ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

O Icict é uma das unidades da Fiocruz que apóia o encerramento, no campus da Fundação, em Manguinhos, do Ano de Cooperação Brasil-Alemanha em Ciência, Tecnologia e Inovação, inaugurado em 12 de abril de 2010. Entre as atividades previstas estão um simpósio internacional (23 a 25/3) e duas exposições (23/3). Os eventos irão promover o debate sobre as relações científicas entre os dois países nos séculos 20 e 21, e contam também com o apoio da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e da vice-presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação, em conjunto com o Bernhard-Nocht Institut für Tropenmedizin.

As comemorações têm início no dia 23/3, quando será inaugurada a exposição "Dresden, 1911: 100 anos da Exposição Internacional de Higiene", na Biblioteca de Ciências Biomédicas (BibiCB/Icict). Na ocasião acontecerá o pré-lançamento do documentário "Cinematógrafo brasileiro em Dresden", de Eduardo Thielen (historiador e pesquisador da VideoSaúde Distribuidora/Icict) e Stella Oswaldo Cruz Penido (pesquisadora da COC/Fiocruz). O vídeo contém cenas dos dois mais antigos filmes sobre saúde já realizados no Brasil, produzidos por Oswaldo Cruz e apresentados pelo cientista em Dresden, em 1911. Além da exposição "Dresden, 1911", livros e periódicos científicos alemães pertencentes à Fiocruz serão expostos na sessão de Obras Raras A. Overmeer, no Castelo Mourisco.

A construção do documentário exigiu um árduo trabalho de investigação para a captação das imagnes, levado a cabo durante anos por Eduardo Thielen e Stella Oswaldo Cruz Penido. Já a pesquisa bibliográfica sobre a exposição de Dresden ficou a cargo da jornalista Alice Ferry, também pesquisadora do Icict. "As imagens em movimento reveladas no filme são um documento de um período importantíssimo da história da saúde pública no Brasil", salienta Thielen.

O pesquisador refere-se às imagens dos seguintes filmes, datados de 1911 e exibidos no pavilhão do Brasil na exposição de Dresden, há cem anos: dois que retratam a campanha contra a febre amarela empreendida no Rio de Janeiro por Oswaldo Cruz (com cenas sobre as ações preventivas adotadas pelo cientista na cidade) e "Chagas em Lassance", com imagens de Carlos Chagas na cidade mineira onde filmou pacientes com sintomas desconhecidos, o que o levou, posteriormente, a descobrir a doença que levaria o seu nome.

Segundo Stella Penido, que é bisneta de Oswaldo Cruz, a recuperação das imagens para a montagem do filme exigiu tempo, e um grande trabalho de garimpagem. "Os filmes sobre a campanha da febre amarela no Rio de Janeiro estavam no Instituto Pasteur, em Paris e na Cinemateca Brasileira. E as imagens de Chagas em Lassance com os herdeiros de Carlos Chagas. "O filme revela como aqueles homens, há um século, já percebiam a importância de uma técnica novíssima como o cinematógrafo, para o registro de imagens da saúde", completa.

Grande evento de divulgação científica e propaganda sanitária sobre temas relacionados à higiene, a Primeira Exposição Internacional de Higiene e Demografia de Dresden ocupou uma área de 320 mil metros quadrados, e foi visitada por um público estimado em cinco milhões e meio de pessoas, de maio a outubro de 1911. O Brasil foi o único país americano a construir um pavilhão próprio em Dresden, projetado por Luiz de Moraes, o arquiteto do Castelo Mourisco, em Manguinhos.

Nesse pavilhão, além do farto material relativo à doença de Chagas, outros também foram expostos, relacionados à luta contra as doenças na capital federal e em cidades distantes do país. O Serviço Sanitário de São Paulo e o Instituto Butantan também expuseram no pavilhão brasileiro, que ainda contava com uma sala de cinema em que se exibiram filmes sobre o Serviço da Febre Amarela e sobre a doença de Chagas. A exposição será o primeiro evento da programação de aniversário de 25 anos do Icict.