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As mídias sociais lançam novos desafios às empresas e às instituições. Para enfrentá-los, é essencial conhecer o público-alvo, saber como este age nas redes, elaborar uma estratégia de comunicação institucional e investir em profissionais especializados nas ferramentas de interação. Estas foram as conclusões dos palestrantes do seminário "O uso das redes sociais na comunicação institucional", realizado no último dia 21/6 como parte da programação de aniversário de 25 anos do Icict, comemorado este ano.
Participaram do evento Valéria Miranda, assessora de comunicação da In Press Porter Novelli, Fernando Ramos Silva, coordenador do Núcleo de Comunicação Interativa do Ministério da Saúde (MS), Nívia Carvalho, editora de mídias sociais de O Globo, e Alexandre Inagaki, jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. A mesa foi mediada por Wagner Oliveira, coordenador de comunicação social da Fiocruz, e contou com a presença do diretor do Icict, Umberto Trigueiros.
Valéria Miranda, na palestra “Conteúdo é tudo...Mas, tudo é conteúdo. Como fazer a diferença?”, ressalta que, hoje, os usuários das mídias sociais são também produtores de conteúdo. Por isso, uma estratégia importante para que a instituição se destaque em meio a hiperoferta de informação é produzir conteúdos que sejam facilmente localizados pelos sistemas de busca. “Os conteúdos que escrevemos são intermediados por um robô. Por isso, é necessário saber como o público busca seu conteúdo”, lembra.
Para Valéria, as instituições devem elaborar estratégias de gestão da informação levando em conta a forma de produção dessa informação e a mídia certa para a divulgação.“Para uma instituição manter um diálogo real e existir efetivamente, podendo responder às demandas, além de visão estratégica e planejamento, é preciso ter muito claro o seu objetivo ao entrar nas redes sociais. É necessário saber o que vai ser feito em cada ambiente de forma integrada”, aponta.
O jornalista Fernando Ramos Silva contou a experiência do MS na inserção e administração de informações nas redes sociais. "Aderimos às mídias sociais na época da epidemia de H1N1 para tentar conter a desinformação divulgada em diversos canais da internet. Acabamos respondendo a cerca de 60 mil 'posts'. O Globo online acabou publicando uma página no jornal com esclarecimentos sobre a gripe, o que foi um grande ganho para o MS”, lembra.
O MS é, segundo Fernando, um dos órgãos de governo mais presente nas redes. "Compreendemos a participação nas redes como uma ação de utilidade pública", acrescenta. Para o jornalista, estar nas redes é uma maneira de prestar contas à sociedade, divulgar ações dos órgãos de governo, estabelecer um canal de comunicação direta com a população, ampliar o acesso à informação e politizar o cidadão.
“Tudo o que é postado por um órgão de governo está em consulta pública. As redes atuam como uma voz pública que cria tensões e faz pressão para uma reação governamental”, aponta Fernando Ramos. E adverte: "é preciso ter equipe para responder às demandas das redes. Não adianta divulgar e não conseguir responder às perguntas. Por isso, em todas as áreas técnicas temos uma pessoa responsável e a resposta deve ser dada em até 24h”.
Alexandre Inagaki, jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais, falou sobre as "Estratégias de comunicação em tempos de mídias sociais”. Ele traçou um panorama das redes sociais no Brasil e apresentou tendências e exemplos de casos em diversas empresas e instituições. Segundo Alexandre, cerca de 70% dos usuários da internet no país estão em redes sociais. “Nesse cenário, cada um de nós é um produtor de informações e formador de opinião. Estamos rompendo com paradigmas e a mídia tradicional está correndo atrás das informações que as pessoas estão produzindo”, avalia.
Alexandre explica que a inserção no Facebook é interessante para empresas e instituições que querem disseminar informações específicas e compartilhar conteúdos, além de oferecer a possibilidade de obtenção de dados estatísticos específicos e melhor customização das páginas. Para ele, o twitter é o “Polaroid” das informações que estão acontecendo no momento.
“Para traçar estratégias de inserção da instituição nas redes é preciso entender antes que tipos de informações devem ser disseminadas, para que essas pessoas se interessem pela sua instituição e repliquem as informações. É pensar em explorar todo o potencial que as redes oferecem. É importante postar informações que oferecem algo mais ao leitor, não apenas replicar as matérias do site, por exemplo”, afirma.
A jornalista Nívia Carvalho, editora de Mídias Sociais e Interatividade do jornal O Globo, na palestra ''Interação com o leitor: conexão e construção do noticiário'', explicou como o jornal resolveu se inserir nas mídias sociais, relatando erros e acertos dessa nova experiência. Segundo ela, o fato de as mensagens estarem nas mãos dos consumidores mudou a forma de fazer jornalismo.
“Imagina o que é para uma empresa que vive de produzir conteúdo perceber agora que não tem mais o poder de 'centro' das mensagens? Esse é um mundo novo, estamos vivendo uma revolução. Ele impõe outra concorrência e outras formas de interação. O furo, a exclusividade da notícia, tudo isso mudou com as redes sociais”, aponta.
Nívea chamou a atenção para a necessidade de, em tempos de mídias sociais, saber ouvir, dialogar e engajar a audiência dos veículos de comunicação. Para ela, hoje, a publicação da notícia é apenas um momento. A participação do consumidor através das redes sociais faz dele um co-produtor de conteúdo.
“Temos 348.287 colaboradores e chefes. As pessoas que estão no Twitter e Facebook de O Globo estão avaliando e monitorando o nosso trabalho em tempo real. Da mesma forma que as mídias sociais ajudam a pressionar o poder público, elas ajudam a medir a temperatura do noticiário. Não nos guiamos mais como o único emissor da mensagem”, avalia.
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