Uma conferência e uma câmera na mão: entrevista com Daniela Muzi

por
André Bezerra
,
01/03/2018

Por ocasião do lançamento de “O que nos move”, na internet, conversamos com a jornalista Daniela Muzi, que dirigiu o documentário. Ela é servidora da VideoSaúde Distribuidora e atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS).

Durante a 15ª Conferência Nacional de Saúde, Muzi esteve à frente da equipe de produção da VideoSaúde, que tradicionalmente registra atividades das Conferências de Saúde, bem como participa em diversas outras inserções no evento.

Em breve, a realizadora planeja realizar debate sobre o filme, em parceria com o Conselho Nacional de Saúde, e uma sessão de exibição durante o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, cujo tema será “Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia”, que acontece na Fiocruz.

Como foi o preparo e a participação na 15ª CNS?

A VideoSaúde tem uma tradição na participação das Conferências Nacionais de Saúde, temos em nosso acervo registros da 8ª até a 12ª Conferência Nacional de Saúde, além de outras conferências nacionais. Além da cobertura e registro das mesas e debates do evento, fomos com a ideia de acompanhar a atuação dos delegados com uma "câmera na mão". O filme se desenvolve a partir do dia de trabalho de cada um dos três personagens que seguimos. O roteiro estava em aberto, pois dependeria do desenrolar do dia de cada um, e ainda assim fomos surpreendidos por um fato histórico que aconteceu no meio da conferência.

'O que nos move' buscou trazer novos olhares sobre o evento. Quais foram esses olhares e como foi o envolvimento com os participantes convidados a serem acompanhados para o filme?

Buscamos mostrar a Conferência a partir dos bastidores e deslocamos o olhar da câmera para os delegados, em especial para os delegados do segmento de usuários do SUS. A intenção era mostrar que a conferência vai além das grandes plenárias e dos quatros dias em que é realizada. A conferência também acontece nos corredores, no horário do almoço do evento e se prolonga no dia a dia dos conselheiros, um árduo trabalho realizado com muita dedicação por eles. Dois dos três personagens foram contactados na fase de pré-produção do filme e foram parceiros da ideia desde o início, o terceiro personagem foi “descoberto” durante a filmagem. Enquanto acompanhávamos o conselheiro carioca Eronides Nicolau, fui abordada pela acompanhante de outro conselheiro, Alessandra Pajama, que escreveu na mão “Eu quero falar sobre falta de acessibilidade” e me mostrou em silêncio durante a filmagem. Li rapidamente e fiz sinal que gostaria de falar com ela. Pronto. Conversamos e eu tinha mais um personagem: Carlivan Braga, maranhense, cadeirante, conselheiro municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

O que mais lhe chamou atenção nesse processo de documentação? Como foi o trabalho de finalização e pós-produção?

Fiquei impressionada com a naturalidade com que os personagens lidaram com o fato de estarem sendo acompanhados por uma equipe de filmagem ao longo do dia. Está certo que se tratam de lideranças, pessoas habituadas em falar em público, mas ainda assim agiram com muita tranquilidade e desenvoltura, assim como os demais participantes da Conferência. Trata-se também de um sintoma da sociedade midiatizada, cada vez mais habituada com a presenças das mídias em suas vidas. Quanto ao processo de pós-produção, tínhamos a opção de realizar uma montagem paralela dos personagens, mas optamos por seguir a ordem natural dos acontecimentos e dividir o tempo de cada personagem de forma igualitária. O intuito era ser fiel aos acontecimentos e mostrar como uma conferência nacional funciona.

Foto: Graça Portela - Ascom/Icict

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