Bancos de leite humano: tecnologia da Fiocruz é referência mundial

por
Cristiane d'Avila
,
16/07/2012

A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH/Fiocruz) incentiva a cooperação internacional, com o objetivo de formar multiplicadores e viabilizar a transferência da tecnologia de Bancos de Leite Humano a outros países. A iniciativa, de grande impacto na diminuição das condições adversas de saúde de grupos populacionais e em situações especiais de agravo, particularmente para recém-nascidos de baixo peso, tem forte impacto para o cumprimento dos objetivos do milênio da Organização Mundial de Saúde (OMS), no que diz respeito à redução da mortalidade infantil com ênfase no componente neonatal. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 160 mil doadoras, e a rede brasileira atende mais de um 1,4 milhão de mulheres. Em 2011, 175 mil recém-nascidos prematuros foram beneficiados com leite humano ordenhado.

A implantação de um banco de leite humano inclui a transferência de conhecimento do processo biológico da atividade, que se refere ao funcionamento do banco propriamente dito. Mas há uma outra etapa que diz respeito à implantação do sistema de informação e gestão de bancos de leite humano. Esse sistema, desenvolvido no Icict e em funcionamento nos 208 bancos de leite humanos brasileiros, como também em outros países para onde a tecnologia foi transferida, fornece dados sobre o banco e auxilia o gestor a administrá-lo.

A base de dados, que atualmente recebe mais de 19 mil consultas ao mês, permite aos gestores da rede orientar o Ministério da Saúde (MS) sobre os locais onde a ação ‘banco de leite humano’ pode ser mais resolutiva, contribuindo para a redução dos índices de mortalidade neonatal, o que vai ao encontro dos objetivos do milênio no item referente à mortalidade infantil, no qual o MS precisa atuar.

Um exemplo do reconhecimento da importância do trabalho da Rede BLH foi a recente publicação de um artigo no jornal inglês The Guardian. O artigo “Western donors could learn from Brazil's new brand of development aid” elogia o modelo de cooperação sul-sul do Brasil, baseado na transferência de experiências bem-sucedidas, de baixo custo e aplicáveis em países com as mais distintas culturas e contextos socioeconômicos, apontando como iniciativa exitosa na área de saúde a experiência dos bancos de leite.

Em nome da Rede BLH, o coordenador do Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (Iber-BLH/Fiocruz), João Aprígio Guerra de Almeida, parabenizou a todos pelo reconhecimento internacional. “A alegria coletiva gerada por esta mensagem é enorme. Insisto que este avanço só tem sido possível pelo apoio e parceria com a Divisão de Projetos da Aisa do Ministério da Saúde, a Agência Brasileira de Cooperação e a Fiocruz – Instituto Fernandes Figueira e Icict – e todas as demais instituições que integram esta grande construção coletiva que é a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano”.

Pela importância da iniciativa, o Conselho do Mercado Comum do Mercosul aprovou em 28 de junho a recomendação nº 08/12 , que define o dia 19 de maio como Dia de Doação Voluntária, Gratuita e Altruísta de Leite Humano. O documento foi firmado durante reunião realizada na cidade de Mendoza, na Argentina. A decisão ocorreu porque os estados participantes entenderam que as ações em saúde durante os primeiros meses de vida são essenciais para o desenvolvimento e o crescimento das crianças, repercutindo positivamente a curto, médio e longo prazos na saúde de toda a população. A promoção, proteção e apoio à lactância materna são ações essenciais para a diminuição da mortalidade infantil.

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