coletiva não é somente uma questão biológica, é também uma questão de saneamento básico, meio ambiente, educação e habitação”. 

Outro que passou pelo simpósio e falou sobre o avanço das doenças infecciosas foi Álvaro Matida, secretário executivo da Abrasco (Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva) e um dos organizadores do 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e o 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva que serão realizados em agosto, no Rio de Janeiro. Álvaro pontuou a relevância de levar as discussões do simpósio para uma das 28 oficinas dos congressos. Para ele, em um mundo globalizado casos como a gripe aviária não pode ser discutida senão em uma agenda global. “O que a comunidade científica brasileira e internacional pactua é que não se pode pensar em saúde pública sem ser de forma global”, diz Matida. 

Os congressos organizados pela Abrasco, filiada a WFPHA (World Federation of Public Health Associations), irão acontecer entre os dias 21 e 25 de agosto, no Rio Centro, e contarão com alguns membros do Simpósio como Claudia Travassos e Jorge Bermudez, além do esperado presidente da Comissão Mundial de Determinantes Sociais, Michael Marmot.       

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