Live marcando um ano do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas

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Comunicação Painel Unificador Covid-19 nas Favelas
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20/07/2021

O Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, iniciativa que reúne 24 coletivos periféricos e aliados, realizará uma live interativa marcando um ano do Painel na quinta-feira, 22 de julho, às 14h.

O evento trará uma retrospectiva da pandemia em dezenas de comunidades fluminenses, através dos depoimentos de suas lideranças, e uma atualização sobre a pandemia hoje. Também lançaremos uma nova série de dados históricos, mostrando a evolução da pandemia nas favelas ao longo deste ano. E contaremos a história de luta do Painel.

O evento no Zoom será no formato 'aquário' que possibilita a participação ampla do público. _Moradores, lideranças comunitárias, técnicos de saúde, jornalistas, vereadores, deputados e seus gabinetes, pesquisadores, colaboradores e público geral são todos bem-vindos.

QUANDO: Quinta-feira, 22 de julho de 2021, das 14 às 15h30 horas
SE INSCREVA: https://bit.ly/LIVEPainel1Ano

CONTATO
Site: www.favela.info
WhatsApp 21-991976444
Email: contato@favela.info
Facebook: fb.favela.info
Vídeo: video.favela.info

Conheça a História do Painel Unificador

Este mês o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, desenvolvido através de 24 coletivos de favela e aliados, inclusive com apoio de técnicos da Fiocruz, marca um ano desde seu lançamento. A última atualização do painel, realizada no dia 16 de julho, documenta quase 80.000 casos e mais de 6.000 mortes nas favelas fluminenses desde o início da pandemia, sem contar com as subnotificações e baixa testagem e cobrindo somente 68% dos domicílios em favelas da capital. Quer dizer: os dados reais são ainda mais altos. Assim mesmo, o número de mortes só em nossas favelas chega a ser maior do que em 166 países inteiros desde o início da pandemia. 

A proposta do Painel Unificador surgiu já no início da pandemia, em abril de 2020, quando organizações comunitárias integrantes de projetos organizados pela ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat) relatavam, semanalmente, casos e mortes durante reuniões virtuais, principalmente da Rede Favela Sustentável (RFS). Ao ouvir destes casos, e por estar notificando a pandemia pelo próprio RioOnWatch, a ComCat montou uma planilha para acompanhar os casos noticiados pelas suas redes comunitárias. Juntou-se a estes casos as fontes do Voz das Comunidades e Fala Roça, jornais comunitários que estavam fazendo acompanhamento de casos em várias favelas, além de casos noticiados em jornais. Porém, em nenhum lugar, a prefeitura estava fazendo um levantamento por favelas. Isso apesar de termos sabido, desde o início da pandemia, que as favelas seriam as regiões mais vulneráveis da nossa cidade. 

Para atender essa demanda por dados nas favelas, para que pudessem ser realizadas ações preventivas e de apoio estratégico, e pela falta de ação do poder público, a ComCat começou a se reunir junto com os coletivos e grupos comunitários que estavam na linha de frente da resposta à Covid-19 em seus territórios. Isso em maio de 2020, quando simultaneamente conseguiu, através de parceiros internacionais, conectar com a empresa de mapeamento global, Esri, que cedeu o trabalho de um engenheiro durante um mês para a montagem do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas. 

Durante reuniões semanais destes coletivos em junho de 2020 o Painel foi sendo desenvolvido, a parte técnica por este engenheiro e os dados pelos coletivos, utilizando fontes principalmente compostas de relatores locais. Estes variavam de grupos captando dados por formulários virtuais, a grupos indo de porta em porta, ou analisando dentro do possível os dados da prefeitura. Ainda outros recebiam familiares de doentes em suas sedes e contabilizavam assim, ou levantavam dados em clínicas da saúde locais ou por WhatsApp.

Isso até que finalmente, em 9 de julho de 2020, o Painel foi lançado em coletiva de imprensa virtual, refletindo dados por 123 favelas, com falas dos coletivos integrantes destacando a sua importância. De lá para cá, foram realizadas mais três coletivas de imprensa, cada vez alertando para novos dados e situações de vulnerabilidade preocupantes. Realizar as coletivas é sempre uma decisão coletiva, durante as reuniões semanais (em 2020) e quinzenais (em 2021) dos integrantes. Nestas reuniões, que servem também como espaços de troca de afetos onde a situação pesada da pandemia é relatada através das próprias lideranças locais, momentos críticos ao longo da pandemia foram sendo percebidos antes mesmo de serem relatados na imprensa. Assim foi percebida a importância de se realizar as coletivas. 

Foram também realizadas três campanhas. A primeira #DadosSalvamVidas foi lançada nas redes sociais e é realizada através de um vídeo desenvolvido pelo LabJaca do Jacarezinho. O objetivo: comunicar a importância de coletar dados nas favelas e realizar ações com base nestes dados, que garantam a sobrevivência da população. A campanha também utilizou a hashtag #DadosSãoPoder, pois sem dados, não há política pública.

A segunda campanha #VacinaPraFavelaJá chegou junto das vacinas no Brasil, chamando atenção para os numerosos motivos pelos quais a vacina deveria ser priorizada em territórios de favela. O artista Carlos Latuff realizou a charge solidária da campanha, que foi enviada para todos os vereadores do Rio de Janeiro e assinada por 48 instituições.

Finalmente, foi realizada uma campanha internacional contra a fome e por cestas básicas para os coletivos envolvidos no Painel, trazendo R$10.000 em doações para cestas básicas, muitas das quais foram realizadas em parceria com pequenos produtores agroecológicos da Região Metropolitana do Rio, apoiando “dos dois lados”. 

Aos poucos os integrantes do Painel foram identificando novas fontes de dados. Foi inclusive desenvolvida uma nota técnica pelos voluntários do projeto, e os dados foram liberados para análise por pesquisadores e jornalistas. Grupos novos chegaram para participar das reuniões, como o coletivo de mulheres, A.M.I.G.A.S de Itaguaí, que havia feito o trabalho de coleta de dados em domicílio em cinco favelas, sem lugar para divulgar estes dados, chegando no Painel dando um triste susto ao incluir seus dados, que ficaram em segundo lugar no Painel. Com o tempo, ainda o Painel contou com a expertise de Renata Gracie, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), que desenvolveu uma técnica de identificar “Áreas de Influência de CEP” para qualquer favela, utilizando mapas para realizar uma profunda análise. Através deste levantamento, identificando os CEPs aproximados de serem utilizados, favela por favela pela cidade, e pela parceria com o Covid por CEP que repassa os dados destes CEPs para inclusão, hoje o Painel consegue refletir dados de 330 favelas, 324 delas no município do Rio. 

Atuar próximo aos dados e às pessoas mais responsáveis pela prevenção nos territórios mais vulneráveis da nossa cidade, tem possibilitado uma compreensão maior da pandemia pelos integrantes. Durante as reuniões regulares, a troca de informações é muito rica, esclarecimentos são prestados e o apoio mútuo é garantido. 

É comum a imprensa, que tem chegado em peso para cobrir o impacto da pandemia nas favelas e com isso utilizado bastante os dados do Painel Unificador, chegar em conclusões equivocadas: por exemplo, olhando para o Painel e vendo a Maré em primeiro lugar e presumindo que isso é fruto de um maior contágio na Maré do que em outras comunidades. A verdade é outra: a Maré consta em primeiro lugar por conta da qualidade do levantamento sendo feito lá, onde os dados representados no Painel Unificador são aqueles da ONG Redes da Maré, uma organização grande com presença importante em todas as favelas da Maré, que inclusive conseguiu apoio para realizar a testagem em massa. O fato é que a Maré é talvez a única favela onde os dados se aproximam da realidade. 

Havendo completado um ano de existência do Painel Unificador, os coletivos abriram inscrições para o público para uma nova live, no dia 22 de julho, às 14h, para realizar uma retrospectiva sobre o impacto da pandemia em seus territórios neste ano, e falar do agora. Também será apresentada pela primeira vez uma análise de dados histórica, cobrindo as 330+ favelas hoje contempladas no Painel, desde o início da pandemia. O que essa análise—e toda a proposta e realização do Painel—demonstra é simples: o levantamento por favelas não é nenhum bicho de sete cabeças. Está sendo realizado há um ano por um grupo de voluntários e novatos da sociedade civil. Imagina-se então o que poderia ter sido feito, caso a prefeitura tivesse cumprido com sua função desde o início da pandemia, e levantado dados para dar resposta imediata à situação?

Texto originalmente publicado no Radar Covid-19 Favelas da Fiocruz.

Desenvolvimento e atualizações: Esri - Environmental Systems Research Institute
Dados Demográficos: Prefeitura Rio e IBGE 2010
Tecnologia de integração: Integromat

#DadosSalvamVidas #DadosSãoPoder #Covid19NasFavelas #PainelUnificadorDasFavelas
 

 

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