Revista Eletrônica de Comunicação do Icict completa 10 anos

por
Graça Portela
,
22/08/2017

Dez anos! O tempo passou rápido para a Revista Eletrônica de Comunicação e Informação & Inovação em Saúde – Reciis, do Icict. Desde 2006, quando Carlos Saldanha, pesquisador do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Licts), criou o projeto editorial que daria nascimento à Reciis, muita coisa mudou. A revista foi criada um ano depois – 2007 – que o então Centro de Informação Científica e Tecnológica em Saúde – CICT transformou-se em instituto.

De lá para cá, Cristina Guimarães, com Josué Laguardia, e Rodrigo Murtinho, com Christovam Barcellos e Rosany Bochner, se revezaram na edição da revista científica que se consolidou, dentre outros pontos, por abranger diversas áreas temáticas de interesse, dentro do campo da informação e comunicação em saúde. Essa diversidade resultou, até junho de 2017, em 304 artigos originais, 77 resenhas, 49 editoriais, dentre outros textos, de mais de 1.100 autores, de todas as regiões do país. Além disso,10% desses autores são de outros países, como Portugal, França, Argentina, México e Alemanha, só para citar cinco dos principais. 

RECIIS por quem escreve

Nesses 10 anos, a Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis), lançou 292 artigos originais, de 1.371 autores, sendo que desses, 9,7% são estrangeiros – basicamente de Portugal, França, Argentina e México, e 1.238 são brasileiros. Mas, são os autores brasileiros aqueles que mais se destacam no ranking dos cinco artigos mais acessados nos 10 anos da Reciis – veja abaixo:

A mídia em meio às ‘emergências’ do vírus Zika: questões para o campo da comunicação e saúde, de Raquel Aguiar (IOC/Fiocruz) e Inesita Soares Araujo (Icict/Fiocruz)
Nº de Acessos: 3.205 | Publicado no Volume 10, número 1 – Edição de Janeiro-Março/2016

Epidemia provocada pelo vírus Zika: informação e conhecimento, de Debora Diniz (UnB & Instituto Anis) & Luciana Brito (UnB & Instituto Anis)
Nº de Acessos: 2.316 | Publicado no Volume 10, número 2 – Edição de Abril-Junho/2016

A solução para o SUS não é um Brazilcare, de Isabela Soares Santos
Nº de Acessos: 2.079 | Publicado no Volume 10, número 3 – Edição de Julho-Setembro/2016  

A crise e a universidade, de Kenneth Rochel de Camargo Jr.
Nº de Acessos: 1.106 | Publicado no Volume 11, número 1 – Edição de Janeiro-Abril/2017

Saúde nas notícias das eleições de Goiás em 2014: mídia, agente social de saúde, de Simone Antoniaci Tuzzo e José Antônio Ferreira Cirino
Nº de Acessos: 423 | Publicado no Volume 10, número 4 – Edição de Setembro-Dezembro/2016

“Inclusiva e comprometida”

“Inclusiva” – esta foi a palavra que Adriano Maia dos Santos, coordenador do Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), encontrou para definir a Reciis. Ele é um dos autores do artigo “Percepção de gestores e enfermeiros sobre a organização do fluxo assistencial na rede de serviços de saúde”, publicado na revista científica do Icict. O texto é um estudo de caso no interior da Bahia, discutindo a organização de serviços de saúde, essencialmente defendendo a Atenção Primária à Saúde (APS) na rede local e regional. Maia afirma que “atualmente, muitas revistas negligenciam a produção local, sobretudo se forem pesquisas qualitativas e nordestinas. Muitos editores reproduzem o discurso hegemônico da produção internacional e da produtividade da Capes e acabam por desqualificarem as produções oriundas dos espaços "marginalizados", muitas vezes impedindo que o Brasil se expresse na sua diversidade territorial e os cientistas brasileiros conheçam realidades opacificadas pela mídia e pela própria ‘ciência’. O pesquisador destaca ainda que “a RECIIS, muitas vezes, tem feito o movimento contrário, e acolhe produções  ‘locais’, com respeito e dando espaço para divulgação do que se produz, também, no interior”. 

Já a professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e coordenadora do Laboratório de Leitura Crítica da Mídia, da Universidade Federal de Goiás (UFG), Simone Tuzzo, destaca a missão da Revista: “parabenizando a Reciis – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde pelos seus primeiros 10 anos, percebemos a sua importante missão de consolidar as áreas da comunicação e da saúde como campos imbricados e que, pela celeridade com que avançam e se modificam, exigem veículos da mesma forma atuais e comprometidos com o saber e a relação academia – sociedade”, afirma. A professora da UFG escreveu o artigo “Saúde nas notícias das eleições de Goiás em 2014: mídia, agente social de saúde”, junto com o pesquisador José Antônio Ferreira Cirino. Para a pesquisadora, uma palavra define bem a Revista: “Comprometimento”.  

Acesso aberto

A Reciis é uma revista eletrônica por excelência. Se há 10 anos investir em uma revista on-line poderia parecer algo distante, nada mais lógico para um Instituto que investe pesado em informação e comunicação em Saúde e que preconiza o acesso aberto como uma política de gestão. O primeiro passo já vem sendo feito que é indexação da revista nas principais bases de dados. Segundo Frederico Azevedo, editor executivo da Reciis, “um dos critérios de avaliação dos periódicos científicos é como é citada a revista, qual o fator de impacto que ela tem; por isso, as indexações são importantes, pois elas aumentam a visibilidade da revista”. 

Seguindo essa estratégia, a Reciis está indexada a bases de dados como a Lilacs – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; Latindex - Sistema Regional de Información en Linea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, Espanha y Portugal; DOAJ - Directory of Open Access Journals;, Portal de Revistas SEER, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict/MCTI; Ibict/Diadorim - Diretório de Políticas de Acesso Aberto das Revistas Científicas Brasileiras e a BVS Fiocruz, Biblioteca Virtual de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, dentre outras. 

Outro ponto que chama a atenção é que a revista possui boas avaliações no Qualis da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), como explica Azevedo: “dentro dos campos das áreas principais da Revista - que são Comunicação e Informação, e Interdisciplinar, ela têm uma boa classificação, respectivamente com notas B1 e B2, por exemplo”, ressalta. A meta, segundo o editor executivo é melhorar a nota B3 na área de Saúde Coletiva: “nosso objetivo agora é aumentar a nota da Reciis na área de saúde coletiva, mas para isso precisamos trabalhar mais”.

Há cerca de dois anos, a Reciis aderiu às mídias sociais, criando uma fanpage no Facebook, que atualmente tem 1.561 seguidores – um número modesto, mas que – segundo Azevedo – “já estamos nos mobilizando para aumentar”. A ideia do editor executivo da Revista é torná-la também uma referência nas mídias sociais, “mas, de uma forma gradual e consistente”, afirma.

RECIIS por quem edita

Editores científicos da Reciis falaram sobre o que representa e as perspectivas da revista científica do Icict. 

Carlos Saldanha, que foi editor científico entre 2007 e 2007, no editorial de março/2017 na Revista, destacou a necessidade dela se manter atual em todos os sentidos: “Movimentando-se nessa direção, a Reciis caminhará a passos largos para a atualização do papel que é seu desde a sua concepção original: constituir um dos principais veículos formais de comunicação científica ao reunir parte expressiva da produção mais representativa da sua heterogênea área de conhecimento e dar visibilidade e prestígio aos pesquisadores entre um público altamente especializado”. 

A ex-editora científica da Revista (de 2009 a 2013), Cristina Guimarães destacou a “conquista institucional” que a Revista representa para o Icict: “pessoalmente, vejo a Reciis como mais uma conquista institucional, tecida no âmbito de nossas inovações e ‘atrevimentos’, quando das estratégias para fortalecimento do ensino e pesquisa da Unidade. E hoje penso que ela já é, tanto para o PPGICS (o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde), como para a instituição como um todo, uma referência de e para nossa produção intelectual”. Ela também destaca que “juventude” da Revista e as suas perspectivas: “Pensando sob a perspectiva do sistema de comunicação cientifica, a Reciis ainda é um periódico muito jovem, e há um caminho a ser percorrido para sua consolidação, consolidação essa que envolve diferentes fatores e requer diversas estratégias, tanto no campo acadêmico como na gestão. Devemos nos orgulhar de ter criado um periódico inovador, orientado por políticas inovadoras. Nesse sentido, somos todos responsáveis por seu constante aprimoramento e crescimento”. Para enfatizar suas palavras, Cristina Guimarães utilizou uma palavra que, para ela, melhor define a revista: : “inovação”. 

Outro que fez questão de dar o seu depoimento sobre a Reciis foi o pesquisador Josué Laguardia, que foi editor científico da revista no período de 2009  a 2012, juntamente com Cristina Guimarães. Para ele, a Reciis “representa a interdisciplinaridade presente no trabalho de vários pesquisadores da Saúde Coletiva, incluindo os pesquisadores do Icict, oferecendo um espaço privilegiado para discussão sobre questões relevantes da Comunicação e, especialmente, da informação em saúde”. 

Laguardia, que também foi vice-diretor do Icict de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico, destaca a importância da Reciis na área informação em saúde, devido à redução das publicações do setor nas últimas duas décadas e que necessitava de um periódico especializado. Para Josué Laguardia, “a Reciis foi concebida tendo em vista este nicho. Por exemplo, enquanto várias revistas da Saúde publicam artigos com achados de inquéritos, a revista científica do Icict é o sítio de escolha para a publicação de artigos que tratem, por exemplo, de aspectos relacionados ao uso de questionários padronizados, à coleta de dados com o uso de equipamentos e de estratégias para avaliação de técnicas de entrevista. A interface entre informação e informática em saúde é outro exemplo de área de investigação que está incluída no escopo da Reciis”, afirma.

Ressaltando tudo o que falou sobre a Reciis, Laguardia não poderia escolher uma palavra diferente para definir a revista científica do Icict: “relevância”.

Os atuais editores científicos da revista científica do Icict, pesquisadores Rodrigo Murtinho e Christovam Barcellos, respectivamente, diretor e vice-diretor Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico, do Icict, e a pesquisadora Rosany Bochner, coordenadora do Serviço Nacional de Intoxicação Tóxico-Farmacológicas – Sinitox/Fiocruz, também falaram ao site do Icict (veja o vídeo): 

A comemoração dos 10 anos da Reciis acontecerá no dia 23/08, quarta-feira, a partir das 13h30, no Salão de Leitura Henrique Leonel Lenzi, da Biblioteca de Manguinhos, no IV Encontro Pré-ConfOA – Comunicação Científica, Integridade e Acesso Aberto. Neste dia, Kenneth Camargo (IMS/Uerj), Sarita Albagli (Ibict/MCTI) e Adeilton Brandão (IOC/Fiocruz) falarão sobre o tema do Encontro, com mediação de Igor Sacramento, do Laboratório de Informação e Saúde – Laces/Icict.
 

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