Pesquisador do Icict alerta para importância do diagnóstico precoce do vírus da Aids

por
Igor Cruz
,
12/03/2009

No último carnaval, o Programa Nacional de DST/Aids adotou uma estratégia de levar para os foliões o teste rápido de HIV. Ao todo, foram testados 609 indivíduos durante os quatro dias de festa em Salvador (BA). Os exames, cujo resultado sai em 20 minutos, diagnosticaram 14 soropositivos, o que representa 2,3% do total. Para o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz, Paulo Borges de Souza-Jr, iniciativas como estas são de extrema importância para o controle efetivo da epidemia da doença no País. De acordo com os estudos de Souza-Jr, existe um número representativo de brasileiros infectados que iniciam tardiamente o tratamento com anti-retrovirais por não realizarem o teste. 

O pesquisador alerta para a necessidade de a população se submeter ao teste de HIV periodicamente, pois os pacientes que fazem o diagnóstico precoce e iniciam o tratamento com anti-retrovirais no momento recomendado, tendem a obter melhores resultados. “O tratamento é muito mais eficaz quando o paciente chega precocemente ao sistema de saúde. Além disso, a terapia trouxe melhora na qualidade de vida para os pacientes com HIV”, completa o pesquisador.

A pesquisa de Souza-Jr estima que mais 250 mil brasileiros estejam infectados com o vírus da Aids e não sabem. Tal situação, além de reduzir as chances de tratamento, contribui para a expansão da doença. “A idéia é influenciar as pessoas que não tem comportamento de risco a fazerem o teste. Esses indivíduos podem estar infectados, mas por não terem conhecimento, acabam disseminando o vírus do HIV”, afirma o pesquisador. Atualmente, mais de 180 mil pacientes estão em terapia anti-retroviral no Brasil.

Questionado sobre a epidemia de Aids no Brasil, o pesquisador do Icict ponderou que um dos motivos para o aumento no número de pacientes é o avanço na terapia anti-retroviral que ampliam o tempo de vida dos infectados. Outro dado relevante sobre a epidemia é seu deslocamento para outras regiões do País. “No passado os casos de Aids estavam concentrados nos grandes centros urbanos, mas hoje a doença está migrando para o interior, e já atinge grande parte dos municípios brasileiros”, completa Souza-Jr.

No Brasil, mais de 80% dos laboratórios do Sistema Único de Saúde (SUS) realizam o teste de HIV e o Ministério da Saúde oferece todo o tratamento de forma gratuita. Todos os anos, são gastos em torno de 200 milhões de dólares na aquisição de medicamentos anti-retrovirais.

Além do teste rápido realizado no carnaval, o Ministério da Saúde tem incentivado outros tipos de testes como o que é realizado com as gestantes durante o pré-natal. “As mulheres têm um diagnóstico mais recente do que os homens, ou seja, somente 33% das mulheres chegaram ao sistema tardiamente. Já entre os homens, os números chegam a 47%”, revela o pesquisador.

O artigo com o estudo de Souza-Jr foi publicado no fim de 2007, na Revista Cilinics, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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