Novas defesas de mestrado e doutorado do PPGICS em fevereiro

por
Assessoria de Comunicação do Icict Fiocruz
,
12/02/2020

O Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde - PPGICS, do Icict, divulgou datas de mais quatro defesas de 2020 de cursos de mestrado e doutorado.

Veja abaixo a relação:

17/02/2020 - 2a. feira

Defesa de Tese de Doutorado

Aluno: Rodolfo Paolucci Pimenta

Título: Avaliação da Qualidade da Informação em Sites de Saúde: indicadores de acurácia baseada em evidência para tuberculose

Orientador: André de Faria Pereira Neto (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Co-Orientador: Paulo Nadanovsky (ENSP/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Dr. Paulo Roberto Borges de Souza Júnior - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Roseni Pinheiro - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Dr. Julio Henrique Rosa Croda -  PPGDIP/UFMS
Dr. Marco Aurelio Krieger – PPGBCM/IOC/ FIOCRUZ

Suplentes:
Drª Cícera Henrique da Silva- PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Elizabeth Moreira dos Santos- PPGSP/ENSP/FIOCRUZ

Data: 17/02/2020 - 2a. feira

Horário: 09h

Local: Sala 410, do Prédio da Expansão do Campus

Resumo: Há pouco tempo, para alguém obter informação, era preciso comprar um jornal, um livro, uma revista ou ir até uma biblioteca distante e pouco acessível. Hoje, a Internet disponibiliza uma miríade de informação aos cidadãos em poucos segundos. Existem inúmeros sites sobre assuntos relacionados aos temas de saúde. A diversidade de produtores de conteúdo e a possibilidade de divulgação de qualquer tipo de informação sem avaliação apontam para o problema da qualidade da informação de saúde na Internet. Para lidar com esse problema, a avaliação e a recomendação de sites considerados confiáveis têm sido realizadas por profissionais, pesquisadores e instituições pública ou privadas. 

Uma das principais questões nesse campo está relacionada com os critérios utilizados na avaliação de sites de saúde. O critério ‘acurácia’ é o mais utilizado. Identificamos um problema na definição desse critério que admite o consenso entre especialista como parâmetro de qualidade. O consenso não garante que seu resultado seja atual e correto. Pelo contrário, os profissionais envolvidos podem estar desatualizados. Eles podem apresentar opiniões e condutas que estejam em desuso. 

Assim, o objetivo desta tese foi desenvolver indicadores de ‘acurácia’ baseados nas melhores e mais atuais evidências científicas. O caso escolhido foi a tuberculose. Para construir os indicadores, desenvolvemos métodos orientados pela ‘medicina baseada em evidência’ (MBE). Apresentamos os fundamentos e as práticas da MBE que inspiraram os métodos deste trabalho. O resultado foi o desenvolvimento de 43 indicadores de ‘acurácia’ para a tuberculose nas dimensões de prevenção, transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento. Organizamos os indicadores em grupos segundo o conteúdo informacional das evidências como BCG, HIV, crianças, fatores de risco, tuberculoses resistentes, entre outros. Por último, utilizamos os indicadores para avaliar a página sobre tuberculose do glossário “Saúde de A a Z” do site do Ministério da Saúde. 

No glossário, falta muita informação e há informação incorreta. Esta avaliação reitera a importância dos indicadores desenvolvidos para oferecimento de informação de qualidade. Esperamos que este trabalho contribua para o avanço do conhecimento no campo de avaliação da qualidade da informação de saúde na Internet e para o enfrentamento da tuberculose.

Defesa de Dissertação de Mestrado

Aluna: Helen Massote Carvalho

Título: Monitoramento Ambiental de Informação em Saúde: uma proposta metodológica

Orientadora: Cícera Henrique da Silva (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Drª Maria Cristina Soares Guimarães - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Marília Santini de Oliveira - INI/FIOCRUZ
Suplentes:
Drª Rosany Bochner- PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Dr. Marcel de Moraes Pedroso- PPGSP/ENSP/FIOCRUZ

Data: 17/02/2020 - 2a. feira

Horário: 10h

Local: Sala 401, do Prédio da Expansão do Campus

Resumo: Consideramos essencial a disponibilidade de informação, apoiada em dados válidos e confiáveis, para a análise objetiva da situação de saúde, a programação de ações e o subsídio a decisões pertinentes ao quadro sanitário da população (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE, ORGANIZAÇÃO PAN - AMERICANA DA SAÚDE, p.13, 2008). Baseamo-nos nesse pressuposto para propor e desenvolver metodologia para monitoramento ambiental de informação em saúde. 
Para contextualizar o campo de pesquisa, apresentamos os pressupostos do Governo Eletrônico, no âmbito da experiência brasileira, e exemplos na área da Saúde. Trouxemos o monitoramento preliminar feito no Fale Conosco do Portal Fiocruz, o qual suscitou as questões que deram origem a essa dissertação, a partir da constatação de um volume crescente e constante de demandas relativas à incidência da Esporotricose na cidade do Rio de Janeiro, no período de 2012 a 2018. 

O objetivo geral foi avaliar o potencial do Fale Conosco como ferramenta de monitoramento ambiental em saúde e os específicos foram: analisar as demandas sobre informação recebidas dos usuários; investigar dados epidemiológicos que corroborassem ou não a aderência entre as demandas e a ocorrência de Esporotricose; propor metodologia de análise que pudesse ser replicada em estudos posteriores. No que se refere aos procedimentos metodológicos utilizados, o monitoramento ambiental foi realizado por meio da composição de uma “cesta de informações”. 

Foram utilizadas; a revisão de literatura em bases de dados científicas nacional e internacional, complementadas pela coleta de artigos científicos recebidos por meio da participação em redes de pesquisa on line; a participação no “Curso de Atualização em Manejo Clínico-terapêutico e Aspectos Epidemiológicos da Esporotricose no Estado do Rio de Janeiro”, oferecido pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz), e seu cruzamento com a pesquisa de dados estatísticos oficiais das secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; a análise de dados administrativos fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ); a consulta ao banco de dados da Lei de Acesso à Informação (LAI) do Governo Federal, referente às demandas atendidas pelo Ministério da Saúde (MS); o acompanhamento on line da tramitação de proposições legislativas na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília. O marco teórico que fundamentou a pesquisa foi o conceito de “monitoramento ambiental” (environmental scanning), no âmbito da informação em saúde.

 Os estudos realizados no âmbito dessa pesquisa indicam a validade desse monitoramento, como alternativa viável para concatenar fontes diferenciadas no âmbito de uma mesma temática, trazendo novos insumos para o seu acompanhamento. Em se tratando de uma enfermidade subnotificada, como é o caso da Esporotricose, tal abordagem pode ser especialmente útil para contribuir na cobertura dos gaps de informação em saúde. Ressaltamos que não se trata de uma estratégia isolada, sendo parte e subsídio para outras iniciativas, assim como para estudos mais aprofundados e/ou prospectivos.

 

18/02/2020 -  3a. feira

Defesa de Tese de Doutorado

Aluna: Fernanda de Albuquerque Melo Nogueira

Título: Estudo sobre as condições de vida, trabalho e saúde de trabalhadores agrícolas no Brasil: uma análise dos dados da Pesquisa Nacional em Saúde, 2013

Orientadora: Célia Landmann Szwarcwald (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Dr. Paulo Roberto Borges de Souza Júnior - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Dália Elena Romero Montilla - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Ubirani Barros Otero - Conprev/INCA
Drª Deborah Carvalho Malta – PPGE/UFMG    

Suplentes:
Dr. Christovam de Castro Barcellos Neto - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Mariza Miranda Theme Filha- PPGESP/ENSP/FIOCRUZ

Data: 18/02/2020 - 3a. feira

Horário: 14h

Local: Sala 402, do Prédio da Expansão do Campus

Resumo: A agricultura brasileira é uma atividade econômica que gera receitas para o Brasil na ordem de bilhões de dólares realizada por 15 milhões de trabalhadores. Porém, o País ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de uso de agrotóxicos com aumentos progressivos nos últimos dez anos associados ao crescimento da incidência de intoxicações por agrotóxicos na população. Pesquisadores evidenciaram que este modelo agrícola químico-dependente gera danos ambientais, à saúde humana e efeitos sociais negativos. 

Objetivos: 
1) reunir evidência científica relevante sobre os principais agravos à saúde associados à exposição ocupacional aos agrotóxicos; 
2) comparar as condições de vida, de trabalho e o acesso aos serviços de saúde, entre trabalhadores brasileiros agrícolas e não agrícolas; 
3) comparar o padrão de adoecimento, de estilos de vida e de saúde bucal entre trabalhadores brasileiros agrícolas e não agrícolas. Métodos: Foram desenvolvidos três artigos. 

O primeiro artigo consistiu em uma revisão de literatura de estudos publicados entre 2000 e 2017, nas bases bibliográficas: Pubmed, Embase e Lilacs. Estabeleceu-se como critérios de elegibilidade: 
a) estudos observacionais; 
b) população de trabalhadores agrícolas; 
c) exposição ocupacional a agrotóxicos; 
d) desfecho, definido como agravos à saúde; 
e) uso de testes estatísticos para comparação de expostos com não expostos; f) idiomas inglês, português ou espanhol. 

O segundo e o terceiro artigo foram desenvolvidos com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2013) com uma amostra representativa da população ocupada, classificada em trabalhadores agrícolas (n=3755) e não agrícolas (n=33300). Para o segundo artigo utilizaram-se variáveis sobre condições de vida e trabalho, sóciodemográficas, econômicas e de acesso aos serviços de saúde. E para o terceiro artigo foram analisadas morbidades autorreferidas, variáveis de estilos de vida e saúde bucal. Em ambos os artigos empregaram-se testes estatísticos para comparar as proporções entre os trabalhadores agrícolas e não agrícolas, considerando-se o desenho complexo da amostragem. No artigo três, calcularam-se as prevalências brutas e padronizadas por idade e sexo para as DCNT e seus IC. 

Resultados: No primeiro artigo foram identificados 132 estudos (21 no EMBASE, 45 na LILACS e 66 no PUBMED). Destes, 54 publicações foram elegíveis e, posteriormente, foram adicionados cinco estudos totalizando cinquenta nove manuscritos (33 estudos transversais, 22 de coorte e 04 caso-controle). Os estudos revelaram associações significativas entre exposição aos agrotóxicos e condições subclínicas, doenças crônicas e sinais e sintomas de envenenamento em trabalhadores agrícolas. 

No artigo segundo, os trabalhadores agrícolas apresentaram piores condições de vida, menor poder aquisitivo, maior exposição à radiação solar e agentes químicos e maior frequência e gravidade de acidentes de trabalho em comparação aos não agrícolas. A população agrícola teve maior cobertura da ESF, buscou atendimento médico no SUS para tratar doenças, enquanto a não agrícola, buscou atendimento médico privado para ações preventivas. 

O terceiro artigo revelou que os trabalhadores agrícolas, em comparação aos não agrícolas, apresentaram maior prevalência de problemas na coluna e menor de asma/ bronquite. Para as outras DCNT não houve diferenças significativas. Os trabalhadores agrícolas, em relação aos não agrícolas, relataram maior proporção de autoavaliação de saúde (AAS) não boa, de limitação das atividades habituais por doença crônica de longa duração e maior número de DCNT. Em relação aos estilos de vida, os trabalhadores agrícolas apresentaram maiores prevalências de tabagismo e inatividade física no lazer, menor consumo de FLV, proporção alta de excesso de peso e obesidade, quando comparados aos não agrícolas. Quanto à saúde bucal, ocorreu maior percentual de AAS bucal não boa, menor frequência de escovação de dentes e maior perda dentária nos trabalhadores agrícolas, quando comparados aos não agrícolas. 

Conclusão: a população agrícola é negligenciada quanto às ações para melhoria das condições de vida e em relação às ações de prevenção e de proteção à saúde. Faz-se necessário promover a vigilância da saúde da população agrícola por meio de inquéritos periódicos com a finalidade de subsidiar as ações e políticas de saúde para esta população.

 

20/02/2020 - 5a. feira

 

Defesa de Dissertação de Mestrado

Aluna: Alice Gatto Pires da Silva

Título: Não Importa a comida. Ela fica mais gostosa com Coca-Cola: narrativas publicitárias e suas implicações em saúde

Orientador: Wilson Couto Borges (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Drª Inesita Soares de Araujo - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Maria Claudia da Veiga Soares Carvalho - PPGANS/UERJ

Suplentes:
Dr. Igor Pinto Sacramento- PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Fabiana Bom Kraemer- PPGANS/UERJ

Data: 20/02/2020 - 5a. feira

Horário: 09h

Local: Sala 402, do Prédio da Expansão do Campus

Resumo: Em nossa pesquisa, observamos tanto a presença da publicidade de Coca-Cola durante o programa BBB19 como em seu intervalo comercial. A epidemia de obesidade é combatida mundialmente por instituições de saúde. Nosso pressuposto é que a emergência do combate à obesidade torna visíveis os interesses mercantis que se misturam com habilidade às prescrições do saber oficial da saúde. Como o produto Coca-Cola sem açúcar. Na atual perspectiva do cenário do capital financeiro, da globalização contemporânea, a consequência da convergência tecnológica é uma concentração sem precedentes da propriedade – Rede Globo e Coca-Cola. Nosso horizonte é amplificar a prática comunicativa da publicidade articulada à compreensão do lugar da comunicação nos processos sociais e seus efeitos na saúde. Partimos do entendimento que essas narrativas são espaços simbólicos na disseminação de valores às práticas sociais e que as representações implicam na produção social de sentido a partir dos sistemas de signos projetados.

 

Defesa de Tese de Doutorado

Aluna: Lucilene Antônio Afonso Bertoldo

Título: Análise da Adequação da Informação e da Comunicação na Proteção Legal Contra Marketing Ilegal de Produtos Relacionados ao Aleitamento Materno e a Alimentação Complementar Saudável.

Orientadora: Dália Elena Romero Montilla (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Co-Orientador: Cristiano Siqueira Boccolini (PPGSP/ENSP/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Drª Cícera Henrique da Silva - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Dr. Paulo Roberto Borges de Souza Júnior - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Maria Inês Couto de Oliveira - UFF
Drª Enilce de Oliveira Fonseca Sally – UFF         

Suplentes:
Dr. Christovam de Castro Barcellos Neto- PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Patricia de Moraes Mello Boccolini - ICICT/FIOCRUZ

Data: 20/02/2020 - 5a. feira

Horário: 13h30min

Local: Sala de Reuniões - Sala 111 - Pavilhão Haity Moussatché (Biblioteca de Manguinhos) - Campus Fiocruz

Resumo: Devido à importância da proteção ao aleitamento materno e a alimentação complementar adequada e saudável desde a primeira infância, faz se necessário protege-los das estratégias de promoções comerciais inadequadas, como a promoção de substitutos do leite materno. Por meio da regulação da comunicação o Estado busca proteger o direito humano a alimentação e nutrição adequadas. A regulação da forma como as empresas e estabelecimento comercias se comunicam com o seu público tem como objetivo proteger os cidadãos de estratégias comercias abusivas. Além disso, o acesso à informação adequada pode ser provido pelo conhecimento e cumprimento de legislações, sendo estas dispositivos de informação e comunicação ao público para os quais são destinadas e tem como objetivo fazer cumprir normas estabelecidas em políticas públicas. 

Com o objetivo de analisar a adequação da informação e da comunicação do marketing de produtos relacionados ao aleitamento materno e a alimentação complementar saudável, esta tese propôs realizar uma revisão integrativa da produção do conhecimento sobre o cumprimento do Código Internacional de Marketing de Substitutos do Leite Materno e analisar a adequação do cumprimento da Lei nacional NBCAL em estabelecimentos comercias do Rio de Janeiro, além de analisar a NBCAL à luz das politicas públicas nacionais e da agenda global de desenvolvimento e saúde. 

Os estudos levantados na revisão integrativa evidenciam a necessidade de fortalecimento e monitoramento contínuo da lei. No caso da NBCAL foi alta a prevalência de infrações a lei. No entanto, vimos que o arcabolço de proteção legal é robusto, tendo a menção à importância da proteção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável em diversas políticas públicas.

 
Defesa de Dissertação de Mestrado

Aluna: Vanessa Pinheiro Borges

Título: A Contribuição do Programa Mais Médicos (PMM) para a Atenção Primária à Saúde (APS)

Orientador: Wilson Couto Borges (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares
Drª Inesita Soares de Araujo - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Drª Aline Guio Cavaca - EFG/GEREB/FIOCRUZ- Brasília

Suplentes:
Dr. Igor Pinto Sacramento- PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Dr. Wagner Robson Manso de Vasconcelos- FIOCRUZ- Brasília

Data: 20/02/2020 - 5a. feira

Horário: 14h

Local: Sala Multimídia do Icict - Sala 202 - Pavilhão Haity Moussatché (Biblioteca de Manguinhos) - Campus Fiocruz

Resumo: O Programa Mais Médicos (PMM) foi a resposta do governo federal à falta de médicos nas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), o primeiro nível de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). O PMM foi instituído em julho de 2013 e contou com forte apoio das autoridades sanitárias estaduais e municipais, por compartilhar a responsabilidade financeira de alocar o profissional médico nas cidades brasileiras com escassez de médicos. No Brasil, antes da implantação do PMM, cerca de 20% dos municípios brasileiros eram carentes de médicos, principalmente aqueles de menor porte, mais distantes e com a maior dificuldade de acesso, localizados nas regiões Norte e Nordeste do país. O PMM foi organizado em três eixos: a melhoria da infraestrutura nos serviços de saúde; o provimento emergencial de médicos; e a ampliação de vagas nos cursos de medicina e nas residências médicas, com mudanças nos currículos de formação (Brasil, 2015). 

Este estudo se debruça sobre o eixo Provimento Emergencial e busca compreender como a Folha de S. Paulo, por meio da análise de discursos circulados nos editoriais, construiu sentidos no plano discursivo sobre essa política de saúde, que se amparou na cooperação com médicos cubanos durante período em que ocorreram mudanças na condução política do país. Foram analisados 10 editoriais publicados no período de 2013 a 2018 e observados também como o tema permeou as demais editorias do jornal, chegando-se ao volume de 316 registros no período. Por meio das análises dos textos, foi possível identificar as materialidades discursivas colocadas em circulação pelo jornal impresso que contribuíram para a produção de efeitos de sentidos sobre a participação dos médicos cubanos no PMM. 

Como resultado deste estudo, apontamos a oposição ideológica da Folha de S. Paulo ao governo do Partido dos Trabalhadores, contribuindo para a construção de uma realidade em que se privilegia discursos hegemônicos, representativos do pensamento das elites financeiras de nossa sociedade. Podemos perceber que o PMM somente foi pauta dos editoriais do jornal devido à participação dos médicos cubanos no programa. Entre os argumentos que foram acionados para justificar sua posição, o jornal trouxe a questão da qualidade da formação dos médicos cubanos, a falta de transparência do governo federal quanto ao valor do pagamento do salário dos médicos cubanos, o monitoramento do PMM pelo governo federal nos municípios, a fixação de médicos em áreas não prioritárias, a falta de condições sanitárias (infraestrutura, medicamentos e insumos na atenção primária) e a falta de uma carreira para médicos do SUS. 

Os editoriais mudaram a abordagem a partir do momento em que houve o afastamento da presidenta Dilma e de seu partido do comando do governo federal, apresentando uma cobertura desproporcional, em relação à quantidade e à abordagem. Tornou-se evidente que essas críticas não visavam o aprimoramento da atenção à saúde prestada à população brasileira, com enfoque na APS, mas tinha como objetivo de, tão somente, qualificar a estratégia do governo como eleitoreira, chegando a mobilizar sentidos sobre o caráter escravagista adotado pelo governo de esquerda.

 

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Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

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