Doação de medicamentos para doenças negligenciadas é tema de defesa

por
Gestac/Icict
,
17/05/2016

A Gestão Acadêmica do Icict/Fiocruz divulga a próxima defesa de tese de doutorado de maio de 2016.

Defesa de Tese de Doutorado

Título: Fazer o Bem sem Ver a Quem? Visibilidades e Invisibilidades discursivas na Doação de Medicamentos para Doenças Negligenciadas

Aluna: Raquel Aguiar Cordeiro

Orientadora: Profª. Drª. Inesita Soares de Araújo

Banca:
Titulares
•    Dr. Carlos José Saldanha Machado – PPGICS
•    Dr. Valdir de Castro Oliveira – PPGICS
•    Dr. Carlos Medicis Morel - CDTS/FIOCRUZ
•    Dr. João Carlos Freitas Arriscado Nunes - PDGCI/Universidade de Coimbra

Suplentes:
•    Dra. Janine Miranda Cardoso – PPGICS
•    Dra. Carla da Silva Almeida - COC/FIOCRUZ

Data: 24/05/2016 - 3a. feira

Horário: 10h

Local: Sala 710 do Prédio da Expansão

Resumo: Responsáveis por afetar um sexto da população mundial, as doenças negligenciadas são marcadas por um ciclo vicioso em relação à pobreza. Resultantes de uma pluralidade de determinações sociais, têm como um dos principais protocolos de enfrentamento na atualidade, preconizado pela Organização Mundial da Saúde, as doações de medicamentos efetuadas por grandes empresas transnacionais. O Brasil é um dos destinatários destas doações de medicamentos.

Tendo o campo da Comunicação e Saúde como referência, investigamos a abordagem conferida ao tema no Brasil, a partir da análise dos discursos de dois enunciadores: as empresas farmacêuticas e o governo brasileiro. Escolhemos observar as seis doenças incluídas no “Plano Integrado de Ações Estratégicas de Eliminação da Hanseníase, Filariose, Esquistossomose e Oncocercose como Problema de Saúde Pública, Tracoma como Causa de Cegueira e Controle das Geohelmintíases: Plano de Ação 2011?2015 do Ministério da Saúde”. Entre as seis endemias incluídas no documento, o Brasil recebe doações destinadas a filariose, geohelmintíases, hanseníase e oncocercose. No que se refere às empresas, foram analisadas as versões brasileiras dos websites das farmacêuticas que efetuam doações globais de medicamentos para as seis doenças incluídas no Plano Integrado: Eisai, Glaxo Smith Kline, Merck & Co. Inc., Merck KGaA, Novartis e Pfizer. No que diz respeito aos enunciados do governo, foi analisado um conjunto de textos, incluindo o Plano Integrado, páginas institucionais do website do Ministério da Saúde, notícias publicadas entre 2008 e 2015 no website do Ministério da Saúde e informes técnicos e peças de comunicação relacionados às campanhas combinadas do Ministério da Saúde sobre hanseníase, geohelmintíases, esquistossomose e tracoma nas edições de 2013, 2014 e 2015. Foram adotados os preceitos de análise de discursos de Eliseo Verón e Milton Pinto, bem com o conceito de silêncio discursivo, de Eni Orlandi.

As análises apontam que predomina o silêncio sobre a doação de medicamentos para doenças negligenciadas nos enunciados produzidos e circulados pelo governo, o que é convergente em relação a uma política de fortalecimento da produção nacional de medicamentos. Já em relação às empresas farmacêuticas, observamos diferentes intensidades de visibilidade discursiva. Como um traço em comum, nos dois enunciadores foi observada forte valorização da abordagem das doenças via medicalização, em detrimento da abordagem por meio dos aspectos sociais. Considerando que a realidade é construída a partir dos discursos, as abordagens observadas nos dois enunciadores intensificam o negligenciamento relacionado às doenças na medida em que contribuem para a manutenção das condições sociais que são perpetuadoras dos agravos. Os resultados também sugerem repensar o conceito de biopoder, incorporando o componente privado na dinâmica “população–processos biológicos–mecanismos regulamentadores–Estado”.

 

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