Icict de portas abertas para 2012

por
Jamile Chequer
,
03/01/2012

Em entrevista à Assessoria de Comunicação Social do Icict, Umberto Trigueiros Lima, diretor do Icict, faz um balanço do ano e projeções para 2012.

Como você avalia o ano de 2011 para o Icict?

Foi um ano de muito trabalho. O Icict comemorou  25 anos  e realizamos muitas atividades de interesse para a saúde pública, como palestras e eventos científicos, que repercutiram positivamente na Fiocruz e atraíram um expressivo público externo. Reunimos mais de mil pessoas para os eventos da unidade, trazendo debates sobre questões ligadas ao campo da comunicação e da saúde, nossa missão e desafio dentro da Fiocruz. Essa discussão é recente do ponto de vista histórico e o Icict, como instituição acadêmica e produtiva do SUS, tem o papel instigador de aprofundar essas questões.

Poderia falar sobre alguns dos eventos?

Realizamos a abertura do ano letivo do Icict com uma palestra do sociólogo Sergio Amadeu sobre o acesso aberto à informação em meio digital. Lançamos o Repositório Institucional da Fiocruz, que busca garantir o acesso livre à informação científica e tecnológica, reunindo as produções científicas e acadêmicas em uma plataforma de fácil acesso, e o Laboratório de Digitalização de Obras Raras.

Discutimos o papel dos três Observatórios do Icict. Um deles foi o Observatório Saúde na Mídia, desenvolvido por nosso Laboratório de Comunicação e Saúde em articulação com a Fiocruz de Brasília e Recife, no qual analisamos o discurso da mídia no tratamento das questões de saúde.

Realizamos um seminário sobre o uso das redes sociais na internet, hoje importantes  ferramentas de comunicação. Promovemos um semináiro sobre games e saúde, no qual analisamos os jogos como instrumentos de prevenção e planejamento de ações em saúde pública. Também discutimos a importância da tevê pública para a democratização da informação. Além disso, realizamos o primeiro evento TEDx no Brasil sobre saúde, com o objetivo de difundir ideias inovadoras na área.

Como foi o trabalho do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) neste ano?

Gostaria de chamar a atenção para as qualificações dos primeiros alunos de doutorado e a formação dos primeiros mestres pelo PPGICS. Isso é um marco na história do instituto e significa um importante avanço nesse recente projeto do Icict. A proposta de diálogo entre comunicação, informação e saúde é um desafio que decidimos enfrentar. O PPGICS tem alcançado bons resultados, está se consolidando e obtendo reconhecimento no campo acadêmico.

O Icict está investindo bastante no segmento do ensino?

Sim. Essa área ficou mais robusta, promovemos diversos cursos e estamos trabalhando para atendermos as demandas que recebemos. Para nós, o investimento no ensino é decisivo, porque capacitamos as pessoas para terem um olhar de comunicação, saúde e informação ao mesmo tempo e a demandas específicas para a formação de pessoal para o SUS. Isso é inovação. O nosso curso de Pós-Graduação stricto sensu é o único de comunicação e informação em saúde no Brasil.

No que diz respeito aos serviços do Icict, quais você aponta como destaques este ano?

Nós montamos, com recursos da unidade, um Laboratório de Digitalização de Obras Raras no Serviço de Comunicação Visual e capacitamos profissionais para operacionalizar o processo. Começamos a digitalização de um acervo valioso, que comporta obras do século XVI, por exemplo. Esse projeto tem o objetivo de preservar o acervo e torná-lo mais acessível.

Estamos investindo no funcionamento da coordenação técnica da Rede de Bibliotecas da Fiocruz, sob a responsabilidade do Icict. Com isso, pretendemos uniformizar normas e procedimentos técnicos e acadêmicos, gerar maior economicidade e melhorar a eficácia e a governabilidade, além de facilitar e otimizar o acesso do usuário aos acervos das bibliotecas. Em conjunto com essa coordenação temos apreservação de acervos bibliográficos, uma atividade muito importante para Fiocruz.

Foram finalizados diversos importantes produtos em audiovisual, não é?
 
Sim. O Icict investe nesse tipo de produto por meio da VideoSaúde, porque acredita que o audivisual é um mecanismo importante na comunicação em saúde. Por isso produzimos, estimulamos e realizamos vídeos e mostras de vídeos.

Este ano ganhamos um prêmio na categoria “Melhor Filme de Curta Metragem de acordo com o Júri Popular" no Festival Internacional de Cinema de Arquivo, pelo vídeo-documentário “Cinematógrafo brasileiro em Dresden”. O documentário, realizado em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz, era um sonho antigo de resgate das imagens sobre algumas ações em saúde pública no Brasil, algumas raras, levadas por Oswaldo Cruz, em 1911, para Dresden.

Concluímos 10 documentários por meio de uma parceria entre a VideoSaúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde sobre doenças negligenciadas, e estamos trabalhando para realizar mais 12 documentários em 2012. E também fomentamos o documentário “Alzheimer, mudanças na comunicação e no comportamento”,  em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e com a Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer, Doenças Similares e Idosos Dependentes, dirigido a cuidadores de pacientes com a doença.

E as pesquisas e programas desenvolvidos pelo Icict?

Temos muitos projetos importantes como o Rebec, uma plataforma de registro de ensaios clínicos no Brasil lançada em 2011, o Proqualis, sobre segurança do paciente, fundamental para a melhoria dos serviços em saúde, o Sinitox, uma rede de informações com dados sobre intoxicação tóxico-farmacológica. Além disso, temos como programa estratégico da unidade o Centro de Tecnologia em Informação de Bancos de Leite Humano, cuja missão é elaborar sistemas para a gestão de bancos de leite humano da Rede de Bancos de Leite Humano. Esses e outros projetos foram iniciados antes de 2011, mas alguns receberam novos aportes financeiros. Essa renovação não é burocrática, mas relacionada aos resultados destas iniciativas.

Outra pesquisa desenvolvida na unidade é o mapeamento das cenas de crack no Brasil, cujos resultados devem ser divulgados em fevereiro, mas preliminarmente já mostram similaridade com o mapa da exclusão brasileira. Também acabamos de criar o Centro de Estudos do Icict, outro passo importante para a divulgação das pesquisas da unidade.

Este ano o Icict recebeu novos servidores. O que isso significa para a unidade?

Tivemos uma participação modesta no conjunto do concurso, mas recebemos 15 novos servidores. Isso injeta novas ideias e posturas na equipe. Tenho observado, ao longo desses anos, que essas entradas oxigenam o instituto, nos renovam. Isso é muito bom.

O Icict também mudou sua estrutura organizacional este ano. De que forma isso contribui para o funcionamento da unidade?

Realizamos uma oficina de gestão e construímos um plano quadrienal a partir do qual implementamos algumas mudanças estruturais. A nossa intenção foi tornar nossa estrutura ainda mais horizontal. Rompemos uma estrutura de "caixinhas" porque acreditamos que a estrutura deve ser facilitadora da ação.

Também reestruturamos nossas linhas de pesquisa de forma a melhorar a gestão dos trabalhos desenvolvidos e estamos estimulando o surgimento de pesquisas a partir das ações e da gestão de saúde, o que significa, por exemplo, que um serviço do Icict pode e deve implementar pesquisas. Todas essas mudanças potencializam as nossas capacidades, uma vez que estamos construindo e fortalecendo setores que trabalham para a saúde pública. Isso cria um espaço colaborativo mais integrado. Espero que possamos, assim, fortalecer a ideia de que o Icict é uma obra coletiva, na qual investimos para aportar projetos para a sociedade, para o país.

Quais são os projetos e desafios para 2012?

Vamos fazer um convênio com a coordenação geral de documentação interna do Ministério da Saúde para digitalizar sua memória de campanhas, pelo nosso Serviço de Comunicação Visual. A atividade também engloba a digitalização de cerca de 700 fitas, muitas ainda em VHS, que serão recuperadas pela VideoSaúde Distribuidora. Isso nos colocará em outra dimensão, estamos prestando serviço diretamente ao SUS, honrando ainda mais o papel da Fiocruz.

Estamos trabalhando na nova versão do Portal Fiocruz e em uma nova intranet, a serem entregues em 25 de maio de 2012, data de aniversário de 112 anos da fundação.

Um desafio será a realização do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, o Enancib, sediado pela Fiocruz sob a coordenação do Icict, em outubro de 2012. Esse é um evento importante para a área e que demandará grande esforço da unidade.

E, ainda, estamos envolvidos em um projeto na área de saúde relacionado com o plano Brasil sem Miséria, do governo federal. Esse é um trabalho muito promissor e seus resultados, sem dúvida, contribuirão bastante para o país.

 

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