VideoSaúde, 25 anos: a memória do audiovisual em saúde do país

por
Cristiane d'Avila
,
09/06/2013

Tânia Santos, chefe da VideoSaúde, fala sobre a trajetória de Distribuidora, onde trabalha há 20 anos

Ascom – Sua história profissional se intercala com própria história da Distribuidora, que faz 25 anos em 2013. Conte-nos como se deu essa trajetória.

Tânia Santos – Cheguei à VideoSaúde em 19 de abril de 1993 como bolsista de um programa para recém-formados, quando a Distribuidora era ainda um núcleo de vídeo. Entrei para cuidar do acervo, da preservação à divulgação. Naquele ano foi lançado o primeiro curso de aperfeiçoamento do Icict, Comunicação e Saúde, que comemora aniversário de 20 anos também este ano, e estávamos em fase de construção do Sistema Único de Saúde, que tem a mesma idade da VideoSaúde. Ou seja, começamos assim a pensar o conceito de comunicação no campo da saúde, em como dar voz aos variados atores sociais. Com esse objetivo, instalamos videotecas nas bibliotecas da Fiocruz no Rio e em outros estados, além de em algumas universidades federais, onde as pessoas podiam alugar vídeos sobre os mais variados temas de saúde, produzidos por organizações não governamentais e produtores independentes. Hoje temos hoje uma grande rede de videotecas, sendo que o maior acervo está na Biblioteca de Ciências Biomédicas.   

Ascom – Além do curso, que outras iniciativas surgiram?

Tânia Santos – Sim, várias. Começamos o processo de discussão sobre as tevês universitárias e nos tornamos um dos primeiros associados do consórcio de instituições que lançou a TV Universitária do Rio de Janeiro. Também montamos a primeira mostra de vídeos e de nosso grupo surgiu o Canal Saúde. Nosso objetivo sempre foi buscar a promoção da comunicação audiovisual para a saúde. Nesses 20 anos, participei do processo de criação de basicamente tudo o que é hoje a VideoSaúde. Por essa diversidade de projetos temos uma rotina muito rica, o que me mantém motivada mesmo após tantos anos de trabalho no mesmo lugar.

Ascom – Como foi montado o acervo da VS, que hoje chega a quase oito mil títulos?

Tânia Santos – Captamos produções de várias fontes. Há 20 anos nossos principais parceiros eram instituições de ensino ligadas ao governo federal. Então a maioria das produções dava voz a falas oficiais, do Estado, em longos documentários, de 40 a 50 minutos de duração. Quando chegamos ao início da década de 1990, esse perfil sofre mudanças com o crescimento das ong’s no Brasil, principalmente as voltadas a produções sobre doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, que recebiam financiamento externo. Os filmes tornam-se mais curtos, de 15 a 20 minutos, adotam linguagem diferenciada, o investimento em qualidade técnica é outro. Já nos anos dois mil observamos o surgimento das produções independentes, muitas optando por documentários sobre saúde. Essa é a riqueza e a importância de nosso acervo, pois a forma como foi se alterando ao longo dos anos reflete a própria história do filme documentário no país.

Ascom – Como se dá a captação na prática?

Tânia Santos – Assim que ficamos sabendo de alguma nova produção, vamos atrás, ou os produtores nos procuram para distribuirmos os filmes deles. Temos já essa rotina. De acordo com o que nos foi liberado pelo produtor, pela lei do direito autoral, fazemos a divulgação no YouTube, distribuímos cópias, ou exibimos nos canais de tevê com os quais temos convênio. Até o ano passado ainda fazíamos cópias em VHS para a Cruz Vermelha do Rio, que não tinha aparelho de DVD. Procurarmos atender todos e fazer com que o nosso acervo alcance o maior número possível de usuários, pois o Brasil tem realidades bem distintas. Hoje temos mais de três mil usuários cadastrados. 

Ascom – Podemos afirmar então que a VideoSaúde ao longo dos anos se empoderou  desse lugar de fala sobre saúde no campo audiovisual?

Tânia Santos – Realmente, a VS se tornou um pólo de referência na saúde. Possuímos o maior acervo do país em saúde pública, pois lutamos sempre para oferecermos à sociedade a produção audiovisual sobre saúde das mais variadas fontes, pautados sempre na polifonia, no dialogismo, no compartilhamento. Ou seja, além de Distribuidora, a VS se tornou um arquivo, um centro de documentação e de preservação da memória da produção audiovisual em saúde do país. Somos reconhecidos pelo Ministério da Saúde e por nossos parceiros e se observarmos a trajetória do próprio Sistema Único de Saúde, percebemos como a VS vem acompanhando e também ajudando a construir essa história, desde sua criação por Sergio Arouca até os dias atuais.
 

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Equipe da VideoSaúde
Mesa de abertura
Palestra da pesquisadora Aurea Rocha-Pitta
Platéia se emociona com depoimentos
Exposição comemorativa
Bolo em comemoração aos 25 anos
Exposição comemorativa
História dos 25 anos foi contada em forma de cordel
Tânia Santos, chefe da VideoSaúde - Distribuidora da Fiocruz

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Polo de guarda, produção e disseminação de materiais audiovisuais em saúde. Oferece, ainda, serviço de copiagem em DVD dos vídeos licenciados de seu acervo

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