Palestra sobre repositórios institucionais é realizada no Icict

por
Graça Portela
,
17/12/2013

Foi realizada no auditório do Icict nessa terça-feira, 17/12, a palestra “Análise de repositórios como sistemas de informação”, com o pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Vinícius Kern, especialista em sistemas de informação.

Em sua palestra, o pesquisador falou sobre o projeto de mestrado de sua orientanda Luciana Silva, da UFSC, intitulado “Repositório Institucional como sistema técnico-social: composição, ambiente e estrutura”, que aborda os repositórios institucionais, considerando todos os fatores e atores envolvidos, para – a partir dessas considerações que não se perdem em perspectivas disciplinares, mas considerem o todo, com o intuito de transformá-los em sistemas de informação. Kern explicou que “em termos práticos, algumas ideias que parecem ser contraintuitivas para alguns pesquisadores, na visão sistêmica se revelam muito sensatas.”

Para exemplificar, o pesquisador falou do uso do software gestor de repositórios, DSpace. Segundo ele, ao se usar esse programa, utilizando como padrão o Dublin Core (especificação de como devem ser os metadados, “uma espécie de esqueleto dos dados”), os resultados podem não ser os esperados.

Segundo a coordenadora do Arca, repositório institucional da Fiocruz de teses e dissertações, Cícera Henrique, a possibilidade de se transformar o repositório institucional em um sistema de informação, conforme abordado por Kern, “é um grande desafio, mas será um ganho para o Arca para além do que ele contém, que é ser memória da Fundação, da produção científica da Fiocruz, possibilitando ele ser usado como uma fonte de informação, com os recursos de recuperação de dados, pensando-se inclusive na facilidade para o usuário.”. Os trabalhos disponibilizados no Arca têm a visibilidade garantida, pois são especificados o local onde originalmente eles foram publicados.

Em entrevista ao site do Icict, Vinícius Kern falou sobre os seus estudos.

Vinícius Kern (Foto: arquivo pessoal)

 

O senhor falou sobre o uso do DSpace. Há alguma restrição para o gestor de repositórios?

Essa escolha técnica a princípio parece ser muito razoável de um ponto de vista disciplinar, quando penso que o repositório serve para disseminar a publicação da instituição. Mas, ao usar o DSpace, estou restringindo, por exemplo, que o Google Academics reindexe esses documentos. Portanto, isso é uma espécie de “sufocamento” que estou fazendo com o meu repositório, fechando algumas portas para o meu público externo.

Isso é um exemplo de uma questão técnica que, de um ponto de vista disciplinar, parece que estou tomando a decisão adequada, mas de um ponto de vista sistêmico, não. Eu deveria repensar.

Com essa análise que passa a ser feita, isso pode ampliar a visão dos gestores de repositórios institucionais? Que impactos essa nova visão traria?

Penso que sim, pois é com essa expectativa que desenvolvemos esse trabalho de análise sistêmica. Em relação aos impactos, justamente a perspectiva do gestor deveria ser sistêmica e quando ele não tem acesso a totalidade das visões e interesses que estão envolvidos, pode,  muitas vezes, seguir um caminho, tomar decisões que para a finalidade do repositório, não são as mais adequadas.

Mas, o desejo dos gestores é que seus repositórios institucionais ampliem cada vez mais o acesso.

A prática comum dos repositórios é trazer todo o fluxo possível para dentro dele. Mas, temos que considerar que os documentos que estão no repositório muitas vezes existem em outras bases de dados importantes, que dariam mais visibilidade a minha instituição. Ao forçar o meu pesquisador a depositar o documento e não dar, por exemplo, os links desse documento que levam a outras bases, eu estou privilegiando o tráfego para o meu repositório, mas estou concorrendo com essas outras bases. E essa concorrência talvez não seja boa para a minha instituição – e o nome é repositório institucional, portanto o repositório deve servir à Instituição, não necessariamente sendo o repositório a estrela desse sistema de comunicação.

Essa visão não pode acarretar um certo mal-estar naquelas instituições que estão lutando para ter o seu repositório?

Se realmente se conseguir construir uma perspectiva sistêmica do problema, eu creio que não. Porque aí cada uma das partes envolvidas vai compreender qual a contribuição de cada decisão na finalidade que se busca.

O repositório institucional se destina a guardar a produção da instituição. Nesse sentido, ele cumpre o seu objetivo. Independentemente, de favorecer ou não que um usuário externo busque um documento que está no repositório e também uma outra base. Se os interesses envolvidos forem entendidos, o responsável pelo repositório vai poder tomar as melhores decisões no interesse da instituição.

 

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Arquivos para download

Repositórios Institucionais - Palestra no Icict

Trabalho apresentado no XIV Enancib (2013), de autoria de Luciana Silva, Robson Garcia Formoso e Vinícius Kern (todos da UFSC).

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