Sinitox alerta: ter cuidado com embalagens é saber prevenir acidentes

por
Fabíola Leoni
,
10/06/2008

Os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz apontam mais de 80 mil casos de intoxicação em apenas um ano. E as crianças de até cinco anos aparecem como grandes vítimas desses acidentes, principalmente em relação à ingestão de medicamentos, de produtos de limpeza ou de produtos químico industriais. Especialistas apontam que, um dos principais fatores para a ocorrência de intoxicação é a falta de segurança de embalagens. Os medicamentos são os que mais causam vítimas, afetando, em média, mais de 20 crianças por dia.

As embalagens estão presentes em medicamentos, cosméticos, produtos de limpeza, agrotóxicos de uso doméstico, como os inseticidas, e os de uso agrícola. A conservação de produtos em locais inadequados, onde a criança tem acesso, pode provocar acidentes, principalmente se o material tiver cores e cheiros atrativos.

"Hoje existe um número maior de produtos de limpeza com cheiros diferentes, com odor de frutas e bastante atraentes. Isso é um perigo para as crianças de até cinco anos de idade, pois despertam a atenção e a curiosidade natural, e pode causar intoxicação", observa Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox.

Além disso, especialistas também apontam a troca de recipientes entre produtos como uma atividade perigosa, uma vez que pode gerar confusões e posteriores acidentes.

"Existem os clandestinos que são armazenados em embalagens de refrigerantes e são extremamente atraentes e geram confusões. Para a criança, a cor atrai. Mas, os adultos também podem se confundir com as garrafas escuras", observa Rosany.

Para minimizar os riscos de acidentes domésticos, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas recomenda que se evite um estoque de medicamentos em casa após o término do tratamento, para evitar a má conservação e o consumo do produto fora da validade. Os medicamentos, assim como outros produtos consumidos dentro de casa, devem ser mantidos em suas embalagens originais, para evitar confusões.

"Não temos a Embalagem Especial de Proteção às Crianças, então, as embalagens, além de terem comprimidos coloridos, são fáceis de serem abertas. Se os pais deixarem ao alcance das crianças, não existe proteção nenhuma. Fora o problema de algumas embalagens parecidas, por exemplo, quando a de adulto é parecida com a infantil, já que o laboratório tem a mesma embalagem para seus produtos, o que pode provocar trocas entre materiais diferentes", atenta Rosany.

O fracionamento de medicamentos é outra medida eficaz para a promoção da saúde. A ação existe em farmácias e drogarias do Brasil, que oferecem remédios ao paciente na quantidade exata prescrita na receita médica. De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Saúde estabeleceu as condições técnicas e operacionais necessárias para a realização adequada da atividade em todas as etapas.

Brasil aguarda aprovação da Embalagem Especial de Proteção à Criança

Em tramitação no Congresso Nacional, o projeto de Lei nº 4841-A/94 visa a adoção da Embalagem Especial de Proteção à Criança (EEPC) em medicamentos e produtos químicos de uso doméstico que apresentem potencial de risco à saúde. A embalagem deverá ser confeccionada para que seja significativamente difícil uma criança com menos de cinco anos de idade abri-la ou retirar uma quantidade tóxica ou perigosa do produto nela contida, em um período razoável de tempo e que não seja difícil sua abertura por um adulto.

A utilização da EEPC já existe em muitos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as embalagens especiais são obrigatórias para os medicamentos desde 1970. Estudos apontam que esse tipo de embalagem evitou 200 mil casos de ingestão acidental por crianças em um ano.

 

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Assuntos relacionados

Sinitox alerta para casos de intoxicação doméstica

Os dados coletados pelo Sinitox mostram que as crianças são as principais vítimas dos casos de intoxicação

Crianças ganham concurso com informações sobre plantas tóxicas

Projeto “Cuidado! Plantas tóxicas em nossos jardins”, da Escola Municipal Mário Covas Jr, de Duque de Caxias, foi apresentado na I FEMuCTI

Sinitox alerta para perigos em jardins e praças públicas

A cada dez casos de intoxicação por plantas no Brasil, seis são de crianças menores de nove anos. Esse número serve como alerta para os pais, que devem ficar atentos a espécies como comigo-ninguém-pode, bico-de-papagaio e coroa-de-cristo, comuns em praças

Impacto dos medicamentos na mortalidade de idosos internados

O projeto dá continuidade ao estudo “Análise clínica e epidemiológica das internações hospitalares de idosos decorrentes de intoxicações por medicamentos, registradas pelo Sistema de Informações Hospitalares do SUS".

Sinitox registra recorde de intoxicações, no Brasil, em 2005

Foram mais de 23 mil acidentes com animais venenosos, sendo 1/3 causado por escorpiões. O número de mortes por intoxicação também cresceu. O aumento foi de 18% em relação ao ano anterior e a principal causa de óbito foram os agrotóxicos.

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

logo todo somos SUS