Tendência de interiorização aumenta e pode gerar mais pressão sobre grandes centros

por
Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz
,
04/05/2020

Os pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict) da Fiocruz detectaram, analisando dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma preocupante tendência à interiorização da epidemia de Covid-19, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do país. 

Apesar de a epidemia ter se propagado inicialmente em grandes metrópoles (fortemente conectadas por linhas aéreas nacionais e internacionais), nas últimas semanas 44% das cidades médias (20 mil e 50 mil) passaram a contar com casos de Covid-19 e a tendência é o crescimento de ciclos de transmissão em cidades pequenas, localizadas em grande parte no interior do Brasil.

De acordo com a nota técnica mais recente (4/5/2020) do Sistema MonitoraCovid-19 – desenvolvido pela equipe de pesquisadores do Icict/Fiocruz – a grande preocupação dessa tendência reside no fato de que “metade das regiões para onde a doença se difunde apresenta recursos de saúde abaixo dos parâmetros indicados para situações de normalidade”. 
“O avanço do Covid-19 em direção às cidades menores revela uma situação preocupante em razão da menor disponibilidade e capacidade de seus serviços de saúde. Isso direciona a busca pelo atendimento médico aos centros urbanos de referência para o tratamento da doença, o que tende a ampliar a pressão sobre os serviços de saúde nas grandes cidades. Esse já é um quadro preocupante em cidades polo, como Manaus, que atende não só aos moradores do município, mas também a pessoas vindas de um conjunto de pequenas cidades e vilas situadas ao longo de rios”, comenta Diego Xavier, epidemiologista do Icict/Fiocruz. 

Os dados do estudo do IBGE baseiam-se no conceito de Regiões de Influência das Cidades (Regic), que colocam os municípios em uma nova distribuição regional, de acordo com o relacionamento e o deslocamento entre cidades, provocado pela necessidade do atendimento à saúde. As Regics refletem a realidade das populações de cidades menores, que contam com pouco ou nenhum serviço de saúde pública, e que procuram regularmente o atendimento em outros municípios maiores e/ou com melhor atendimento. Leva em consideração, inclusive, o atendimento a pacientes de outros estados e até países (Bolívia e Paraguai).

O estudo do IBGE que utiliza esse novo conceito de distribuição regional dos municípios, intitulado REGIC-2108, teve seu lançamento antecipado para 7 de abril de 2020, com o objetivo de atender às necessidades urgentes de dados para a análise da evolução da epidemia de Covid-19. Entre os fatores levantados pelo IBGE para definir as Regics, estão a quantidade de leitos de UTI, de respiradores e de médicos na região. 

A Nota Técnica do MonitoraCovid-19 pode ser lida em: https://bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/nota_tecnica_4.pdf

 

Crédito

Imagem: Agência Brasil - Rovena Rosa 

 

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Assuntos relacionados

Ritmo do crescimento de mortes por Covid-19 aumenta em estados como Maranhão, Rio Grande do Sul e Sergipe

Com base no sistema MonitoraCovid-19, equipe do Icict lançou nota técnica mostrando o intervalo de dias em que os óbitos têm dobrado em cada estado

MonitoraCovid-19: ferramenta online permite monitorar avanço da epidemia no Brasil, dia a dia

Sistema desenvolvido pelo Icict possibilita comparar fator de crescimento entre diferentes municípios, estados e países

Covid-19: pesquisas da Fiocruz vão mapear hábitos da população brasileira durante o isolamento

Questionários online podem ser respondidos por qualquer brasileiro adulto, e buscam apurar mudanças no estilo de vida e seus impactos para a saúde

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

Logo acesso Aberto 10 anos logo todo somos SUS