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Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde, do Laboratório de Informação em Saúde (LIS)/Icict, apresentaram ontem, 05/02, durante o evento "Desastre da Vale S. A. em Brumadinho - Impactos sobre a Saúde e desafios para a Gestão de Riscos", um relatório intitulado "Avaliação dos impactos sobre a saúde do desastre da mineração da Vale (Brumadinho, MG)", que foi distribuído à imprensa.
A análise deu rosto e forma ao desastre-crime que ocorreu na cidade mineira, trazendo informações como o impacto direto e indireto na população e na área atingida; e as consequências a curto, médio e longo prazos inclusive nas áreas de influência do rio Paraopebas.
Na parte final do documento, os pesquisadores – Anselmo Romão, Carmem Froes, Raphael Saldanha, Renata Gracie, Vanderlei Pascoal, além dos coordenadores Christovam Barcellos e Diego Ricardo Xavier – listaram uma série de recomendações. Eles reafirmam que “desastres como o ocorrido em janeiro de 2019 em Brumadinho podem ter efeitos a curto e longo prazos e se estender por centenas de quilômetros do local de origem. Além do impacto imediato nas áreas próximas à área de mineração, podem ser previstas alterações nas condições de vida, de acesso a serviços de saúde e dos ecossistemas que produzem condições para a transmissão de doenças infecciosas. A ampliação da incidência de doenças pré-existentes na região, como a febre amarela, diarreias e esquistossomose pode ser uma consequência do desastre a médio prazo. Além disso, o contato com a lama e água pode gerar casos de leptospirose”.
Outro recomendação é a necessidade de as autoridades locais monitorarem “a qualidade da água para consumo humano, tanto nas fontes de captação localizadas nos rios afetados (ribeirão Ferro-Carvão, rio Paraopeba e rio São Francisco), como nas águas distribuídas em cidades e comunidades afetadas”.
Os pesquisadores também chamam a atenção para o risco do aumento de enfermidades crônicas pré-existentes como “doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes (que necessitam de suprimento permanente de medicamentos), insuficiência renal (que dependem de serviços de hemodiálise)”, sem falar no desenvolvimento de doenças psíquicas, por conta da situação traumática vivida, como depressão e ansiedade, dentre outras. Impactos que, segundo o estudo, devem ser monitorados “ao longo dos próximos meses e anos, visando detectar alterações no perfil de saúde da população de toda a região afetada”.
Ainda durante o evento da Fiocruz, organizado pela Ensp, Icict e Presidência da Fiocruz, com o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz, os pesquisadores Carlos Machado e Mariano Andrade da Silva, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde - Cepedes, da Ensp/Fiocruz, e que trabalham em conjunto com os pesquisadores do Observatório, exibiram os dados que levantaram sobre o desastre-crime ambiental, com informações adicionais sobre a situação das barragens no Brasil, os critérios de riscos e o que foi observado desde o desastre ambiental de Mariana, com o levantamento das principais doenças que afetaram a população de Mariana, também em Minas Gerais, antes e depois do desastre ambiental em 2015, fazendo um paralelo com o que ocorreu em Brumadinho, e o que pode ser feito para minorar os riscos.
A nota técnica do Observatório de Clima e Saúde e as apresentações feitas durante o evento "Desastre da Vale S. A. em Brumadinho - Impactos sobre a Saúde e desafios para a Gestão de Riscos" estão disponíveis ao lado, assim como links de matérias e informações sobre os desastres ambientais de Brumadinho e Mariana.
Toda a palestra pode ser assistida no vídeo abaixo, transmitido e gravado pela VideoSaúde Distribuidora no dia do evento.
Imagem Helicóptero SUS: Retirada da apresentação durante o evento - TV Record/Reprodução
Fotos: Peter Illiciev (CCS/Fiocruz) | Montagem: Graça Portela (Ascom/Icict/Fiocruz)
Vídeo: Tramissão e gravação - VideoSaúde Distribuidora
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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