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A pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz, Rosany Bochner, teve um artigo de duas páginas publicado na edição especial da revista de divulgação científica francesa Biofutur, uma publicação para popularizar a ciência. O Primeiro Diálogo Científico entre o Brasil e a França: Vital Brazil e o nascimento do Instituto Butantan é o título do artigo. Na matéria, a revista aborda a história e o reconhecimento mundial do trabalho do médico imunologista e pesquisador brasileiro Vital Brazil, a preparação dos primeiros soros anti-peçonhentos no País, o nascimento do Instituto Butantan e as controvérsias com o trabalho desenvolvido pelo pesquisador francês Albert Calmette.
“Quando estive na França em 2008, o pesquisador do Museu de História Natural, Max Goyffon, que tem contato com os editores da publicação, encomendou o artigo sobre o Vital Brazil, uma vez que este é o ano da França no Brasil”, explica Rosany. O francês ofereceu o espaço para a pesquisadora falar sobre a história de Vital Brazil, suas pesquisas e a relevância de seu trabalho, baseado na descoberta de estudiosos franceses sobre a soroterapia anti-peçonhenta, como Calmette e Césarie Phisalix.
No artigo, a pesquisadora do Icict salienta que o nome de Vital Brazil é reconhecido mundialmente, visto que deu o primeiro passo em relação à criação dos sistemas de informação ligados ao registro de acidentes com animais peçonhentos. “Assim que o pesquisador criou o soro, houve o início da distribuição de um boletim para o registro do atendimento, com idade, nome e do paciente e demais dados do acidente”, destaca Rosany. Devido ao inédito trabalho com a coleta de dados, que eram publicados em um boletim criado por Vital Brazil, o trabalho do pesquisador inspirou o Sistema de Informação de Agravos de Notificação e o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox).
Os estudos desenvolvidos com os acidentes envolvendo animais peçonhentos levaram o Brasil a ter posição de destaque no cenário mundial, se pareando à França em termos de pesquisa. “Vital Brazil redirecionou suas pesquisas, fez descobertas e ainda debateu em pé de igualdade com um grande pesquisador da França, país que sempre se destacou na discussão do tema”, esclarece a pesquisadora.
A partir do momento em que Vital Brazil teve contato com os projetos de Calmette e Phisalix, houve o início do seu interesse pelo trabalho imunológico, com destaque para a descoberta de soros específicos para cada serpente brasileira. “Neste ponto que surge a discussão com Calmette. Este acreditava que o soro produzido por suas pesquisas servia para qualquer serpente. Vital Brazil provou o contrário, que haveria um soro para cada uma”, afirma Rosany.
Quando Vital Brazil chegou ao Rio de Janeiro para estudar medicina precisava de dinheiro para custear seus estudos. A saída encontrada pelo pesquisador foi dar aulas de aritmética. “Esse pé na matemática talvez explique o interesse de Vital Brazil pelo trabalho com os dados de intoxicação”, explica a pesquisadora. Criador do Instituto Butantan e do Instituto Vital Brazil, o pesquisador teve toda a sua obra publicada em um livro, em 2002. O seu interesse com a pesquisa no campo das intoxicações surgiu quando começou a ver vários acidentes com serpentes na cidade de Botucatu, São Paulo, na época em que trabalhava como clínico. “Vital Brazil nos dá orgulho de sermos brasileiros. O seu trabalho perdura até hoje”, conclui a pesquisadora.
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