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'Nossas Lutas, Nossas Vozes’ vai chegar, em breve, nas telas do cinema, acendendo um alerta sobre um fenômeno recorrente na vida de gestoras no Brasil: a violência política de gênero e raça. Fruto de um projeto de pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), coordenado pela pesquisadora Vera Marques, o documentário será lançado no dia 13 de maio, às 18h30, na cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. A iniciativa é parceria da ENSP com a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.
A partir de entrevistas com figuras proeminentes, ‘Nossas Lutas, Nossas Vozes’ revela os efeitos da violência política de gênero e raça na trajetória profissional e no cotidiano de lideranças políticas femininas, especialmente em sua saúde física e mental. Enquanto as entrevistadas compartilham suas histórias de vida, esperanças, planos e estratégias de enfrentamento, um novo projeto de sociedade justo e democrático se redesenha, demonstrando a força e a potência coletiva das mulheres.
Vera explica que a narrativa traz um olhar crítico sobre as raízes dessa violência, assim como os fatores sociais que a perpetuam. “O filme traz um relato autêntico e emocionante de 11 lideranças políticas de diferentes partidos e regiões do país sobre um problema contundente dos parlamentos brasileiros, que é a ‘violência política de gênero’. É uma violência que se manifesta de diferentes formas: silenciamentos, impossibilidade de acesso a recursos, xingamentos, ameaças, e que tem o objetivo de dificultar e desencorajar a participação das mulheres, sejam elas cis ou trans, na política do país”, conta.
O lançamento de ‘Nossas Lutas, Nossas Vozes’ será aberto a todos os públicos acima de 18 anos. Os ingressos podem ser retirados gratuitamente no site do MAM ou diretamente na bilheteria. Após a exibição do documentário, será realizada uma roda de conversa com a presença de mulheres que participaram do filme. Entre elas, a deputada Renata Souza, a vereadora Benny Briolly, a assessora da deputada Dani Monteiro, Maiara Barbosa, e a coordenadora-geral de Pesquisa do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), Ana Cláudia Oliveira. Também participarão o diretor do filme e pesquisador da ENSP, Edilano Cavalcante, a professora e pesquisadora da ENSP, Cristiani Machado, e a coordenadora da VideoSaúde, Daniela Muzi.
O filme ficará disponível no canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz no Youtube e na Fioflix, plataforma de streaming de filmes e vídeos da Fiocruz.
Segundo a pesquisadora da ENSP, Vera Marques, o debate sobre a violência política de gênero é importante em ao menos duas dimensões: uma política e outra relacionada à saúde. “Frente à centralidade social do trabalho de legislar para o reconhecimento de direitos ou sua retirada, a sub-representação histórica das mulheres nos parlamentos brasileiros - na Câmara dos Deputados, por exemplo, correspondem a menos de 20% - precisa ser revertida para que a legislação brasileira possa responder, de fato, aos anseios da maioria da população. A perspectiva de cis/transgeneridade e raça precisa ser incorporada pelo Legislativo, respeitando os diferentes lugares de fala. Um dos achados da pesquisa, que integra a dimensão da Saúde e será abordado no audiovisual, é o da política como lugar de adoecimento para as mulheres: inúmeros adoecimentos que devem ser tratados no âmbito da saúde coletiva”, explica.
Para Vera, compreender de que forma a violência política de gênero, que pode incluir a propagação de discursos de ódio e mesmo de desinformação, ocorre durante campanhas eleitorais e no cotidiano parlamentar é fundamental para uma atuação efetiva e em diferentes frentes para o enfrentamento a esta violência. “Entre as ações necessárias, posso citar desde campanhas de valorização da presença e do trabalho das mulheres na política à formação de ouvidorias e comissões de ética e decoro parlamentar sensíveis à desigualdade de gênero e raça, interseccionada por outros marcadores sociais, como idade e orientação sexual’, sugere.
A pesquisadora destaca ainda que ‘Nossas Lutas, Nossas Vozes’ é um desdobramento do projeto de pesquisa ‘Violência Política de Gênero, discursos de ódio e desinformação em interface com a saúde’, selecionado pelo Edital de Pesquisa 2021, lançado pela ENSP/Fiocruz, por meio da Vice-Direção de Pesquisa e Inovação. O projeto é coordenado por Vera Marques e tem como vice-coordenador o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Adriano da Silva.
Para a vice-diretora de Pesquisa e Inovação, Luciana Dias, a violência política de gênero precisa ser vista, ouvida e enfrentada: “Transformar a pesquisa em um documentário foi uma estratégia potente para dar voz às lideranças e sensibilizar a sociedade sobre a urgência desse debate. A existência de editais, que valorizem a temática das desigualdades de gênero e raça e estimulem a disseminação científica, é fundamental para viabilizar estudos como este, comprometidos com a democracia, os direitos humanos e a saúde coletiva”.
Vera conta que a criação de ‘Nossas Lutas, Nossas Vozes’ surgiu a partir da necessidade e importância de estratégias de divulgação científica para aproximar a ciência da sociedade, o que contribui para a conscientização e o debate fundamentado: “A realização de um audiovisual demonstrou ser uma estratégia muito profícua, uma vez que facilmente se capilariza na sociedade, por meio da internet. Vale ressaltar que o documentário possui versões em inglês e espanhol, bem como recursos de acessibilidade. Com isto, visa atingir todas as pessoas, inclusive fora do país, haja vista a importância e atualidade desse debate, particularmente na América Latina, que vem avançando em normativas para o enfrentamento desta violência”, explica a pesquisadora.
▶️ Clique aqui para assistir ao trailer do filme
Lançamento do documentário ‘Nossas Lutas, Nossas Vozes’
📍Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), Rio de Janeiro
⏱️ 18h30 às 21h
🎟️ Retirada de ingresso gratuito, preferencialmente, pelo site do MAM clicando neste link ou em sua bilheteria no dia do evento.
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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