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Foi realizado, de 23 a 25/4, na sede da Embrapa, em Brasília, o 1º Encontro Brasileiro de Prospectiva e Planejamento Estratégico. O encontro, coordenado pela Fiocruz, é o primeiro evento da Rede Brasileira de Prospectiva (RBP), conjunto de instituições públicas e privadas que atuam na área de planejamento estratégico de médio e longo prazos, nos campos das políticas públicas, indústria, produção científica e tecnológica, educacional e agrícola, entre outras. O objetivo da RBP é consolidar a proposta do pensamento estratégico no Brasil por meio de encontros presenciais e virtuais, a fim de estimular a reflexão acerca da importância da prospectiva para o desenvolvimento das organizações e da sociedade.
Este primeiro encontro da rede, cujo objetivo é também alavancar a constituição de uma Escola Brasileira de Planejamento de Longo Prazo, é um desdobramento do Simpósio Internacional "Gestão estratégica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde", realizado pela Fiocruz em 2011, no Rio e em Brasília, com a participação do maior especialista em prospectiva estratégica da atualidade, o francês Michel Godet. Por meio da exposição de cases, o encontro promoveu debates e reflexões sobre a importância do pensamento prospectivo para o desenvolvimento das organizações que integram diferentes setores da sociedade.
Participaram do evento representantes de instituições integrandes da RBP, como o Instituto de Desenvolvimento Sustentável, Renault, Eletrobrás, Embraer, Ipea, Inmetro, Instituto Sagres, Sesi e Senai, além da Embrapa, da Fiocruz e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
A sessão plenária de abertura do encontro contou com a presença do embaixador da França, Yves Saint-Geours, do secretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Pérsio Davison, do chefe da Secretaria de Gestão Estratégica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Roberto Sainz, do superintendente da Área de Gerenciamento Estratégico do Banco do Nordeste, Sergio Forte, do vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Pedro Barbosa, e de Wagner Martins, coordenador de Gestão da Fiocruz Brasília e coordenador geral do evento. A plenária foi seguida das palestras "Germes de futuro: o que do amanhã já se pode saber hoje", ministrada pelo cientista chefe da IBM Brasil, Fábio Gandoun, e "Biologia Sintética", apresentada pelo pesquisador do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Marco Krieger.
Segundo o representante da Embrapa, Roberto Sainz, a empresa, como organização de ciência, inovação e tecnologia baseada no conhecimento, sempre defendeu a prospectiva e o planejamento estratégico. "O Brasil é hoje uma potência agrícola em grande parte devido ao planejamento estratégico baseado na prospectiva de cenários futuros. Nossa responsabilidade é continuar construindo o futuro deste país, que de importador de alimentos, há 40 anos, é hoje o maior exportador agrícola do planeta".
Para o coordenador do encontro, Wagner Martins, o evento é a oportunidade de se aprender com experiências de instituições que souberam olhar o futuro sabendo que ele se constrói no cotidiano. "Precisamos de uma visão compartilhada de futuro para que o Brasil ganhe cada vez mais destaque nesse mundo globalizado. Quem sabe um dia não teremos aprovado no Congresso Nacinal um plano de desenvolvimento de longo prazo para o país?", sugeriu.
"Temos no Brasil experiência acumulada no âmbito da prospectiva e na perspectiva de longo prazo. A Fiocruz se engajou nesse debate recentemente. Em 25 de maio próximo, no aniversário de 112 anos da Fundação, lançaremos o primeiro material fruto de estudos de vários especialistas no campo da saúde pública e em áreas correlatas ao campo da saúde, sistematizando um conjunto de análises para as próximas décadas. Buscamos cumprir, assim, o papel da instituição enquanto organismo estratégico de Estado vinculado ao Minstério da Saúde. Procuramos acompanhar as iniciativas de tantos outros organizmos que têm colaborado para que este país, de fato, alcance um padrão à altura das exigências que nossa população apresenta", acrescentou o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Pedro Barbosa.
Yves Saint-Geours, embaixador da Fraça no Brasil, ressaltou a importância do simpósio realizado pela Fiocruz em 2011, quando se concebeu a RBP e a realização deste primeiro encontro. Segundo ele, a embaixada da França sempre apoiou a criação da rede. "O conceito de prospectiva estratégica ganhou força na Europa, principalmente na França, após a 2ª Guerra Mundial. Para nós, franceses, o planejamento de longo prazo é algo muito importante, porque consideramos que as políticas públicas de urbanismo, de ocupação territorial, de desenvolvimento sustentável, com vistas ao planejamento das cidades e à organização do espaço comum, protegerá as populações de eventos aleatórios e também o meio ambiente".
O embaixador francês citou um exemplo de prospectiva, adotado pelo ministério do Meio Ambiente Francês, que há seis elaborou um programa para antecipar as possíveis evoluções a longo prazo dos problemas ambientais. "Na Rio + 20 vamos debater sobre esse novo modelo de vida e de desenvolvimento sustentável, com essa visão ampla da vida das populações, das políticas públicas e de desenvolvimento humano. Posso adiantar que a escola de prospectiva da França está pronta para apoiar o Brasil e trocar experiências".
"Fazer esse primeiro encontro na casa da Embrapa é muito emblemático, pois a Embrapa é uma instituição que percebeu os desafios e construiu o presente a partir deste percepção de planejamento de longo prazo", comentou o representante da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Pérsio Davison. Ao analisar a atual conjuntura do País, o secretário considera que o Brasil de hoje está em uma posição melhor no contexto da sustentabilidade e do desenvolvimento, porque houve mudança de paradigmas. "Tínhamos uma economia que inibia os que possuíam uma visão mais estratégica de futuro. Agora, o crescente desenvolvimento nos coloca um contexto mais complexo".
Segundo Pérsio Davison, não é possível mais hoje pensar em desenvolvimento sem a inclusão da sociedade em sua pluralidade. "Também temos que pensar que futuro a sociedade deseja, e como atuaremos no presente momento para que se atinjam essas realidades.Planejar o futuro não é uma questão técnica, de diagnóstico, mas uma responsabilidade do Estado. Temos que ter a capacidade de constituir uma política de desenvolvimento sustentável de longo prazo que atenda as gerações presentes, mas que nos prepare para atender as perspectivas das gerações que nos sucederão", analisou.
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