Ministério da Saúde traça ações para a melhoria da qualidade de vida de idosos

por
Graça Portela
,
01/10/2012

Entrevista com a coordenadora da Área de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann.

Na última PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)/2011, foi divulgada (set/2012) que a população de idosos representa 12,1% da população brasileira (195,2 milhões de habitantes). Em 2010, os números do Censo já apontavam 7,4% de idosos. Segundo uma matéria publicada no site do Ministério, a sua coordenação 'terá como foco o envelhecimento ativo e linhas de atuação a promoção da saúde e a prevenção", além do "trabalho em rede e com forte articulação intersetorial".

De que forma a senhora pretende implementar essas mudanças?

Para que tenhamos uma efetiva atenção à pessoa idosa, no SUS, é muito importante que o cuidado oferecido se dê de uma forma articulada e com qualidade. O conceito de envelhecimento ativo emerge como modelo para as políticas públicas por ampliar o foco de atenção para dimensões positivas da saúde, para além do controle de doenças. Implica no processo de melhoria das oportunidades de saúde, participação e segurança de forma que o processo de envelhecimento aconteça com qualidade de vida. Pretendemos implementar esta proposta, na medida em que incluirmos nas diferentes redes de atenção, já constituídas e em processo de estruturação, no âmbito do SUS, as especificidades do envelhecimento e da atenção à saúde da pessoa idosa. Por exemplo, aproximar da rede de atenção psicossocial para implementar estratégias que considerem as peculiaridades da pessoa idosa na oferta de cuidado em saúde mental. Para o  desenvolvimento de ações intersetoriais, propomos a aproximação e o estabelecimento de parcerias com conselhos de direitos, conselhos de saúde da pessoa idosa, associações e representações do campo da geriatria e da gerontologia,  do controle social, além da aproximação com as diferentes políticas sociais, como assistência social, previdência, trabalho, educação, direitos humanos.

O Sistema Único de Saúde estaria preparado para receber a essa população? Quais os maiores problemas a serem enfrentados?

O Sistema Único de Saúde vem se preparando para acolher as questões as pessoas idosas desde 1996 com a publicação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, mas foi  em 2003 com o Estatuto do Idoso e com a revisão da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº2528/2006), lançando como prioridade do Pacto pela Saúde (2006), o tema da saúde da pessoa idosa, o que implicou na formulação de ações dirigidas a população idosa em todas as esferas de gestão.

Segundo dados do PNAD, 2008, mais de 68% da população idosa é usuária do Sistema Único de Saúde e vem sendo acompanhado pelas equipes de saúde da Atenção Básica em seu território.
É importante salientar que a  melhoria da qualidade de vida da população idosa está relacionada  a alguns programas desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, como  o Melhor em Casa (Atenção Domiciliar), Farmácia Popular:  “Saúde não tem preço” e as Academias da Saúde. Atualmente os idosos são visitados no domicilio e orientados pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família-ESF e dos Núcleos de Apoios de Saúde da Família- NASF, são oferecidos medicamentos essenciais para hipertensão, diabetes e asma de forma gratuita, além da disponibilização de fraldas geriátricas com 90% de subsídios do governo Federal.

O Sistema Único de Saúde tem também grande preocupação  em sensibilizar e qualificar os profissionais das redes de atenção por meio de cursos em envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Em parceria com a FIOCRUZ  já foram qualificados mais de 1.500 profissionais, além de oficinas de prevenção de quedas e violência, numa parceria também celebrada com as gestões estaduais e municipais, desde 2008.

No entanto, muitos ainda são os desafios do SUS, dentre estes destacamos as reformulações que a transição demográfica, pelo qual o Brasil passa, provocará nas políticas sociais. Estima-se que em 2025 o Brasil terá, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. Diante desse fato, o Ministério da Saúde deve buscar cada vez mais novas estratégias para que os idosos possam ter acesso e qualidade aos serviços prestados pelas redes de atenção à saúde com as peculiaridades que a população idosa requer, ou seja, é preciso que o processo de envelhecimento se de com qualidade, integrando ações e iniciativas intra e intersetoriais, além da participação da sociedade como um todo.

 

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