Abrascão 2022: Primeiro dia tem atividades sobre tecnologias digitais e o SUS

por
Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz
,
22/11/2022

Começou o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o Abrascão 2022, em Salvador. Mais de 5 mil pessoas de todo o Brasil e também da América Latina se reúnem na capital baiana para discutir o presente e o futuro da Saúde Coletiva no país.

Retomando o tema 'Democracia é Saúde', da 8ª Conferência Nacional de Saúde, de 1986, sociedade civil, pesquisadores, profissionais e militantes da saúde abordam até o dia 25 de novembro alguns dos caminhos para a garantia de direitos e um Sistema Único de Saúde com efetiva proteção da diversidade, equidade e justiça social.

As temáticas da comunicação e informação em saúde como o direito à saúde, proteção de dados pessoais e saúde digital estão presentes em diversos relatos de pesquisa ou experiência, além de mesas redondas, cafés geracionais e debates. A programação de todas as comunicações coordenadas está disponível no site do Icict.

Sessões científicas

No primeiro dia do evento, uma grande diversidade de atividades e discussões preencheu o Centro de Convenções de Salvador e foram iniciadas também as sessões científicas nos diferentes eixos temáticos do Congresso. Pesquisadores do Grupo de Informação em Saúde Envelhecimento (GISE), liderados por Dalia Romero, apresentaram em comunicação coordenada com alguns dos achados do artigo Idosos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil: efeitos nas condições de saúde, renda e trabalho, publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública. "A pandemia aprofundou os problemas de saúde dos idosos, como o abandono, e precisamos pensar melhores condições de proteção social", pontuou durante sua apresentação.

Outros trabalhos voltados à comunicação e a perspectiva dos usuários do Sistema Único de Saúde estiveram em pauta, com trabalhos de egressos do Programa de Pós-Graduação do Icict/Fiocruz, como Bruna Ribeiro, Adriano da Silva e demais coautores. 

Tecnologias digitais, democracia e o SUS

Uma das primeiras mesas redondas relacionadas à perspectivas da comunicação e da informação em saúde abordou as políticas tecnológicas no âmbito do Sistema de Saúde e contou com a presença do pesquisador em tecnologias digitais Sérgio Amadeu, da Universidade Federal do ABC. Com o título ‘Como direcionar as tecnologias digitais no SUS para participar da superação das desigualdades sociais e a ampliação da soberania dos bens de saúde e não para servir ao poder político-econômico nacional e transnacional?’, o debate mediado por Marcelo Fornazin (Ensp/Fiocruz) trouxe algumas perspectivas diferentes para pensar o tema.

O médico sanitarista Gileate Coelho Neto levantou três eixos importantes para uma agenda pública para a saúde digital no Brasil voltada para o enfrentamento das desigualdades e fortalecimento da cidadania: a proteção de dados e a democratização da informação, a transformação digital e um ambiente de inovação para o Sistema Único de Saúde. De acordo com o sanitarista, que atua no município de Recife (PE) e é doutorando em Saúde Coletiva da Unifesp, são propostas para um ciclo de saúde digital a favor do SUS, depois de apontar alguns dos problemas recentes em torno das fragilidades e negligências ocorridas no campo da proteção de dados de usuários do sistema e a falta de investimentos e políticas públicas para a área tecnológica do SUS.

Sergio Amadeu aprofundou a questão trazendo uma crítica às estratégias e doutrinas da saúde digital do ponto de vista da saúde baseada em valor. “Nós estamos em um cenário de conversão de tudo em dados, a datificação”, explicou. Para ele, um dos grandes desafios da saúde digital no Brasil é a forte tendência de plataformização, como já vem ocorrendo em outras esferas da sociedade nos setores da economia e do trabalho. Nesse processo, com a digitalização e datificação das informações geradas diariamente pela população conectada ou usuária de serviços, setores do mercado utilizam técnicas avançadas de inteligência artificial e aprendizado de máquina para a extração de padrões e desenho de tendências de consumo.

Clarissa Marques Santos França, da Coalizão Direitos nas Redes, completou o debate reforçando alguns dos pontos defendidos pela sociedade civil, como a garantia da proteção de dados e a neutralidade da rede. Para ela, mesmo com algumas tentativas atuais de uso cidadão das tecnologias, não necessariamente estamos caminhando para superar as desigualdades sociais, e um dos principais entraves é a própria desigualdade no acesso à internet. “Como discutir soberania e inovação sem discutir uma estrutura pública para a saúde digital?”, destacou, propondo mecanismos de proteção e atualização tecnológica em âmbito próprio no SUS.

Na terça-feira, 22/11, o Abrascão também debateu o tema na mesa-redonda ‘Saúde Digital pode ser uma ameaça ao SUS?’, com Leonardo Castro, da ENSP/Fiocruz Clarissa França, da Coalizão Direitos na Rede, Raquel Rachid, da EFA 2030 Fiocruz, e Rafael Evangelista, do Comitê Gestor da Internet da Unicamp. Acompanhe a cobertura do Icict no 13o. Congresso de Saúde Coletiva no site e em nossas redes sociais.

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Assuntos relacionados

Icict no Abrascão 2022

Evento acontece entre os dias 19 e 24 de novembro, em Salvador (Bahia) e receberá pesquisadores nacionais e internacionais

Núcleo de Pesquisa do Icict participa de atividades na Bahia

O Nippis/Icict/Fiocruz estará em debates sobre extensão universitária e reabilitação intensiva domiciliar, nos dias 22 e 23 de novembro

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

logo todo somos SUS